Mara 05/01/2016
Promete muito e pouco cumpre
Confesso que peguei esse livro por dois motivos: escritora japonesa e a temática sobre jovens desregrados, sem perspectiva de futuro e sem pensar nas consequências de seus atos. O fato de ser passado no Japão me atraiu ainda mais, já que apesar de toda influência ocidental, não deixa de ser outra cultura e fiquei bem intrigada para ver como que era a visão de mundo de um jovem inconsequente pelas bandas de lá. Bem, já pela minha nota dá pra perceber que o livro me frustrou absurdamente não correspondeu EM NADA com as minhas expectativas.
O livro trata de uma jovem, Ama, que ao se apaixonar por um sujeito estranho, amante de modificações corporais e com a língua bifurcada, decide (de repente) que também quer ter a língua modificada (talvez como ato de rebeldia ou apenas para se garantir para o novo namorado). Surge então a figura de Shiba, tatuador, sádico e piercer que acaba se envolvendo com o casal e formando um triângulo amoroso doentio. No meio disso tudo acontece algumas reviravoltas, mas tudo é escrito com tanta pressa, que podemos até pensar que a escritora tinha limite de páginas para desenvolver a história.
Pra se ter uma ideia dos problemas da narrativa, os temas trabalhados nesse estilo de livro são pouquíssimos abordados. Por mais que saibamos que são jovens sem propósitos na vida, nada atrai o leitor. Os problemas com álcool e drogas passam sem deixar sua marca e a sexualidade dos personagens, por mais interessante que seja, não consegue convencer. Aliás, não temos tempo para criar vínculos ou simpatizar com nenhum dos três personagens. A protagonista, então, é confusa e sem identidade, como os outros jovens do título.
Todo o livro é inconstante e em poucas páginas acontecem tantas mudanças que fica difícil compreender onde a escritora queria chegar. A minha opinião é que o livro de Hitomi Kanehara é imaturo, como se fosse a sua primeira experiência na literatura e precisasse passar por vários processos de melhora e refinamento para conseguir algo de melhor qualidade.
Não chega a ser péssimo, mas é um livro repleto de "poderia ser". Poderia ser mais bem escrito, desenvolvido, carismático e redondinho. Não é porque você fala sobre jovens perdidos, sem rumo, que você precisa escrever sem um propósito. Trainspotting tá aí pra provar exatamente isso.
Ainda procuro um livro de qualidade que fale sobre a juventude transviada japonesa, por favor.