Jorge 05/07/2023
Documento Histórico Relevante, mas Pouco Contundente
Este Manifesto, escrito em um contexto de Primeira Revolução Industrial, tece suas críticas a um capitalismo então emergente, o qual ainda hoje persiste com as mesmas falhas, portanto, é isso o que torna estes escritos relevantes atualmente. O capitalismo passou por outras revoluções da indústria, mas seu modelo-base permanece o mesmo.
O prefácio escrito por Luís Felipe Pondé é excelente, pois contextualiza a obra como um todo, e faz um paralelo com a nossa contemporaneidade e a experiência comunista do Séc. XX de maneira cirúrgica. Provavelmente é o melhor texto da obra, sem querer soar neoliberal.
Primeiramente, a obra nos apresenta a história de vida dos seus autores de maneira bastante sucinta, em seguida entramos no primeiro capítulo: "Burgueses e Proletários". Este trata de descrever como as duas classes interagiram ao longo da história e como vieram a surgir no modelo então apresentado pelo capitalismo.
Inclusive, vale a pena citar Aristóteles em sua Política. Pois o filósofo grego já havia identificado e descrito as classes sociais nas cidades-estados, e estabelecido as diferentes formas de governo de acordo com a configuração dessas classes. Em suma, a luta de classes tão enfatizada por Marx e Engels já existia desde as sociedades antigas.
Este capítulo é excelente, pois encontra as fraquezas e os pontos que são de fato passíveis de crítica no esquema econômico do capital. Compreende-se que o capital transforma tudo em produto, e tudo vira pó, inclusive as relações humanas. O texto é recheado de arcadismos. E tanto é que vejo este padrão de pensamento nos comunistas de hoje, defendendo o trabalho braçal em uma Quarta Revolução Industrial, a revolução tecnológica.
Os capítulos seguintes não são da mesma qualidade, pois tratam essencialmente de admoestações aos partidos políticos da Europa no tempo em que o livro foi escrito. O valor destes últimos escritos é basicamente histórico, não há muito o que acrescentar a respeito.
Esta é uma obra dispensável. Não é ruim, se juntar o todo não dá um escrito realmente interessante, pois como já foi dito, está basicamente engessado em um ponto da História que não existe mais. Seu valor de crítica, apesar de excelente, não configura grande novidade. A leitura é interessante para conhecer o pensamento comunista na sua raiz e nada mais que isso.