clandestini 25/02/2011Retorno aos clássicos infantis![...]
Em Memórias de Emília, Lobato narra mais uma reinação de Emília. A boneca resolve escrever suas memórias e para isso usa a mão e a cabeça do Visconde de Sabugosa. Então temos uma narração dentro da narraçao: o sabugo de milho narra as aventuras de Emília e a turma o sítio no episódio do anjo capturado pela boneca e da visita das crianças inglesas para vê-lo. Emília começa ditando para o Viconde, mas acaba deixando tudo por conta de seu “ajudante”. As “participações especiais” de Peter Pan e Alice – a do País das Maravilhas – são fantásticas. O livro é bastante simples e ingênuo, mas apesar disso, muito instigante. Emília é terrível, apronta e fala coisas que deixam todos loucos, mas acaba se mostrando uma boa boneca. É uma personagem cativante, e mesmo com todas as suas contradições, é minha personagem favorita.
Peter Pan é a história original do personagem Peter Pan contada para os moradores do sítio por Dona Benta. Ela compra o livro de J. M. Barrie para descobrir quem é o menino que até o Gato Félix sabe da existência, menos ela e os habitantes do sítio. Depois de ler a história, Dona Benta passa a contar um pedacinho por noite para todos. E entre um pedaço e outro, Emília apronta das suas, é claro. É muito bacana ver personagens que já estao no imaginário das crianças brasileiras sendo contados por outros que fazem parte de nosso folclore. Além disso, as referências à história original é feita a todo momento, portanto a história não é um plágio da obra original, é sim uma contação de Dona Benta, com gostinho de Brasil interiorano.
Nao vou me deter na polêmica sobre o racismo presente na obra de Monteiro Lobato. Primeiro porque ele existe em diversas passagens. Segundo, porque eu tenho consciência desse racismo e sei o motivo de sua existência, afinal ele nasceu e formou-se no século XIX e início o século XX, quando diversas teorias racistas estavam em voga. Portanto, eu penso em Moteiro Lobato como um “produto de seu tempo”, que reproduzia, de certa forma, aquilo que ele viveu e aprendeu, aquilo que ele via nas relações sociais existentes no Brasil de sua época. Isso deve impedir a leitura de seus livros? Eu penso que não, pois com ele podemos (adultos e crianças) aprender muito sobre o Brasil e sua história social.
Percebo agora o quanto perdi deixando de lado (involuntariamente) as obras de um dos maiores escritores brasileiros. Espero ter tempo para ler mais e mais obras de Monteiro Lobato ao longo da minha vida.
Para ler a resenha completa vá até o endereço: http://trecosetrapos.org/weblog/2011/01/26/memorias-da-emilia-e-peter-pan-de-monteiro-lobato/