Lusia.Nicolino 26/03/2022
Um livro emocionante
O título me intrigou. Não conhecia o autor e comecei de forma despretensiosa. Não esperava chorar com o final. São duas histórias paralelas que ocorrem em torno de um acontecimento real do dia 11 de março de 2001: a destruição das estátuas dos Budas de Bâmiyân pelo Talibã.
Na primeira delas vamos conhecer Yûsef, um afegão carregador de água. Tinha sonhos mais ambiciosos, mas herdou a profissão do pai e carregou o mundo em suas costas, quer dizer, em seu odre de água. Água sem ódio, mas até quando?
As histórias não são paralelas apenas em seu formato narrativo, elas de fato nunca se cruzam, mas estão entrelaçadas. Enquanto Yûsef corre de um lado para o outro, Tom (ou Tamim) é nosso protagonista da segunda história. Afegão, exilado na França há muitos anos, corre tempo entre Paris, onde vive com sua esposa e filha, e Amsterdã onde vai a trabalho e em busca de um futuro que... será que chega? Vidas marcadas, vidas contadas por Rahimi de forma memorável. Imperdível.
Quote: "Com o barulho dos passos de Yûsef, levanta a cabeça, depois tira seus óculos para acolhê-lo com um suspiro, perguntando-lhe, como toda vez, sobre a colheita de suas pegadas. Pois, segundo a lenda que ele havia lhe contado, os rastros de cada homem são espalhados sobre a terra em seu nascimento. E o homem, a partir do dia em que começa a andar, colhe-os a cada passo, até o dia em que colhe o último, e é o fim, a morte."
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