Faty Didier 14/12/2023
Fascinante como a própria Elke
Esse livro, das férias de 2022, de um gênero que eu amo que é biografias, veio como uma grata surpresa. Chico Felitti que já se mostrou um jornalista e um podcaster de peso é também um ótimo escritor.
Elke foi uma figura que me gerou fascínio imediato e com sua biografia não foi diferente. Carismática, multitprofissional e a frente de seu tempo, características que Felitti consegue transportar para seu livro, nos envolve com a história da moça que saiu da Alemanha para ganhar o Brasil, onde alcançou popularidade na TV brasileira entre os anos 80 e 90, sobretudo pelo programa do Chacrinha com quem trabalhou por mais de uma década.
Elke povoou o imaginário popular de muitas crianças que como eu, na década de 90, viam nas suas roupas, extravagantes, não, -exuberantes, possibilidades outras de ser. Até hoje qd penso em Elke, penso em liberdade. Ela que pode facilmente ser reconhecida não apenas como ícone feminina, mas feminista, por ter rejeitado a maternidade; ter sido poliglota, tradutora e intérprete de línguas; cursado três faculdades; sido modelo, cantora, apresentadora e atriz. Pagã. Desafiou convenções quando o ambiente doméstico e privado era o destino da maioria de nós mulheres. Ela saiu e colocou a cara no mundo.
Elke tbm desafiou a ditadura militar, motivo que a levou a prisão e a fez perder a cidadania brasileira. Nunca teve medo de defender o que acreditava e, tbm por isso, ficou lembrada como madrinha dos gays, loucos e marginais.
O livro publicado pela editora Todavia, retrata a vida de Elke de 1945 a 2019 e, curiosamente, seria o TCC de jornalismo de Chico Felitti não tivesse sido dissuadido de que a biografia de Elke não interessaria a ninguém. A mim, interessou muito.
?Elke Grunupp foi uma artista cuja plataforma era o inconsciente de um país; que sua memória vive nas botas de Pabllo Vittar, nos vestidos de Alexandre Herchcovitch e na memória de milhões de crianças viadas como eu.? -Chico Felitti.