Dhiego Morais 08/06/2022Ficção Mitológica de respeitoEm "O silêncio das mulheres", o leitor é convidado a mergulhar muitos séculos no passado, a fim de observar a reconstrução de um dos maiores conflitos da história: a emblemática guerra de Tróia!
Embora pensemos em Aquiles & Patroclo, Paris, Heitor & Helena quando o assunto é Tróia, Pat Barker, a autora redesenha o conflito de modo a levar atenção às muitas e muitas mulheres ? mães, filhas, esposas, irmãs e amigas ? que sofreram com a brutalidade da guerra.
A Guerra de Tróia é conhecida como uma guerra entre homens, onde uma mulher, levada pelo mar por amor, se torna o estopim para o conflito. O que Pat faz é levantar a dúvida: mas e as outras mulheres que foram silenciadas? O que houve com elas?
Briseida assume esse papel em "O silêncio das mulheres". Tendo seu lar destruído e pilhado pelos gregos, ela acaba sendo entregue pelos soldados a Aquiles, como um troféu ? e escrava. De rainha a escrava, Briseida passa a conviver com Aquiles, herói e semideus, enquanto também conhece Patroclo.
Pat Barker nos guia por uma jornada intensa, entre batalhas e dramas pessoais tensos. Briseida vê, cidade após cidade, mais morte, destruição e mais mulheres tomadas pelos gregos. Pelos seus olhos nos afligimos e sentimos a dor da perda, da vergonha, do medo...
Ainda que o ponto da história de Pat Barker seja dar voz às mulheres no, talvez, mais famoso conflito da Antiguidade, o que marca é a presença quase divina de Aquiles, bem como sua forte conexão com Patroclo.
Como romance mitológico, este livro certamente fará o gosto dos leitores de "A Canção de Aquiles", "Circe" e "No coração da Bruxa".
Fica a forte recomendação! Leitura fluída, intensa e reflexiva.