franrompk 21/08/2022
Numa formulação muito pouco objetiva e muito pouco técnica, mas necessária, preciso dizer que me apaixonei profundamente por este romance, que vai ecoar por muito tempo ainda no meu coração. Por mais que eu tenha gostado dos Goncourts de 2019 e de 2020, algo neles me picava um pouco, talvez a falta de coisa ou outra que eu não sabia definir bem o quê e que fazia deles incompletos, ao menos para mim.
E este quê faltante nos outros, encontrei na experiência de viver a leitura de La plus secrète mémoire des hommes. Este sim é um prêmio Goncourt de primeira! É difícil falar deste livro em poucas palavras e talvez em muitas também seja, pois ele é muito plural, ainda que essa sua pluralidade de gêneros, temas, registros linguísticos, etc. forme um todo coeso e muito bem construído. E para quem ama literatura, teoria e crítica literária é um prato cheio, um desafio contínuo para procurar suas referências e seus ecos. Traz em si a literatura toda em sua beleza, em sua ambiguidade, em sua limitação, em seu questionamento, em sua humanidade.
É um livro de deleite, para saborear com calma, para rir e para chorar, para se perder no labirinto, sem medo.
E correndo o risco da pegadinha reducionista e já caindo nela (certeza!) no fim, é a busca pelo autor que acaba revelando o poder do leitor, talvez (Barthes curtiu isso).
Não sei se vou me recuperar um dia desse amor, espero que não.