douglaseralldo 29/01/2024
10 Considerações sobre O demônio de Frankfurt, de Ferrèz ou quem será o Abúlico?
1 - Mix de metaliteratura e autoficção, O demônio de Frankfurt narra por meio de vozes autênticas - afinal, trata-se de autores que lá estiveram - um dos momentos recentes mais polêmicos de nossa literatura: a presença e a homenagem ao Brasil na tradicional feira de Frankfurt de 2013, quando 70 autores e autoras brasileiras foram levados pelo governo ao evento, fato que gerou uma série de discussões, polêmicas e indagações;
2 - Vale destacar, enquanto aparte, o fato de o evento e da participação ocorrer num dos anos mais complexos e contraditórios de nossa história, 2013, ano de confusão em que muita gente tida de esquerda reclamava de tudo - a despeito do governo de esquerda -, que viam com bons olhos uma série de manifestações com indignação a tudo mas que ao cabo foi o maior combustível para ascensão da extrema-direita, do golpe e retrocessos que viriam. Nesse contexto, é de se pensar que o que deveria ser um momento de aproveitar a ascensão brasileira, virou também um muro de lamentações, não vai ter copa, não vai ter feira, não vai ter futuro, 2013 foi um ano de extremo pessimismo, e de certo modo a participação do Brasil em Frankfurt não saiu ilesa desse contexto;
3 - Mas disto isso, retomemos ao livro, afinal, nele acompanhamos uma narrativa que mostra-se justamente com essa intenção: narrar a participação de dois dos mais emblemáticos autores da literatura brasileira contemporânea: Ferrèz e Lourenço Mutarelli. O livro ficcionaliza a estadia dos dois em Frankfurt e, claro, joga com essas possibilidades, legando ao leitor a permanente dúvida entre o que é biografia e o que é ficção, algo comum no trabalho dos dois autores;
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