Feliz451 03/02/2024
Dê um Trocado pro Seu Bruxo...
"O Último Desejo" não é só uma ótima apresentação para a jornada do bruxo Geralt de Rívia pelo Continente, como também é um queridinho meu. Não sei dizer ao certo tudo que me encanta na forma com que esse livro é construído, se é a narrativa não linear, se é o protagonista espertinho que tem resposta para tudo, se são os contos em si e a forma como eles aos poucos nos familiarizam com o universo... Sério, o primeiro livro mesmo sendo de contos consegue fazer um trabalho melhor para te deixar situado em tudo o que está acontecendo do que aqueles na Saga que são, de fato, livros completos. É muito bom estar ao lado de Geralt em cada uma dessas aventuras, enfrentando monstros, salvando pessoas e até encontrando aqueles que o acompanhariam por toda sua vida no caminho. Como é um livro de contos, irei falar rapidamente de cada um deles, pela ordem que estão dispostas para leitura.
A Voz da Razão:
O primeiro conto do livro é contado de forma que se intercala com os outros seis presentes nesse volume, onde lemos um trecho de "A Voz da Razão" para em seguida Geralt de certa forma relembrar alguma de suas aventuras anteriores, que tem certa ligação com o que acontece no presente. O bardo Jaskier, um dos principais personagens da saga faz a sua primeira aparição em um desses trechos do primeiro conto. A finalização do conto é até hoje um dos mais satisfatórios da saga, por mais que sinta que a leitura dele sem o complemento dos outros iria piorar o jeito que a percebo.
O Bruxo:
Não é só um dos melhores contos do livro, como é nele que de fato conhecemos nosso protagonista, e faz total sentido a maneira introdutória que ele trata tudo, já que foi a primeira coisa que o autor escreveu para esse mundo. O conto é simples, mas muito eficiente no que se propõe. Ele não só deixa bem claro o que é um bruxo e como ele trabalha, como estabelece com maestria os perigos que esse ofício enfrenta por algumas poucas moedas e todo o preconceito que sofrem. O confronto com a Estriga é um dos meus favoritos do livro, e creio que é ele em específico que vai definir se você vai ou não gostar dessa história.
Um Grão de Veracidade:
Esse é basicamente um reconto bem esquisito de "A Bela e a Fera" e junto com um próximo que vem mais a frente é um dos que menos gosto nessa primeira entrada. Não tenho muitos comentários além desse, então vamos para o próximo.
O Mal Menor:
E foi nesse conto que, antes de me decepcionar de vez com a saga em um dos livros futuros que me fez me apaixonar por todo esse universo. Esse conto me marcou tanto, que até hoje uso a frase que mais me marcou nele no perfil aqui do Skoob, e vai precisar vir uma coisa muito forte para fazer ela perder esse posto. Ele também é um reconto de outro conto de fadas "Branca de Neve", se não me engano, mas não tem tantas similaridades como o anterior. Renfri é uma personagem intrigante e que te deixa curioso sobre quais são as verdadeiras intenções dela, e se o que o Mago Stregobor fala sobre ela é verdade ou não. O tema principal desse conto é a moralidade, e o quanto fazer a escolha que seria "O Mal Menor", pode acabar exigindo um sacrifício alto demais no fim das contas... Para quem já viu a adaptação da Netflix, o primeiro episódio e parcialmente baseado nesse conto, ele tem uma das cenas de luta mais legais da saga toda eu diria e é aqui onde Geralt ganha o apelido de "O Carniceiro de Blaviken".
Uma Questão de Preço:
Esse aqui é muito bom por dois motivos: É ele que introduz para o leitor o conceito da "Lei da Surpresa" que é algo muito importante dentro da história, como também é aqui onde começam a ser plantadas as sementes que iriam originar aquela que para mim é a melhor e mais desenvolvida relação da saga: a de Geralt e sua criança surpresa, a Princesa Cirilla, a Leoazinha de Cintra, nossa querida Ciri. Todo o mistério do conto é bem envolvente, e o jeito que o sangue antigo é explorado de forma tão descarada e clara logo no começo de tudo é muito bem feito, já mostrando o que estaria por vir nos próximos livros. Sem falar, que alguns dos personagens do conto como a Rainha Calanthe e Duny teriam uma importância considerável nas próximas entradas da série.
Os Confins do Mundo:
Olha, esse aqui não é tão solto quanto "Um Grão de Veracidade" que não tem muita relação com o resto, mas ainda assim acho ele bem mais fraquinho quando comparado aos demais. É bom ver uma aventura mais simples e o Geralt com Jaskier na estrada procurando trabalho, mas além dos Confins do Mundo em si não serem tão interessantes quanto outras partes dessa terra que já vimos em outros contos, se você tirar a narrativa dos elfos, que é o que o conto realmente quer estabelecer para o leitor, ele é bem fraco. A relação com o Silviano é legal, saber o motivo dos elfos não aparecerem também, mas todo aquele plot com a menina que era na verdade uma divindade é meio do nada, e até onde eu li nunca voltou a ser comentado. Ah! Tem a Turuviel nesse conto também, e ela é legal. Ah! E na série foi no episódio que adaptou esse conto que ganhamos a tão famosa música do Jaskier, que também está servindo de título para essa singela resenha.
O Último Desejo:
O conto que dá nome ao livro é uma ápice legal para terminar o primeiro conjunto de aventuras do Bruxão da Massa. Além do Djinn ser uma criatura muito interessante, é bom ver como ele não é um "gênio da lâmpada" do jeito clássico que a gente conhece. E eu tenho que admitir que descobrir o que foi o primeiro pedido do Geralt, e que ele de fato o cumpriu foi algo que me fez rir demais sozinho enquanto lia. Aqui, a Yenneffer é finalmente introduzida, apesar de já ser citada diversas vezes durante "A Voz da Razão" e eu acho que dá para afirmar que ela é meio que o foco nesse primeiro livro. Ou melhor dizendo, a relação dela com o Geralt e esse conto nos mostra como essa relação começou para início de conversa, e o motivo dela ser tão conturbada. Yenneffer não é a melhor pessoa do mundo nessa primeira aparição, e algumas atitudes dela deixam isso bem claro. Porém, não dá para negar que a personalidade dela, o jeito que ela age e todo o mistério que a envolve é algo que faz não só você, como também o próprio Geralt se apaixonar por ela. O clímax do conto com a cidade toda em chamas foi umas das coisas mais épicas que The Witcher teve para mim, nos quatro primeiros livros pelo menos.
Outra coisa que esqueci de comentar mas de que goste muito, é como cada conto acaba mais cedo ou mais tarde "explicando" o nome que tem, seja com você entendo ao que o título está se referindo dentro da narrativa, ou aos próprios personagens falando o nome. É um detalhezinho legal que me deixou sempre ansioso para continuar a leitura.
Por fim, só queria dizer depois de todo esse textão que, esse primeiro livro aqui é uma ótima leitura para quem gosta de fantasia e procura uma coisa diferente para se ler, é uma leitura bem rápida por ser em formato de contos, mas nenhum deles se estende ou acaba cedo demais, tendo um ritmo perfeito! Então, qual é a sua desculpa para não se aventurar nesse mundo e dar um trocado para esse Bruxo que nos faz vivenciar histórias tão fantásticas?