O dedo da santa

O dedo da santa Jaime Azevedo




Resenhas - O dedo da santa


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Ariadne 30/01/2024

Onde a maioria das histórias pós-apocalípticas são centradas em um mundo futurista norte-americano, acredito que o maior trunfo do autor tenha sido abordar o apocalipse de um novo jeito, por assim dizer.

A trama do livro se passa em uma cidadezinha do interior do Brasil Colônia, e aqui nessa versão, o Brasil foi colonizado pela Espanha 👀 (o livro já me ganhou aqui aliás)

Se já é muito difícil sobreviver ao fim do mundo com todo o aparato tecnológico de hoje, que dirá em uma época em que as pessoas morriam pelos motivos mais bestas do mundo?

Junte isso ao fanatismo religioso (e ultra católico da época) e a receita do desastre está prontinha!

O livro já começa em um clima claustrofóbico absurdo ao mostrar um grupo de mulheres vivendo isoladas em um buraco na terra. Elas são lideradas pela Madrinha, uma figura misteriosa e única pessoa capaz de lhes garantir um pouco de alimento.

Os homens sobreviventes vivem isolados delas, em uma espécie de cativeiro e servem unicamente para o propósito de repovoar a terra.

Conforme a história avança, é claro que o ser humano vai mostrar que é de fato a maior praga que já pisou nesse planeta.

O medo e o isolamento piram qualquer um, mas a gente sabe, infelizmente, que existem pessoas que continuaram a destilar seus preconceitos (e ser hipócrita) mesmo que ele morra junto no processo.

Foram vááários os momentos em que passei muita raiva, tanto pela burrice de certos personagens, tanto por essa mesma burrice ser tão bem escrita HAHAHAHA

Quando cadastrei a leitura no skoob, me deparei com a resenha da @reginamorgann e não poderia concordar mais com ela. De fato, o homem é o lobo do próprio homem!

Ps: amei a hipocrisia religiosa sendo exposta pela figura mais improvável (dentro da história tá, porque pra mim ela era a melhor coisa ali 🙏🏻).


site: https://www.instagram.com/p/C2IiQs9v6VH/
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Ismael.Chaves 17/10/2023

Folk horror pós-apocalíptico?
Muito já se escreveu sobre o fim do mundo e pós-apocalipse, em cenários futuristas reduzidos a ruínas e poeira radioativa. Mas, e se o mundo tivesse acabado muito antes? Digamos, no período pós-descobrimento do Brasil?

Sem armas tecnológicas e sem a noção do mundo moderno que conhecemos hoje?

Nada restou, além de um buraco embaixo da terra onde vive um grupo de mulheres lideradas pela Madrinha, em um culto à uma misteriosa entidade que lhes fornece vegetais e animais frescos. Os poucos homens sobreviventes (soldados portugueses, e espanhóis, escravos negros e indígenas) são mantidos reféns num calabouço e sua única função nesse Novo Mundo é servir aos estranhos propósitos da Madrinha em repovoar a Terra. E é aí que coisas sinistras acontecem e o fim parece estar próximo...de novo.

Essa é a premissa de "O Dedo da Santa", de Jaime Azevedo.

Escrita antes da pandemia, a obra consegue abordar o isolamento social de forma muito interessante, demonstrando como a falta de recursos e o medo do desconhecido podem ser muito mais perigosos que o apocalipse em si. Afinal, basta haver seres humanos para que o egoísmo, a ganância e a violência causem um verdadeiro caos.

E se essa mistura de Distopia e Horror por si só já renderia uma obra aterrorizante que dialoga com o momento atual, Jaime produz cenas verdadeiramente antológicas, de revirar o estômago e perturbar os leitores mais sensíveis.

"O Dedo da Santa" é o terceiro volume da Coleção Dragão Negro. Editado por Raphael Fernandes e Cirilo S. Lemos, o projeto também conta com os livros "Carniça" de Paula Febbe, "Claroscuro" de Oscar Nestarez, "O Receptáculo" de Larissa Prado, "O Que se Esconde nas Estrelas" de Marcelo A. Galvão e "Estação das Moscas" de Cirilo S. Lemos.
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Marcos Ogre 26/12/2021

Breve comentário sobre "O dedo da santa"
O livro traz algumas várias boas ideias, mas a forma como as amarra é pouco convincente. A proposta da coleção (diga-se de passagem, um pouco esnobe) de emular o pós-horror cinematográfico se perde aqui, tendo sido cozida em doses excessivas de frases feitas e um pouco forçadas de uma militância superficial (e, decididamente, anacronica) e um gore descontrolado. No entanto, se não se leva a leitura tão a sério, pode ser bem divertida. Azevedo manda muito bem na descrição de cenas cruéis, seu domínio narrativo sobre a dor e a angústia são as maiores qualidades da obra. E, vale dizer, o final é interessante.
Jaime.Azevedo 26/12/2021minha estante
Eu vou pedir pela sua alma junto à Santa, infiel! ;) Valeu pela leitura atenta e pela resenha rigorosa!


Marcos Ogre 13/05/2022minha estante
Não desista de mim, quero ler ainda muita coisa sua! Hahhaa




Regina 29/11/2021

Árvore da Vida?
Difícil expressar o que sinto ao ler Jaime Azevedo e menos ainda escrever algo descente sobre a experiência de leitura. O deslumbre sempre toma conta quando me deparo com suas concepções.

Jaime não se situa no lugar comum, na linearidade, não é objetivo e nada do que entrega é escancarado. O leitor que lute pra preencher o que "acha", entre aspas mesmo, porque tudo que o autor quer mostrar está ali e acredito até que de modo subjetivo, de camadas, easter eggs e um mundo simbólico que explica mais que qualquer palavra. Digo isso como elogio² e dos maiores. Com Jaime a viagem tem sempre um destino incerto e não há nada melhor que aguçar nossa mente e ser surpreendido!

Além do gore, há uma crítica social e étnica fortíssima nessa história, fala da posição e do olhar feminino perante a sociedade; desconstrói a fé, os modos e a moralidade. E ainda assim o sarcasmo de algumas cenas, em meio as tragédias, nos tira risos involuntários.

O Dedo Da Santa já começa com uma cena espetacular, ficamos presos na arapuca descritiva muito sangrenta e WTF?
A narrativa claustrofóbica confina mulheres e homens após algo (ainda) inexplicado que dizimou a população e os levou para baixo da terra, tipo uma caverna sem saída. Estão sob o jugo de uma anciã denominada "Madrinha" que manipula esses sobreviventes para que a espécie humana seja perpetuada. Porém, certo dia ocorre um pequeno imprevisto que desencadeia uma série de revelações arrebatadoras.

Já ouviram a máxima "? ????? ?? ? ???? ?? ?????," do filósofo Thomas Hobbes? Me lembrei demais dessa frase durante a leitura. Não há cenário distópico mais aterrorizante do que perceber um homem vivo nessa paisagem. E se você estiver confinado junto dele, se cuide! Com poucos personagens, Jaime mostra a face desumanizada do homem através de atitudes selvagens e hipócritas até mesmo quando se trata de salvar a própria espécie. O se humano é capaz de devorar não só a si mesmo e aos outros e tudo gira em torno do alimento que provê a vida que vive para devorar.
Jaime.Azevedo 30/11/2021minha estante
Que Santa Cunegunda a cubra de bençãos, irmã




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