Jadiael.Viana 20/03/2022
Inquietante
Uma história que eu tive a honra de conhecer ainda durante o processo de escrita. Com uma linguagem única, os livros da Eliza Edgar já nascem clássicos. Longe de um conto de fadas, com juras de amor eterno e aqueles finais felizes que nos arrancam os mais profundos suspiros, a trama de Fogaréu desnuda a alma do ser humano em toda a sua crueza.
Habitantes de um mundo marcado pela crueldade e o barbarismo — o nosso mundo — os personagens principiam o enredo como telas em branco. No violento pincelar de suas naturezas, aos poucos, eles vão se transformando em criaturas asquerosas; receptáculos da mágoa, do ódio e do rancor.
Ao vê-los passar das mãos do Ernesto para o açoite igualmente impiedoso da vida, eu, muito culpado, me senti na obrigação de torcer pelo amor incestuoso dos gêmeos Adelaide e Abelardo, pois foi a única luz que se atreveu a brilhar no meio desse universo de trevas, destruição e caos. De qualquer forma, o alívio durou pouco, pois o destino aqui não sorrir para nem um dos personagens.
Em suma, praticamente um resumo do resumo, aquele apanhado bem básico, é um livro inquietante, de natureza perturbadora. A cada virar de página, a história vai testar todos os limites da sua resistência emocional, espiritual e psicológica, reduzindo teus nervos de aço a meros frangalhos. Logo, se você não tem estômago pra isso, pelo amor de Deus, não leia. Eu estou traumatizado.