M Ferreira 02/10/2021
O título desse livro causa espanto e essa foi exatamente a intenção de LaVey ao escrevê-lo. Diferente do que se imagina, esse livro é uma coleção das ideias de Anton LaVey, que criticava veementemente a hipocrisia dos religiosos e as doutrinas cristãs.
Nessa obra, que reúne as principais ideias que contribuíram para a fundação de sua religião, é possível encontrarmos diversas críticas e afrontas aos religiosos, usando, algumas vezes, uma linguagem pesada e profana. Contudo, as reflexões de cunho filosófico e sociológico sobre religião, fé e sociedade são muito interessantes e nos revelam que LaVey era um pensador influente em seu meio social.
O termo Satanista foi escolhido por resumir o que eles representavam na visão dos religiosos cristãos, ou seja, pessoas que questionavam as crenças, que não se submetiam à nenhuma autoridade religiosa e ainda defendiam a realização dos desejos carnais, sem se preocuparem com algum juízo ou condenação.
O livro é dividido em quatro partes principais: O livro de Satã, com diversas declarações que definem a religião do Satanismo. Elencando suas crenças e perspectivas em relação ao mundo, à humanidade, às religiões e aos próprios satanistas.
O livro de Lúcifer, que desenvolve as crenças e doutrinas Satanistas que enaltecem o que é humano e natural, promovendo a realização dos desejos e vontades humanas. Em contraste com as outras religiões, principalmente cristãs, que, ao recomendarem a abstinência e a repressão dos desejos, acabam tornando seus membros hipócritas, segundo LaVey, que se culpam por sentirem o que os caracterizam como humanos.
O livro de Belial, que apresenta a mágica na visão do Satanismo de LaVey. Diferente de outras visões que relacionam a mágica ao misticismo, LaVey descreve a mágica como um elemento intrínseco ao que é natural e humano, obtendo sua energia por meio das forças da natureza.
O livro de Leviatã, que finaliza explicando o passo a passo para a realização dos rituais de mágica e invocações espirituais. Além de apresentar as Chaves Enoquianas, pequenos textos com diferentes objetivos, escritos na linguagem mágica usada no ritual satânico.
Apesar de haver rituais que remetem ao ocultismo, LaVey não acreditava em Deus ou Diabo como representados pela religião. Segundo ele, a força estava dentro de cada um de nós, porque é a natureza e suas forças e propriedades que movem o universo. Por isso, não haviam sacrifícios ou coisas assim para nenhuma espécie de divindade.
O Satanismo de LaVey era caracterizado pela individualidade e busca pela realização pessoal. Os rituais, roupas e objetos serviam, no geral, para afrontar as religiões cristãs e satisfazer a necessidade de alguns por algum tipo de liturgia.
Eu não recomendaria esse livro para qualquer pessoa, pois poderia ser extremamente ofensivo e profano para cristãos ou religiosos menos abertos ao diálogo. E também por conter ideias muito individualistas, que reforçam o orgulho, a raiva e o egoísmo. É preciso conhecer um pouco do contexto por trás desse livro antes de começar a lê-lo.