Museu da revolução

Museu da revolução João Paulo Borges Coelho




Resenhas - Museu da Revolução


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Helder 17/02/2023

Viemos do mesmo colonizador, mas não nos conhecemos
Volta Ao Mundo - Moçambique

Museu da Revolução do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho é um road movie que se passa grande parte em Moçambique e que nos dá pequenas aulas sobre o continente africano.
Incrível como mesmo tendo o mesmo idioma, a gente não sabe nada nem sobre Moçambique, que assim como nós, também foi colônia de Portugal, nem sobre o próprio continente africano.
É muito comum falarmos sobre A África, como se por lá fosse tudo uma coisa só, mas a partir da literatura africana que vem chegando ao Brasil por editoras menores, vamos aprendendo que cada país tem seu passado, suas tradições e suas diferentes histórias.
Em o Museu da Revolução, através de uma narrativa um pouco truncada, conhecemos um homem rico chamado Damião, ex-guerrilheiro que com o fim da guerra civil moçambicana, se tornou um comerciante e que vive a procura de novos negócios que vão desde a importação e venda de DVDs piratas, até compra e aluguel de casas em Maputo e, aqui no caso da nossa história, passeios turísticos por Moçambique.
Mas diferente de oferecer roteiros turísticos, ele fornece transporte e um guia, mas quem decide o que quer conhecer são os próprios clientes.
Acontece que seus primeiros clientes são pessoas bem diferentes, que na verdade não querem conhecer pontos turísticos belos como praias e montanhas, mas sim recuperar coisas vividas no passado.
De Portugal temos Candal, um senhor que esteve em Moçambique na época da guerra da independência do país. Na época ele lutou do lado dos soldados portugueses e ali conheceu Bastos, pai de Leonor Bastos que hoje o acompanha na viagem com a intenção de conhecer a mãe moçambicana que só soube da existência após a morte do pai.
Além deles temos também uma mulher sul africana chamada Elize Forchè, cujo pai também participou da guerra , cometendo diversas atrocidades, que deixou registrada em um diário, que serve de base para a viagem de Elize, que deseja conhecer os lugares onde seu pai passou.
Como o passeio turístico é novo, Damiao precisa arrumar os guias turísticos, e é ai que, em contraponto a estes “turistas”, conhecemos o motorista, Senhor Banda, ex guerrilheiro, que lutou do lado de Moçambique durante a guerra pela independência e o misterioso e globalizado Jei Jei, um cara muito simpático que viveu na Alemanha Comunista até ser expulso de lá após a queda do muro de Berlim.
E numa narrativa que começa no Japão, passa pela África do Sul, Londres, Alemanha, Vietnã e até o Malaui, vamos viajar em Moçambique e na história do passado de todos estes personagens, em meio a personagens reais muito importante no processo de independência de Moçambique e alguns outros que se aproximam do Realismo Mágico.
Às vezes o livro tem uma narrativa truncada e que me parece ter sido criado pela vontade do autor em abarcar muitas coisas, já que as vezes parece que ele se perde em narrações de eventos que agregam muito pouco a história,
Porém, mesmo assim, eu achei uma leitura bem interessante e acho incrível o conhecimento cultural do autor, que consegue nos transportar para importantes eventos em diversos países, nos contando desde a queda do muro de Berlim até sobre a importação de tratores russos para ajudar a desenvolver a agricultura de Moçambique.
Se deseja abrir sua cabeça, conhecendo outros costumes e outras geografias, este livro é uma boa pedida!
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