Macala

Macala Luciany Aparecida




Resenhas - Macala


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preta velha 29/06/2023

Beleza em meio à dor
Macala é um poema em série dividido em onze partes, da baiana luciany aparecida, que dialoga com a fotografia "mulher negra da bahia", de mil oitocentos e oitenta e cinco, de marc ferrez.

o eu-lírico é uma mulher que discorre sobre o tempo, o momento em que a foto foi tirada, seu olhar, sua estética, sua imagem e sua língua, a travessia no atlântico, fé, o tempo, coragem, o dia do seu nascimento, sua ferida diante da situação do seu povo, sua relação com a mãe, amores, mulheres e morte.

é um livro belo e igualmente doloroso e indico-o a quem se interessa pela história do povo negro pelo viés da imagem e das palavras, apresentada por duas mulheres negras: a retratada e a autora.

macala é uma palavra de língua ronga falada em certas regiões de maputo, moçambique que tem duas acepções: carvão vegetal ou mineral/pessoa de pele negra.

a luciany escreveu também "florim"; "contos ordinários de melancolia"; "joanna mina"; "mata doce"; "história sobre como entrei em caixa de anel masculino" e participou de algumas antologias, dentre as quais: "abrindo a boca, mostrando línguas"; "descuidosa de sua beleza" e "40 em quarentena".
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Lali Jean 22/02/2024

Estudo de Imagem, Ancestralidade e poema pros seis sentidos
Macala é um longo poema. É também uma pergunta, uma imaginação à imagem "Mulher Negra da Bahia" de 1895 de Marc Ferrez. É um estudo de imagem e de ancestralidade. Pequeno livro para ler com as mãos, a imagem de Macala está furtivamente em movimento na capa do livro. Primeiro os olhos. Depois a nomeação do Outro. Depois o semblante, depois o foco na indumentária e no punho cerrado, que diz tanta coisa e que se impõe ao poema de Luciany Aparecida. Há um torso na cabeça, que sendo tradicional, não é dos mais comuns. Dá indícios de distinção. Brincos de pitanga. Pulseiras e braceletes em ambos pulsos. Contas finas e suntuosas no pescoço, não são correntões. O camizu branco em barafunda contrasta com o cetim escuro da pele, e o tom sépia da impressão, da capa do livro. Há balangandãs e um pano da costa deitado no espaldar da cadeira. Muita luz e sinais de realeza no trajar e feição de Macala, um semblante impassível que nos obriga a implicar com a foto. Quem tirou, por que as tirou?
O nome é moçambicano. E se a ignorância de nossa genealogia africana não nos conduz a isto, a evocação do Oceano Índico te obriga a lembrar do mapa. A roupa te faz pensar em mapas. Luciany escreve: "Minha imagem é geografia das nossas memórias". E é o que penso todas as vezes que estou diante de histórias, nomes, roupas e acessórios de mulheres de terreiro. Nelas se comunica a Diáspora. Um lugar, uma presença no mundo. A todos os sentidos, convoca o poema. Macala é também nome para brasa. Então o poema nos obriga novamente ao regime da carne. Se a brasa flamejante na mão de Macala deixou (mais) feridas em seu corpo. A musicalidade do poema convida os ouvidos. Precisei ler com meu fiapo vocal, para ouvir ainda mais o ressoar dos mandamentos: "segura"; "ergue a cabeça" "lembra", "escuta", "não grita agora, segura".

Transcrevo a nota etimológica que encerra de rodapé a obra: "Macala/ma-khala é uma palavra da língua ronga, falada em certas regiões da cidade de Maputo, em Moçambique, que tem duas acepções: carvão vegetal ou mineral: a pessoa de pele negra."
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Gabi 25/02/2024

Seguindo a mesma lógica da coleção ecfrástica anterior, nessa parceria da LunaParque com a Fósforo, os poetas devem se debruçar sobre uma imagen anterior ao século XX para compor um poema, exercício bem antigo. Macala é um exercício de escrita bastante interessante. Fiquei com vontade de descobrir a história da fotografia a o poema se direciona.
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