jiangslore 29/01/2024
[3/5]
"The Very Secret Society for Irregular Witches" foi um daqueles livros que, apesar de eu não ter achado ruim, acabou me decepcionando bastante. Por um lado, acho que é possível que eu, por ter visto pessoas que (como eu) não são muito fãs de histórias de romance gostando desse livro, tenha acabado criando muitas expectativas. Por outro, penso que, mesmo se eu não tivesse tais expectativas, acabaria não gostando tanto assim do livro. Ele parece possuir vários elementos que são "certos" e uma ideia que, em tese, seria ótima. Mas tive a sensação de que algo na execução falhou, embora não consiga apontar com exatidão um aspecto só; porque penso que isso ocorreu, de modos diferentes, em alguns pontos diferentes da obra.
Por exemplo: o enredo. O conflito principal foi apresentado de um modo que eu considerei um pouco fraco, e, ao terminar a leitura, é possível perceber que isso foi feito em prol de conservar um "plot twist" para os últimos 30% do livro. Quando essa virada no enredo foi apresentada, percebi que havia mais em risco do que o que havia sido apresentado inicialmente, então a história passou a fazer um pouco mais de sentido. Mas isso foi explicitado tão tarde que eu simplesmente não consegui me importar mais. Por outro lado, a autora conseguiu plantar de uma forma bem efetivo certas coisas - aparentemente não essenciais - no início da história para que elas fossem relevantes no clímax e no seu encerramento. Então, por um lado, o enredo não encaixava; por outro, ele encaixava.
Além disso, não achei que os personagens tinham o suficiente para serem carismáticos. Sim, eles foram escritos com a intenção de ser carismáticos (isso fica evidente até demais), mas isso não foi convincente para mim. As três crianças são variações diferentes da "criança precoce que é personagem em mídias de romance". Os três adultos da casa (vou falar sobre Jamie separadamente daqui a pouco) eram agradáveis, mas um pouco caricatos demais para o meu gosto. Jamie e Mika até que tinham seus pontos interessantes: Jamie nunca foi um personagem deliberadamente cruel, ele só desconfiava de Mika por motivos coerentes o suficiente (tem algo de projeção aí, mas gosto quando personagens fechados e mal humorados não são verdadeiramente "maus"); Mika é alguém que ama magia e é boa nisso (teria sido legal ter uma protagonista um pouco mais confiante, mas achei interessante ter uma que tinha como uma característica importante para o enredo ser muito boa - desde o início do livro - em algo que ela ama).
Então, em tese, não há nada de errado com os protagonistas, né? Mika é fofa e animada, e até que tem profundidade em razão da sua história de vida e aspirações. Jamie é gentil, apesar de não demonstrar, e se importa muito com quem é próximo dele. Nada de errado com eles individualmente e, em tese, até dá para pensar que pessoas com essas características combinariam romanticamente, né? Mas a química, na minha opinião, foi inexistente. Além disso, o ritmo do romance foi bem estranho para mim, porque, apesar de demorar para que ele avance, não pareceu haver uma construção interessante o suficiente para justificar essa demora e para fazer com que eu quisesse que ela acabasse e eles ficassem juntos de uma vez.
Por fim, algo que não gostei no livro é o fato de que ele não tem sutileza nenhuma: muito era dito explicitamente para o leitor, quando não era necessário nem proveitoso fazer isso. Claro que conversas sobre traumas são ótimas e tudo mais, mas descrever o trauma de uma personagem para ela para justificar suas escolhas é um pouco demais para mim.
Em suma, eu diria que considero "The Very Secret Society for Irregular Witches" um exemplo perfeito de livro mediano. Reluto um pouco em recomendá-lo porque acho que gostar dele dependeria de uma vontade do leitor de ler sobre assuntos muito específicos, e acho que muitos desses assuntos foram retratados com mais sucesso em outras obras.