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Resenhas - Jazz rural


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Laércio Becker 01/01/2022

Dispensável
Comprei o livro porque me interesso pelas pesquisas folclóricas feitas por Mário de Andrade ou sob seu comando. Como a sinopse não dá detalhes, encontrei na internet o site do livro, que diz: "Vão reeditados aqui dois textos pouco visitados de Mário, cuidadosas anotações feitas de corpo presente sobre festas paulistas: um Moçambique (em Santa Isabel, 1933) e uma Dança de Santa Cruz (em Carapicuíba, 1935)."

Pensei que poderiam ser textos raros ou não publicados em livro - afinal, boa parte da produção jornalística dele ainda continua esquecida nos jornais. Pensei errado, porque ambos já haviam sido publicados por Oneyda Alvarenga, em títulos facilmente disponíveis da editora Itatiaia:

- "Dança da Santa Cruz", de 7 de maio de 1935, colhida em Carapicuíba (então distrito de Cotia-SP), já consta no livro "As melodias do boi e outras peças"; e

- "Moçambique", de junho de 1933, colhida em Santa Isabel (SP), já consta no livro "Danças dramáticas do Brasil".

Outro problema: foi mantida a grafia de Mário, não só nas idiossincrasias dele mas até mesmo nas formas da época. Algo que já havia sido corretamente superado pelas edições da Itatiaia. Em comparação com os outros textos que compõem o livro (que, respeitosamente, não me interessam), nota-se que a obra segue o acordo ortográfico de 2009 (como anuncia na p. 2), mas passa por cima das reformas de 1943 e 1971. Qual é a lógica? "Tempus regit actum"?

Outra esperança frustrada pelo livro diz respeito às gravações da época. A sinopse diz que são "cinco gravações feitas entre 1937-1942". Na verdade, são quatro:

- Danças de Carapicuíba
- Cateretê
- Dança de Santa Cruz
- Chora mulata

Não há um CD (que não é anunciado, mesmo). Essas gravações estão disponíveis em streaming no citado site (ou seja, quando sair do ar, já era; sem contar aquele chiado da internet, muito perceptível nas "Danças de Carapicuíba"). Como o site não fornece os dados da coleta (especialmente data e local), eu pensava que o livro informaria. Pensei errado, de novo. Em compensação, traz todos os dados das cinco composições experimentais feitas pelos participantes da obra. Que, respeitosamente, não me interessam.

Ou seja, para quem gosta das pesquisas folclóricas de Mário de Andrade, esse livro é totalmente dispensável. Vai direto para o sebo. Respeitosamente, é claro.
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