Camila 22/01/2022
A dor da miscigenação. A busca pela identidade.
VHM arrepia qualquer um com seu lirismo. Este livro é um profundo e dilacerante poema. Poucas vezes na vida senti vontade de chorar ao ler um. VHM me proporcionou isso. Não é um livro fácil de ler em virtude dos recursos de linguagem utilizados, mas rapidamente o leitor se acostuma com o novo vocabulário. É uma leitura obrigatória que agora deve ser lida ao lado de ?Raizes do Brasil?, ?O Povo Brasileiro? e qualquer obra de Ailton Krenak, a quem, ressalte-se, o livro é dedicado. A história dos povos ancestrais originários precisa ser contada e recontada até que possamos compreender a magnitude da violência há séculos perpetrada.
?
?partirei um quase nada porque jamais poderei partir de tanto vos pertencer.?
?
?O feio perguntou: o que preda. Que ideia é essa. O santo respondeu: uma mentira sobre o tempo que nos impede de viver quando somos e nos adia para quando jamais haveremos de ser. Chama-se futuro. É uma ideia para onde tudo cai, os que soam, os bichos, as matas, os mares, o mundo inteiro, até a morte e a encantaria. O futuro é a ideia branca que abre por sobre todas as palavras para as adoecer, e por sob todos os pés e todas as raízes, obrigando à pronúncia apenas depois, num depois que, por definição, não acontece.?