spoiler visualizarTati 08/04/2023
John Green em sua forma mais pura
Esse é um livro construído de uma forma muito diferente de todas que já li. Não é fictício, nesse o autor dá sua opinião em diversos temas, conta algumas de suas experiências durante a pandemia do COVID-19, lembranças, pontos de vista, conta curiosidades, sempre buscando demonstrar suas aflições durante o período de quarentena e quais suas estratégias para conseguir se manter são. Levando em conta que John Green é diagnosticado com TOC e ansiedade, já teve depressão, é interessante ler como a mente dele funciona e como ele conseguiu lidar com isso em um contexto que ninguém estava preparado para passar.
?Faz dias que meu cérebro não me deixa concluir um pensamento, interrompendo-o constantemente com preocupações. Até as minhas preocupações são interrompidas - por novas preocupações ou facetas de velhas preocupações que eu não tinha considerado antes. Meus pensamentos são como um rio transbordando de suas margens, agitado, turvo e incessante. Eu gostaria de não sentir tanto medo o tempo todo - medo do vírus, sim, mas também um medo mais profundo: o pavor da passagem do tempo; e de passar junto com ele? (pág. 136).
Cada capítulo trata de um assunto aleatório do dia-a-dia do autor, desde cachorro-quente, a maior bola de elástico do mundo, histórias de sua juventude na faculdade, e em cada um deles o autor traz alguma reflexão/pensamento para o leitor. Ele também sempre deixa anotado as fontes e de onde tirou cada informação, é como se fosse um grande bate-papo mas sem uma segunda pessoa. O livro é de fato baseado em um podcast, e realmente dá pra sentir essa vibe durante a leitura, é algo bem informal e bem descontraído, mas com algumas mensagens muito boas durante todo ele.
Eu particularmente sempre gostei muito da forma de escrita do John Green, já li vários livros deles e gostei muito da grande maioria. Foi muito gostoso ler mais um livro com a narrativa dele, dessa vez não ficcional, com uma perspectiva mais informal, como se fossemos amigos conversando na mesa de um bar ou num café. Não é um livro que me marcou tanto, mas foi uma boa leitura.
"A complicada interação entre o assim chamado físico e o assim chamado psicológico nos lembra de que a dicotomia entre mente/corpo não é só exageradamente simplista, é uma bobagem completa. O corpo está sempre decidindo o que o cérebro vai pensar, e o cérebro está sempre decidindo o que o corpo vai fazer e sentir. Nosso cérebro é feito de carne, e nosso corpo tem pensamentos.? (pág. 199).