spoiler visualizar@esttrelante 13/03/2022
Há momentos na vida...
Há momentos na vida que o amor biológico te coloca em cada furada.
Eu adoro os livros da Josi. Não importa qual o tema, sempre leio. Ela tem uma escrita fluida e os livros, na maioria das vezes, são curtinhos e tranquilos de ler e processar os sentimentos que nos despertam. Este, não foi diferente, embora certos temas (como depressão, abandono parental e abuso psicológico) sejam mais complicados de digerir que outros.
Nossa protagonista é uma pessoa machucada, de todas as formas, por todas as pessoas. Veio de uma família desestruturada, pais (se é que dá para chamar monstros de pais) narcisistas e abusivos. Ela conseguiu de alguma forma sua alforria, batalhando para sobreviver com o suor do próprio rosto. Lutando contra uma doença desgastante. Ela é forte e doce, um pouco ingênua talvez.. Eu me identifiquei com Celina, sofri por ela, quis que sua vida mudasse, e trouxesse alguma oportunidade de felicidade.
De forma muito estranha, aconteceu.
Não julgo Celina ao aceitar a proposta, eu também não seria capaz de virar as costas, mesmo sabendo o que me fizeram.
Então, Gael entra em sua vida. Um homem cujo o passado o moldou com agressividade. Grosso, porém sincero. Bruto, porém carinhoso. Arrogante, porém, caridoso. Ele me pareceu meio controverso. Certos momentos, um doce. Em outros, um babaca. Não tem uma essência de todo ruim, acho que por isso não o odiei. De uma maneira meio torta e sem tato, ele deu a Celina carinho, atenção e proteção, além de fazê-la feliz.
Confesso, foi meio creep Gael ficar tão obcecado por uma menina, e para meu alento, ele se manteve longe até que ela fosse maior de idade.
Os motivos da raiva de Gael não me pareceram aceitáveis, esperava uma grande revelação e no fim seus motivos não foram suficientemente convincentes para cobrir suas falhas. Contudo, houve uma redenção e eu gostei.
Os momentos de sapequices foram bons, meio pra lá de duvidosos, meio tabu, mas bom.
O livro chegou ao fim com algumas pontas soltas, queria ter tido mais informações sobre o casal e sobre os outros personagens. Ficou algumas dúvidas:
A Celina está conseguindo controlar sua doença? Conseguiu sucesso profissionalmente?
E a Maria? Queria que ela tivesse mais desenvolvimento, gostaria de ter visto a história dela, ter superado aquela vida difícil.
E os pais da Celina? Eles também ficaram sem final e depois de tanto bagunçar a vida da filha, gostaria que tivessem um desfecho merecido.
Enredo interessante, trabalhou bem as sequelas de uma criação por péssimos pais. Creio que pecou apenas em certos desenvolvimentos. Há poucos erros ortográficos e na diagramação, mas nada que tenha ferido minha leitura.
Não é o melhor trabalho dela, na minha opinião, mas vale a leitura.