Memória para o esquecimento

Memória para o esquecimento Mahmoud Darwish




Resenhas - Memória para o esquecimento


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Vinder 13/01/2024

Escritor de origem palestina conta o episódio conhecido como ?cerco de Beirute?, em agosto de 1982. De forma poética, característica de Darwich, a narrativa é triste e pesada, como a guerra.
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Dudu Menezes 22/11/2023

A poesia também é uma forma de resistência
Chego ao final da leitura de Memória para o Esquecimento, do poeta palestino Mahmud Darwich, com um buraco no meio do peito.

Quem entende melhor o que se passa na Faixa de Gaza do que os exilados da Nakba - a grande catástrofe que levou centenas de milhares de palestinos a um processo de êxodo forçado, em 1948?

Neste livro, o poeta se torna, também, um historiador. Narra o cerco israelense à Beirute, em agosto de 1982. E, ao fazer isso, nos transporta para o meio do bombardeio à cidade libanesa, que havia se tornado um lar para muitos daqueles que foram proibidos de viver em suas próprias terras, depois de uma imposição da ONU para divisão do território palestino em dois Estados.

De lá para cá, o lobby pela imigração judia para as terras palestinas só fez aumentar o ódio entre colonizados e colonizadores. A ocupação militar, permanente, de Israel alimenta o desejo de vingança das organizações políticas e militares palestinas, levando seus líderes a se refugiarem em diferentes países.

Foi o que aconteceu em 1982, quando Israel saiu à caça de lideranças da resistência palestina, no Líbano, ceifando a vida de muitos civis, tal qual acontece nos dias de hoje, depois que mais um triste capítulo dessa história foi escrito, em outubro deste ano, com o ataque terrorista do Hamas à Israel.

Mas e sobre o terrorismo promovido pelo Estado de Israel quem ousa falar? Darwish! Ele nos conta sua epopéia ao se deslocar entre a sala e a cozinha, do seu apartamento, para preparar uma café - mesmo que fosse o último - enquanto o prédio em que vivia estava cercado pelos bombardeios do exército sionista. E ele sai às ruas! É questionado por jornalistas norte-americanos sobre o que estaria escrevendo durante a guerra. "Estou escrevendo o meu silêncio", responde.

Mas o silêncio de Darwich fala. Denuncia. Grita! "Eu ainda não morri. Tenho arrastado minha sombra por essa calçada nos últimos dez anos, colocando uma assinatura no meu exílio".

"Chega! Vamos sair! Dissemos que sairíamos, então por que esse delírio infernal? Chega dessa demonstração desenfreada de força!"

"Se chorei? Eu sangrei o sal líquido, o sal das sardinhas que têm sido o meu único alimento há dias"
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GIPA_RJ 28/05/2023

A Palestina segundo o poeta
Esta foi a primeira vez que li um livro sobre a causa Palestina e sua sua sofrida luta pela liberdade.
Escrito por um grande poeta da nação em prosa poética , chegou a encantar o leitor que vos fala , contudo mostrou-se muitas vezes de difícil compreensão.
Transcrevo abaixo um diálogo que marcou , entre um amadoresco jornalista americano e nosso poeta palestino:
(...) " Ele veio de Nova Iorque só para nós assistir.(..)
-Como você está se sentindo?
-O oposto de você .
-O que quer dizer?
-O que você quer dizer ?
-Vocês vão reconhecer Israel?
-Não.
O doutor foi convidado pela liderança para participar da formulação de expressões legais vagas para contornar esta pergunta que acompanhava o bombardeio. Expressões vagas em relação às resoluções das Nações Unidas . Era exigido da vítima que admitisse o direito de seu assassino de matá-la , e dos enterrados sob os escombros que declarassem a legitimidade de terem sido massacrados. Não era a oportunidade certa para este tipo de estupro político , tanto quanto era para o sadismo em forma de esquadrões aéreos. Pela primeira vez na nossa história , nossa ausência era condicionada ànossa presença total. A presença para fazer a própria ausência , para pedir desculpas pela ideia de liberdade , e admitir que nossa ausência é um direito que concede ao Outro o direito de decidir sobre nosso destino. O outro ,.presente com todos os seus instrumentos de matança , exige nossa presença por um tempo , para anunciar seu direito de nos empurrar para a ausência total.
- Por que exigem de nós este reconhecimento agora?
-Para a segurança deles e a do mundo.
-Um homem se afogando não precisa cuidar para que a água continue a fluir. Um homem em chamas não precisa cuidar para que o fogo continue aceso. E um homem enforcado não precisa garantir a firmeza da corda."
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Monique | @moniqueeoslivros 27/12/2022

Dhakira lil-Nisyan
{Leitura 52/2022 - ?? Líbano}
Memória para o esquecimento - Mahmud Darwich

Fronteiras. Bordas que dividem sutilmente e que são com frequência passadas e ultrapassadas. Pra mim, as fronteiras são o que mais saltam aos olhos na leitura desse livro.

A história se passa em um único dia em Beirute, durante o bombardeio israelense. O personagem-narrador, que também se chama Mahmud, deseja apenas chegar até a sua cozinha para fazer um café. Mas as bombas não dão trégua para que ele possa passar do seu quarto à cozinha.

Memória para o esquecimento nos conta um pouco sobre a história da Palestina, sobre os refugiados e sobre a guerra que mata sem distinção. É a visão de alguém de dentro, que nos compartilha, generosamente, a sua visão de mundo.

