Ingrid.Sombra 25/10/2023
The maid / A camareira
Esse livro é um desses bem fáceis de ler, e até que confortável. A narrativa segue vários clichês do tipo "who dunnit?" (quem matou?), assassinato de um milionário em um hotel de luxo, múltiplos suspeitos, e por aí vai. É um estilo bastante previsível, que pode agradar a quem estiver desejando uma leitura para não sair da zona de conforto ou não tiver bagagem no universo dos romances policiais. A graça, a meu ver, está na narradora-personagem. Molly, a camareira, não é uma narradora confiável, e isso fica muito claro desde as primeiras páginas. Ela apresenta dificuldades marcantes de linguagem, processamento de emoções, e limitadas habilidades sociais. Esse mundo é construído através de seus olhos, com distorções e equívocos que desviam o desenrolar do caso. Na verdade, muito do que acontece ou deixa de acontecer tem a ver com suas dificuldades pessoais, e é isso que torna esse livro muito particular. Sou psicóloga e gosto de brincar de fazer hipóteses diagnósticas dos personagens dos livros que leio, e apostaria várias fichas que Molly é autista (até bem descrita). Os outros personagens são um pouco bidimensionais e não consegui me encantar por mais ninguém. Outro ponto positivo foi o desfecho, pois acredito que a autora conseguiu inserir alguns elementos não esperados em uma trama completamente clichê. Minha experiência com essa leitura foi mediana, não muito marcante.