Vitória 20/02/2023
Ella Maise é a autora que, antes mesmo de ler qualquer coisa dela, eu já tinha todos os livros físicos publicados em português na minha casa, tudo culpa da dona charme. Ela me foi muito indicada por eu ser uma cadelinha de slow burn e Mariana Zapata, mas me disseram pra não ir com muita sede ao pote. Sei que o mais famoso e elogiado dela é o casamento para um, mas decidi começar por esse pra depois ir só melhorando, e confesso que deu certo.
Primeiramente eu tenho uma reclamação à fazer, que influenciou um pouco na minha experiência: essa capa é muito enganosa. Não costumo ler sinopses antes de começar os livros, no máximo dou uma olhadinha nas tropes, mas nem isso fiz aqui, então imaginem a minha surpresa ao descobrir que esse negócio, com duas pessoas claramente maiores de 30 anos na foto da capa, era um new adult. Não sou a maior fã desse tipo de história, na maioria das vezes eu até evito, então isso fez com que eu ficasse alguns capítulos travada na leitura, esperando que algo me desagradasse, mas a escrita da Ella se revelou tão envolvente que isso acabou perdendo a importância com o passar do tempo.
O início da narrativa é incrível, eu amei ela ter começado tudo com o Dylan falando que, da primeira vez que ele viu a Zoe, ele estava com o pau de fora. Não há ser humano, leitor de hot, que veja essa primeira frase e não fique interessado em saber no que vai dar o romance desses dois. Ela também deixa alguns mistérios durante o livro, que confesso que foram até que fáceis de adivinhar pra mim, mas que deixam a leitura mais interessante porque a gente quer saber como os personagens vão reagir quando isso tudo vier à tona. Em certo momento as coisas ficam muito pesadas, e aqui eu fui pega de surpresa porque não estava esperando por algo tão intenso (principalmente a cena da biblioteca e todo o plot envolvendo a amiga da Zoe, chegou a ser um pouco de gatilho pra mim), mas a autora sabe tratar de todos esses assuntos com muita responsabilidade, e a gente vê que a forma com que cada um dos personagens reage a essas situações é muito verdadeira, era quase como se ela estivesse falando de pessoas que eu conhecesse.
Os protagonistas são muito carismáticos. O Dylan é o típico boy cadelinha pelo qual eu caio de amores na página 3, e aqui não foi diferente. A forma como ele cuida da Zoe, se preocupa e batalha com todas as suas forças por ela é linda. Já a Zoe é a menina tímida que, ainda que não seja parecida em nada com o meu jeito explosivo, eu consegui me identificar demais. Dá pra ver que ela é uma personagem completa, com muitas camadas, e que a autora dedicou tempo à sua construção. O slow burn é dos bons, apesar de não ser no nível Mariana Zapata em que eles se abraçam na página 500. O Dylan é um safado, então a gente é agraciado com cantadas, pequenos toques e todo tipo de momentos que as loucas por slow burn são apaixonadas. As cenas hot são ótimas, bem acima do nível pro que eu geralmente espero de uma autora gringa.
Já deu pra perceber que o livro é excelente, só tirei meia estrela da nota porque senti que o grande plot final precisou ter um draminha estilo novela mexicana pra conseguir ter o impacto que ele teve, coisa que eu geralmente sinto em romances new adult e costumo chamar de xovem sendo xovem. Tudo poderia ter sido resolvido com uma simples conversa, como de fato foi? Sim, mas a bonita da Zoe precisava fazer o draminha dela, passar meses na depressão chorando pelo boy, e só falar com ele tempos depois. Entendo que isso foi algo necessário pra narrativa, mas continua difícil de engolir. De qualquer forma, foi um primeiro contato maravilhoso com as obras da autora, e espero gostar mais dos romances adultos dela.