Andrés Carreiro 24/09/2011O Mestre dos Dragões VermelhosJAHNEL, Alexandra.
O Mestre dos Dragões Vermelhos: O Império.
Osasco/SP: Novo Século, 2010.
RESENHA:
O livro escrito por Alexandra Jahnel nos leva a um mundo chamado Dhorman, lugar mágico onde seus habitantes são compostos basicamente por dragões, magos guerreiros, elfos, camponeses e curandeiras (chamadas no livro de Lurins). Lá existe um rei mago chamado Lur, o mais poderoso entre os magos guerreiros. Só que seu reinado está ruindo. Seus antes aliados estão insatisfeitos e Dhorman está dividido. Lur casa sua filha com seu campeão, Dhamaggor, que logo depois de consumar o casamento, reivindica o poder para si, se autoproclamando imperador de Dhorman. As sete gemas Lurins, a fonte de poder de Lur, acabam divididas entre os agora antagonistas e uma guerra no reino se inicia, onde Lur tentará reaver seu antigo status. Há na história uma misteriosa fêmea de dragão vermelho, conselheira de Lur, chamada Lumanzir que terá papel fundamental neste fantástico enredo.
Basicamente é assim que entramos no mundo de Dhormam, este mundo mágico criado por Alexandra. Algo forte neste livro de alta fantasia está num ponto bastante interessante do próprio conceito em si. Não há um maniqueísmo visível na história, ou seja, o bem e o mal não estão definidos como pontos extremos. Conforme a história percorre suas propostas, acabamos descobrindo as verdades ocultas dos personagens que povoam Dhorman e acabamos definindo o lado pelo qual torceremos. Apesar de estarmos num mundo inspirado na alta fantasia ao estilo de Tolkien, não há neste livro uma busca ou demanda do bem para derrotar o mal. Este é o ponto forte e inédito que Alexandra desenvolveu em sua obra. Ela conseguiu dar um ponto de vista muito interessante nesta narrativa de estilo fantástico. Vejo, guardada as devidas proporções, na construção de seus personagens, um conceito oriental em que o bem tem um pouco do mal e o mal um pouco do bem (Yin Yang). Seus personagens são mais humanizados, não entrando em modelos idealizados.
Outro ponto forte da narrativa está no poder que ela tem de nos despertar sentimentos. Por sinal a palavra sentimento poderia definir muito bem este livro. É impressionante como odiamos, durante o desenrolar da história, alguns personagens, nos solidarizamos com outros, e ainda temos inversões de sentimentos. Amor, vingança, revolta, etc., são sensações que circularão na mente do leitor durante o desenvolvimento da leitura.
O elemento feminino é também algo a se destacar. Ele é introduzido na história aos pouco e de uma forma que não se torna algo panfletário. As justificativas para o destaque deste elemento na trama são muito bem fundamentadas e facilmente as aceitamos. Nisto, há algo orgânico na narrativa (natural), sem encontrarmos introduções forçadas. Contudo não é um livro determinado a um único gênero de leitor (sexo).
Os dragões mostrados chamam a atenção. Os citados na história, em sua maioria, são os vermelhos e os cinzentos. Todos são seres dotados de sabedoria. Estes terão, apesar de ser uma história entre as raças humanas, de suma importância para o desenvolvimento do enredo.
Estou surpreendido e maravilhado com o que encontrei em O Mestre dos Dragões Vermelhos. A história é cativante, e a narrativa muito bem construída por Alexandra Jahnel, demonstrando que é mais que merecido seu lugar entre as grandes estréias da literatura brasileira deste ano. Um livro que sempre lembrarei, e mal posso esperar pela continuação, afinal, este é o primeiro volume de uma saga.
Nota 9,0