Bruna.Tuma 13/08/2018
Drácula, Meu Amor
Drácula, Meu Amor | Syrie James
Mina Murray é uma mulher inteligente, forte e a frente de seu tempo. Após sair do orfanato em que foi criada, onde conheceu seu grande amigo e noivo Jonathan Harker, estudou para tornar-se professora, e, justamente nesse escola, conheceu sua melhor amiga Lucy Westenra. As duas, noivas, decidiram passar as últimas férias juntas e solteiras em Whitby, uma cidade portuária com vários encantos. O que Mina não sabia, é que o maior encanto de Whitby viria a ser o alto, magro e chocantemente belo Sr. Wagner. Conheceram-se por acaso, mas a cada encontro, parecendo ser elaborados pelo próprio destino, os dois encontravam mais coisas em comum e apreciavam cada vez mais a companhia um do outro. Mina, porém, sempre sente-se muito culpada após cada um dos encontros, pensando em Jonathan e preocupada com sua falta de notícias. Finalmente, quando Mina recebe uma carta revelando o paradeiro e a situação de seu noivo, que havia acabado de voltar de uma negociação com um velho e rico Conde chamado Drácula, ela precisa partir de Whitby para ir a seu amparo. Com o coração partido tanto pela situação do seu tão esperado reencontro com seu amado noivo e seu inevitável adeus ao Sr. Wagner, Mina está decidida a fazer de tudo para passar o resto da vida com Jonathan e ser uma esposa e mãe exemplar, além de saber de que as chances de encontrar o Sr. Wagner novamente são muito improváveis.
Domínio público é uma coisa fantástica, meus amigos. A obra original de Bram Stoker é certamente insubstituível, mas esse não é o objetivo desses maravilhosos autores que conseguem pegar o enredo e os personagens deles e incorporar seus próprios elementos e reviravoltas. Drácula, Meu Amor é uma recontagem justamente para aqueles que são fãs do original de Stoker, mas que imaginam como seria a obra com uma pitada mais romântica e se teria acontecido algo “a mais” entre Mina e o Conde.
Syrie James possui uma escrita bastante detalhada, mas que não é cansativa. Apesar de alguns diálogos curtos e “secos”, não chega a interferir negativamente na leitura. Ela possui uma capacidade de ambientar a história muito bem, atenta à inúmeros detalhes da época que só pode ser devido a já ter escrito outros romances nesse mesmo cenário. É uma leitura que realmente vicia, e fazer a história toda ser no ponto de vista exclusivo de Mina nos faz sentir o que ela sente, e pensar o que ela pensa. Passamos a ver o Conde Drácula de diversas maneiras ao longo da leitura, acreditando nele, desacreditando nele, entendendo ele, desconfiando dele. É uma aventura magnífica pela qual James consegue nos guiar.
A Mina de James permaneceu fiel à Mina de Stoker, mas com uma história própria mais detalhada e características mais marcantes. É gratificante ver Mina se encontrar e descobrir mais sobre si mesma e seu passado, mas ela não é a única personagem que revemos na obra. Encontramos novamente os bravos homens de Stoker: Jonathan Harker, Dr. John Seward, Quincey Morris, Arthur Holmwood, Renfield, Lucy Westenra e logicamente não poderia faltar o querido Dr. Van Helsing.
Van Helsing tem um destaque especial na obra de James e, assim como Drácula, a opinião de Mina (e portanto a sua) sobre ele muda algumas vezes ao longo da obra. De qualquer forma, é um dos personagens mais interessantes do livro, goste dele ou não. James certamente conseguiu dar seus próprio toque especial à Van Helsing em Drácula, Meu Amor.
Mas, a estrela do livro é certamente o próprio Conde. Você acaba criando tantas suposições em relação a ele que isso acaba impulsionando a leitura, pois fica sedento de vontade de saber a verdadeira história por trás do antigo vampiro. E, vou dizer, não é à toa que Mina sente-se dividida entre Jonathan e Drácula.
Em suma, Syrie James tenha talvez conseguido fazer a melhor recontagem do clássico Drácula em formato de leitura. É um livro que prende o leitor do início ao fim, ao menos foi assim comigo. Não há, na totalidade da obra, um capítulo sequer que tenha sido chato. Não há um diálogo desnecessário e nenhuma cena tediosa. Inclusive, é um livro que me agradou tanto que temo ficar de ressaca literária, e já tenho vontade de reler. James conseguiu fazer um final que mexe completamente com as emoções do leitor (eu fiquei louca) e, ao mesmo tempo, está aberto a certa interpretação de cada um, possivelmente a melhor forma de terminar essa obra depois de tanta expectativa que o leitor cria para ter o final que deseja.
Não há a menor sombra de dúvida, Drácula, Meu Amor precisa ser lido por todos os amantes românticos de Drácula, e até para os que não conhecem o clássico, pois pode ser exatamente a alavanca necessária para fazê-los se interessarem. É uma mistura prazerosa entre o clássico, o sobrenatural e o romance de época.
5/5
Frase favorita: “Você é tudo o que eu quero. Não a desejo por um dia, ou por uma década, ou por uma vida inteira. Quero estar com você para sempre. Mas quero-a livre; se não for assim, não a quero.”
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