Lethycia Dias 10/10/2021Narrativa ousada sobre multiversosQuando este conto foi lançado, fiquei bem curiosa com ele, não só porque nunca li nada da autora, mas também por causa do tema de multiversos, com o qual nunca me deparei antes.
A primeira coisa que preciso destacar aqui é a narrativa não-convencional que Bia Sá escolheu: em "Uma rachadura entre nós", conhecemos a história de duas jovens que são amigas de infância em uma realidade e que se conhecem apenas na adolescência em outra. Numa dessas duas realidades, as garotas se apaixonam e iniciam um relacionamento, e descobrimos como isso aconteceu a partir da narração da filha delas, que está contando a história a seus próprios filhos. O que lemos, então, é esse momento de "contação de histórias", da forma como ele se apresenta: de forma coloquial, com interrupções das crianças, com perguntas sendo respondidas e momentos da história sendo adiantados ou retomados. Lembro de ler poucas histórias narradas assim e considerei essa uma escolha bem ousada da autora.
O multiverso da história é mediado por um aplicativo de celular, que permite às pessoas a conexão com os habitantes de outros universos, inclusive suas "outras versões". Não há explicações para como isso passou a ser possível e elas também não são necessárias, mas há trechos bem interessantes sobre como as pessoas tiveram de se adaptar a essa forma de conexão, que são confrontadas com a visão dos filhos da narradora, que são acostumados a essa possibilidade.
Foi uma leitura bem interessante e diferente do que estou acostumada. Essa com certeza foi uma das minhas surpresas acompanhando a publicação dos "Espectros de Roxo e Cinza", e eu recomendo a leitura.
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