spoiler visualizarGabriel 19/10/2021
Sensível
O livro começa com um verdadeiro soco no estômago: o pai da criança que Yago carrega no ventre não quer assumir a paternidade. A angústia, no entanto, se esvai aos poucos, e isso é o que torna o livro de Ariel valioso.
Mesmo que seja uma história que nos diz que sempre haverá quem nos apoie - seja familiares ou amigos -, a narrativa não apresenta essa mensagem de forma apressada. Importa mais a jornada psicológica de Yago em reconhecer as contradições de que 1. por mais que ele queira - e não entenda o motivo de querer - que o pai biológico de seu bebê tome a responsabilidade, isso dificilmente acontecerá e que 2. uma vez que ele não quer a aproximação desse mesmo homem, não quer dizer que não há quem o apoiará nessa jornada.
Entendo que a relutância em receber a ajuda de outras pessoas vem do fato de que, já nesse turbilhão que é uma gravidez, Yago quer que Raví, sua amiga mais próxima, seja mais do que apenas isso. E a possibilidade de não ter Raví por completo é que faz pensar que precisará tomar as rédeas sozinho. Felizmente, o livro nos mostra, de forma gradual, natural e sensível, que isso não é verdade, e que os afetos - paternais, amorosos, enfim, afetos de amor - se revelarão num verdadeiro apoio quando necessário.
É um livro sobre amparo, e eu me senti aconchegado ao lê-lo.