Elder Race

Elder Race Adrian Tchaikovsky




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Andre.Pithon 28/09/2023

Tchaikovsky é um dos mais importantes autores de ficção científica contemporâneos, e sempre foi parte essencial da minha lista tendendo ao infinito de autores que eu preciso ler. Meu olho estava voltada para Children of Time, a mais famosa trilogia dele, mas como o oportunista maldito que eu sou, achei que era um bom momento para encaixar uma novela mais curta para atingir o mínimo de quatro livros em um mês e meu post de instragram obrigatório não ficar tão patético. Útil para me familiarizar com o autor, e útil para bater a meta de leitura em um mês devagar.

Elder Race foi uma surpresa agradável. Um demônio assola as fronteiras de um império medieval qualquer, e a herdeira vai incomodar o mago local para ver se ele ajuda. Mas o mago local não é um mago local, e sim um antropólogo observando o planeta, largado em pesquisa, munido de tecnologia avançada, perfeitamente encapsulando a famosa frase de Clarke sobre a tecnologia que torna-se magia. O jogo do livro é alternar perspectivas entre os dois protagonistas, do sci-fi pra fantasia, e de volta pro sci-fi, e ver os dois mesclando-se e sangrando um no outro, em erros de comunicação de extremo entretenimento, atingindo seu climax estrutural em que uma história é contado por ambas vozes ao mesmo tempo, cortada ao meio em uma tabela fenomenal.

A história é bem irrelevante, previsível, de poucos destacas, e não se eleva ao magnífico pela falta de alguma virada final, de alguma ambição narrativa maior, pois Elder Race se foca em seus personagens, abrindo mão de uma narrativa complexa e intricada. Há indícios de possibilidades, mas o formato curto não permite que se aprofunde muito em Worldbuilding, e a trama central consegue ser evocativa, mesmo sendo simples. A conclusão deixa a desejar, pouco desafiando o leitor, e mantendo o conceito único do livro em terrenos demasiadamente seguros, confortáveis demais em não ousar nem incomodar.

A exploração mais aprofundada é a dos aspectos do antropólogo, Lyn, e de seu estado emocional por ser o "último" de sua civilização até onde ele sabe, tendo sido deixado para trás e aparentemente abandonado. Temas de solidão, depressão, e os impactos da tecnologia para lidar com tais flutuações emocionais são presentes e o foco de grande parte da narrativa, combinando com a temática dele estar cercado de seus quase-iguais, mas cuja comunicação é quase inviável pela distância tecnológica e lexical. A barreira interpretativa é sempre presente, e as diferenças entre ambas linguagens dão um fio onipresente e sempre interessante no decorrer da obra, que torna a leitura rápida e intrigante.

Mesmo o final não revolucionando, Elder Race propõe uma coexistência entre Fantasia e Sci-fi, escrevendo uma obra que coabita ambos gêneros, e é bem sucedido em um projeto que é, no mínimo, único.
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