E como disse, esse é um livro sobre fronteiras. Mais do que as fronteiras físicas da guerra, há várias outras bordas ali. Mahmud Darwich foi (e ainda é, mesmo depois de sua morte) considerado o "poeta nacional da Palestina". Portanto, o seu texto é poesia, ainda que não esteja em versos. E além disso, há uma espécie de colagem, com citações, artigos, poemas citados... Enfim, está ali a fronteira do gênero. E por fim, a borda mais conhecida na literatura: a tensão entre amor e guerra. Eros e Tânatos.

Um texto poético, histórico e que incomoda em alguns momentos. Um texto que "brinca", indo de uma margem à outra. Um texto que escancara e questiona fronteiras. Todas elas.
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Gabi 06/11/2022

Em junho desse ano na Feira do Livro que rolou no Pacaembu conheci a editora Tabla, especializada em literatura do Oriente Médio.
Darwich é considerado um dos maiores escritores de língua árabe.
Em Memória para o esquecimento ele traz o relato de um único dia de 1982, durante o bombardeio israelense a Beirute.
A narrativa é em prosa mas com muitos trechos poéticos e de citações que te mergulham no cerco vivido por ele.
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LETRAS e VEREDAS 23/12/2021

A VOZ QUE ENCARNA O EXÍLIO PALESTINO
Mahmud Darwich é o grande poeta da Palestina e da literatura de língua árabe. A sua poesia ecoa a voz do povo palestino em suas lutas pela existência. Sua escrita evoca as fraturas e amarguras do exílio. Mahmud Darwich é um poeta que consegue persuadir a esperança florescer dos escombros.

Para se ter dimensão da grandeza desse fascinante poeta, Mahmud Darwich é o autor da Declaração de Independência Palestina, escrita em 1988 e lida por Iasser Arafat, durante a criação do Estado da Palestina.

Memória para o esquecimento retrata um dia de agosto de 1982 durante a invasão israelense ao Líbano. Num céu assolado por aviões que despejam bombas na cidade de Beirute, Mahmud Darwich reflete sobre a realidade dos palestinos exilados no Líbano, os amores que cruzaram a sua vida, o papel da poesia em tempos de guerra, os dilemas dos combatentes da Organização para a Libertação da Palestina.

A escrita de Mahmud Darwich é fascinante porque despreza as fronteiras entre a prosa e a poesia. Seu texto inclassificável demole as fronteiras temporais e espaciais. O mundo de Mahmud Darwich é um tumultuado diálogo entre o universo do vivido e o universo do onírico e das reminiscências.

Mahmud Darwich nos ensina a compreender que uma época escrita pelas ruínas da guerra nunca "é tempo de amor. É tempo de um desejo fugaz, quando dois corpos efêmeros cooperam para afastar uma morte passageira com outra morte: a morte adocicada".

Memória para o esquecimento é um livro esplêndido, dotado de uma sensibilidade poética que nos restitui a noção de que todo desterro é uma Palestina que sangra dentro de nós.
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Bruno Oliveira 05/12/2021

A VOZ SOLITÁRIA QUE É, AO MESMO TEMPO, A VOZ DE UMA NAÇÃO INTEIRA
Há livros que levam um bom tempo até mergulharmos de vez neles; e há, também, uns que quase nos afogamos de cabeça e, claro, há outros que só conseguimos tocar a superfície do que nos é dito, explicado e/ou sugerido. Este Memória para o esquecimento, de Mahmud Darwich é, ou não, um desses. Uma prosa poética que trata do cerco à Beirute nos meados do século passado, ou melhor, uma prosa poética que trata do caso da Palestina como um todo é assunto conhecido de “já ouvi falar” de muitos aí e, por isso mesmo, poucos, muito poucos, o entenderão como se deve. O assunto, o tema é muito fechado, de um grupo muito fechado que, mesmo com esta ótima tradução e ótimas notas de rodapé que auxiliam (em alguns pontos, não em todos) o leitor perdido nesse mar de diversos símbolos, personagens e neuras do poeta, esses, porém, não são suficientes para o leitor “passageiro” abarcar o todo que o poeta quis nele oferendar. O mar, o caracol e o ato de fazer, passar um café é até assimilado, mas muitos outros símbolos e seus reais significados acabam se perdendo, se diluindo enquanto o leitor acompanha o poeta no meio de bombardeios, reencontros fraternos, atos sexuais, opiniões políticas e memórias afetivas e tristes.
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fabio.ribas.7 16/11/2021

Memória para o esquecimento
Um dos pontos mais instigantes do livro é a tensão entre guerra e amor. Darwich trará muitos temas ligados àquele ano de 82, e a Copa do Mundo de 82 é um deles. As descrições do poeta sobre o futebol são maravilhosas. Se o futebol foi usado para fins políticos, como ele apresenta no livro, o café, outro tema tratado maravilhosamente no livro, por sua vez, é a saída disso tudo, desse mundo sem sentido, feroz, violento. Arrisco mesmo dizer de uma ?metafísica do café?, um momento de trégua na loucura belicosa daquele dia. Para os amantes de café, as descrições desses momentos, mesmo em meio ao som absurdo dos jatos, das bombas e dos mísseis, são instantes de reflexão. O café é o símbolo da trégua, da paz necessária e religiosa, do momento necessário que temos de olhar para nós mesmos. E o símbolo se manifesta no rito delicado da arte de se preparar o café. Darwich estabelece o mito inequívoco da relação entre o escritor que labora o texto poético e o artista que busca a transcendência do café. Por isso, ele pode exigir: ?Como pode uma mão escrever, se não é criativa ao fazer café??.

Leia mais: https://ribaseribas1.medium.com/mem%C3%B3ria-para-o-esquecimento-biblioteca-2-i-c10c49b1d0dd
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