Tuca 22/02/2022Gloria Parker era para Aldo Moretta um sonho distante e uma realidade cruel. A garota por quem Aldo era apaixonado desde o ensino médio estava presa em um relacionamento abusivo e violento há dez anos, e assim, ele se mantinha aprisionado na impotência de fazer algo para ajudá-la. Quando o então ex de Gloria – Glenn- finalmente vai parar na cadeia, chegou a vez de Aldo ter sua chance. Mas a distância da guerra, a dor da perda, e as cicatrizes que cada um carrega podem impedir que eles consigam enfim se encontrar no momento e lugar certos para viverem livremente um para o outro e para si mesmos?
O tempo no qual Gloria ficou envolta no ciclo de violência que Glenn criou ao redor dela fez nascer um amontoado de perdas. Ela não fez faculdade, não tinha amigos, não saia, não tinha uma carreira, nem sonhos. Ao se libertar, Gloria foi atrás de tudo isso. De se refazer. E o mais difícil: permitir-se confiar e amar novamente um homem. Conhecendo Aldo desde a adolescência era mais fácil reconhecer o homem que ele era, até ele retornar da guerra com inseguranças e feridas que o transformaram. Cada qual com sua cicatriz, Aldo e Gloria vão achando formas de se reerguer. Um passo de cada vez.
Aldo é a pessoa que toda mãe espera que a filha se envolva: carinhoso, brincalhão e um baita parceiro. É um verdadeiro soldado, pronto para lutar pelo amor de Gloria. Mas também com a mãe que ele tem rs... a senhora Moretta não cria filhos para serem fracos. Ela é uma figura, que contribui positivamente para atiçar o temperamento do filho, e ser um maravilhoso alívio cômico nos momentos de drama. Os animaizinhos também tem seu momento de roubar a cena: em “Finja que é minha”, Harper e Luke tinham seus cachorros adotados; em “Finalmente minha” vamos ter a aparição do gatinho destruidor “Ivan, o terrível”.
Eu achei esse livro menos detalhado do que o anterior, e existem algumas cenas de “Finja que é minha” que aparecem em “Finalmente minha” na visão dos agora protagonistas, o que em alguns momentos pode ser repetitivo. Além disso, a cidadezinha de Benevolence e seus personagens voltam a criar o espaço de acolhimento e amor e a encantar com a união que proporcionam para a cura e para o crescimento de seus moradores. Há transtorno, confusão, porém há também muita empatia. Glória tem em sua personalidade um pouco de Luke (do livro um), mas ela não é tão teimosa quanto ele e está disposta a viver o amor após tanto tempo perdida e presa ao sofrimento.
Aprender a se curar com Aldo e Glória é ver o amor florescer nos sorrisos e beijos trocados, nas inseguranças, nas destruições do gatinho Ivan, no cuidado, na proteção, nas gritarias da Sra. Moretta (e também na sua aceitação) e na alegria deles ao perceberem seu recomeço... juntos.
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