spoiler visualizarLirio 29/07/2023
Não gostei
Aiai o que falar desse livro
Chegar aos 50% foi muito custoso, pq a narrativa parecia não ir de nada pra lugar nenhum. Eu confesso que só não desisti pq ODEIO largar livros, mas esse foi muito difícil.
Ao chegar aos 50%, as coisas pareceram finalmente seguir uma ordem lógica e a história parou de tentar brincar com a nossa cara fazendo mistérios que, imagino eu, a pessoa autora deve ter pensado serem bastante instigantes, mas só serviram pra me dar RAIVA, porque eu não estava entendendo NADA DE NADA. O complicado é que o maior conflito se desenvolve a partir da metade do livro e todo o resto parece que é narrado para nos dar contexto, o que eu pessoalmente achei uma péssima escolha, pois poderia ter sido introduzido (de forma bem mais enxuta) em forma de flashbacks.
O ÚNICO personagem carismático nessa história é o Aldon. Todos os outros são um tédio e sobretudo o Acian. Jesus Cristo como eu queria que ele e os POVs dele explodissem. A Mosa tbm é chata.
Em vários momentos eu tive a impressão que as coisas aconteciam e o narrador tinha esquecido de nos contar, porque era bem comum a história estar tediosa e parada e do nada VRUM algo acontece que nós não estávamos esperando. Mas, deixa eu explicar aqui, isso não é quebra de expectativa, porque esse "algo" é jogado nas nossas fuças sem nem sequer uma ordem de acontecimentos lógica para que faça sentido. Isso é só recurso narrativo podre e porco. A impressão que eu tive foi que esse livro foi escrito sem planejamento ALGUM e que a pessoa que escreveu foi só costurando acontecimentos um após o outro de acordo com o que aparecia na cabeça dela.
Aliás, são páginas e páginas de prolixidade para dizer o que já foi dito, e show don't tell foi pra marte, né. "Ah, eu sou o rei do otimismo..." Meu amigo, eu não quero que você DIGA que você é o rei do otimismo, eu quero que a narrativa DEMONSTRE ISSO.
As relações dos personagens são pessimamente construídas. Numa parte do livro, Aldon e Acian se odeiam, sendo que eles tentam até matar um ao outro (Acian através do Vic). Depois do nada eles viram super amigos? QUE? Uma frase dizendo que o Aldon admira o Acian é suficiente pra isso? Tudo bem, autocrítica do Aldon, mas E O ACIAN? Igual eu falei, só parece que as coisas aconteceram e o narrador esqueceu de nos contar.
A presença da Fhie na obra também, totalmente dispensável. É um desfecho pesadíssimo que não serviu pra nada.
O final, aliás, foi HORROROSO. Eu não sou contra finais agridoces, mas eles tem que FAZER SENTIDO. Jogar uma morte impactante (que aliás não me impactou porque a narrativa falhou em me conectar com a Ácula, mas tudo bem) não é criar um final cheio de reviravoltas, é só subestimar a capacidade do leitor de conectar cré com lé.
Aliás horrível como a existência dela se baseia em sofrer pelo personagem masculino (inclusive as mulheres na narrativa são apenas ferramentas para enriquecer o plot dos personagens masculinos), não sei o gênero de quem escreveu, mas posso apostar um doce que é homem.
Muitas pontas ficaram soltas e eu não entendi até agora quem foi o bendito que atacou o Laimos no lago.
Pessoalmente fiquei frustrada porque esse livro me foi panfletado como "uma dark fantasy que se passava no Rio de Janeiro" e uns 75% da narrativa, se não mais, NÃO SE PASSA no Rio de Janeiro, e sim em outra dimensão. Os capítulos que passam no RJ são poucos e não são suficientes pra ambientação da obra ser caracterizada assim. (Nada contra isso narrativamente, mas faz marketing direito, por favor)
E, na moral, eu sei que nem todo mundo tem condição de pagar revisão, mas estuda um pouco de pontuação antes de publicar. A quantidade de vírgula em lugar errado que eu encontrei perturbou pra caramba a minha leitura. Tinha parágrafo que ficava até ininteligível por causa de pontuação errada. Vírgula NÃO É irrelevante.
Agora que eu teci as críticas, vou tecer os elogios que fizeram com que a nota deste livro não fosse a mínima:
Apesar da pessoa que escreveu não saber usar vírgulas, ela sabe usar muito bem as palavras. Às vezes eu me pegava maravilhada com uma expressão ou descrição muito bem colocada, realmente domínio do vocabulário ela tem. Parabéns.
As coisas boas da obra estão praticamente todas concentradas nos capítulos do Aldon porque, como eu falei, ele é o único personagem carismático da obra. Foi o único com quem eu consegui me conectar (que é o objetivo da narração em primeira pessoa, vale lembrar. Você sacrifica a onisciência do narrador para que a sua conexão com o leitor seja maior) e os capítulos dele eram realmente dinâmicos e divertidos. Alguns não agregavam em nada ao enredo (que enredo, né? rs), como aquele no México ou o que ele se casa com o Gaia, mas eu considero que existem outras coisas além de progressão da narrativa na hora de selecionar quais capítulos são importantes e quais não são. Esses capítulos são bons, então eles passaram no meu crivo (que não serve de nada) e no da pessoa autora também.
Eu também gostei das reflexões internas do Laimos, que lhe conferiram humanidade. Tudo bem que isso foi jogado no lixo depois pra transformar ele em uma criatura bestial sem justificativa NENHUMA, mas né, antes disso acontecer estava bom.
No mais, minha nota é 1,5/5. Poderia ser pior, mas poderia ser MUITO melhor também.