spoiler visualizarJamile.Lucato 14/12/2022
Não foi isso que eu pedi
Finalmente, cá estou, para falar sobre o último livro da Princesa Mia (ou será que não?).
Devo começar dizendo que estou ciente do hiato entre este e o livro Princesa Para Sempre, que era planejado para ser o último, mas aí acabamos ganhando O Casamento da Princesa (este é de 2015, o PPS era de 2008? 2009? Não sei, sou péssima com datas). Todavia, M. Cabot continua escrevendo a Mia muito bem, e foi reconfortante vê-la amadurecida - ou pelo menos, madura o suficiente para que eu a reconheça como uma adulta, e não uma adolescente.
(Ainda que a forma como a Mia trata de sexo com o Michael seja bem… Peculiar)
O livro é designado por casamento, então óbvio, o capítulo do Michael indo levá-la de "mini férias" era bem evidente que teríamos a oportunidade de ler o grande pedido de noivado. Aliás, acho que a história peca em demorar tanto para chegar até ali.
E, para a surpresa do leitor, de casamento, o livro tem quase nada! Tudo bem, pode ter sido um marketing, para disfarçar o "plot twist" real da história e convidar os velhos leitores a rever seus personagens favoritos, mas acho que, então, no mínimo, a autora deveria ter abordado um pouco mais sobre o casamento da Mia; que dos planejamentos só vemos sobre o vestido de noiva e nas últimas páginas temos vislumbres paragrafados da festa.
Um ponto surpreendentemente positivo aqui foi a Lilly M., a personagem da melhor amiga, que passei livros sem fim odiando (fala sério, ela era MUITO egoísta), para só então amá-la nesse livro aqui. Lilly teve o melhor glow up da história de Diários da Princesa.
Já Michael, pouco tenho a citar - ele está exatamente como era no último livro, sem tirar nem por, embora mais peludo talvez (sério, por que a Mia mencionou isso no diário?).
A própria protagonista melhorou (não mais que a Lilly), pois ela continuou muito irracional (falarei sobre daqui a pouco) e muito divertida. As referências dela estavam afiadas, assim como seu humor e gostei muito de observar a relação dela com a avó e o Lars (que aparentemente ficou gato e a Lilly quer pegar? Não julgo).
Os pais da Mia foram a parte mais decepcionante, honestamente, e vou dizer algo bem profundo agora: a Disney acertou muito ao matar o pai dela nos filmes, por o cara ser bem inútil nos livros - ele só existia para que a avó tivesse "liberdade" para gastar o tempo da Mia ensinando-a bons costumes, etc.
Aqui, neste livro, não difere - a gente descobre uma burrada gigante dele (falarei nos próximos parágrafos) e o homem ainda entra numa depressão sem tamanho e sem razão! Tipo, não estou criticando períodos tristes ou crises da meia-idade (sei lá), mas aqui foi muito nada a ver, completamente jogado, apenas para ter uma desculpa para ser a Mia a pessoa a ir atrás de resolver as burradas.
Não vou nem entrar no mérito dos pais dela se namorando, NAMORANDO, de novo, porque agora o bonito desistiu de ser ministro e de ser príncipe. Fala sério.
Agora falarei do grande problema do livro, que consumiu mais páginas do que o necessário (porque, caramba, eu conheço a Amélia há 10 livros, É ÓBVIO que eu já sabia o que ela ia fazer), trouxe enormes problemáticas e não se dispôs a resolver nenhuma - não neste livro, pelo menos.
Afinal, para vender mais (rsrs brincadeira Meg, pode escrever o que quiser, meu amor), surgiu aí Olivia, a irmã perdida de Amélia, que passara pelos mesmos treinamentos e dilemas de Mia, só que agora dois anos mais nova. Gostou? Tem mais! Olivia é negra, ou pelo menos, como os americanos dizem, ela é "mixed" (o pai é branco). E o livro faz questão de trazer a mídia perguntando (foi racismo esconder a menina por todo esse tempo? Vão ser racistas com a nova princesa?) e sabe a resposta que O Casamento da Princesa te dá? NENHUMA!
Se você quer saber como foi a adaptação dessa garotinha negra na monarquia genoviana que é europeia branca, POIS COMPRE O LIVRO DELA, NAS MELHORES LIVRARIAS!
A Mia, nossa querida e familiar narradora, não está nem aí, e não menciona, nem responde nenhuma dessas perguntas. Ela diz que ama a irmã e promete proteger o cabelo dela, mas é só isso. Acabou. Com o diário da Mia, você é levado a crer que tudo foi bem aceito pelos velhos racistas europeus genovianos e que a menina Olivia será bem tratada na internet. Até parece! Ainda bem que Olivia não será herdeira, coitadinha.
A surpresa foi a Grandmère não ter tratado mal a garota, porque essa velha era tão inescrupulosa que só por deus. Neste livro, ela melhorou, finalmente.
Ademais, gostaria de acrescentar que a Mia não é princesa de Genovia, por que quantas vezes no diário ela vai até lá? Eu só lembro de UM livro que ela narra seus dias em Genovia, porque o restante, ela só menciona ter passado as férias lá. Traduzindo, a mulher é Princesa dos Estados Unidos. Toda hora ela elogia o seu país, que é rico, e sem pobreza, com boas reservas naturais, etc., mas ela nunca fica lá! Ela e o Michael ainda falaram que serão sempre americanos no coração, fala sério!
Ela termina o livro grávida, caso você queira saber (marquei ter spoiler) e ainda no clichê de que a pílula deu errado (mesmo a Mia sendo super hipocondríaca? Fala sério). E serão gêmeos, o que, nada a ver, mas ok. Do nada, mas ok.
Provavelmente estou esquecendo de xingar alguma coisa, mas por enquanto é só.