O Vale dos ossos secos

O Vale dos ossos secos Carlos Nejar




Resenhas - O Vale dos ossos secos


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@jaquepoesia 18/09/2023

"Tudo é palavra. E a palavra é tudo."
Através da palavra criamos mundos, e esses mundos geram mais e mais palavras.E é através das palavras que o sublime dos sonhos, o significado espiritual por trás da vida e da morte, as diferentes vidas de dois homens chamados Israel se fundem em um amplo tecer de ideias, filosofias e reflexões.
Existe um Israel Najara no presente, tão poeta quanto o outro que era rabino, cujo a morte data de 1625. Existe a partir daí um livro extremamente original e cativante!

Hora o narrador em terceira pessoa nos apresenta Israel Najara que está em Pontal com seus familiares, animais de estimação e conhecidos.
Hora em primeira pessoa o próprio Najara conduz o leitor(a) a sua percepção de mundo. Sensível, Israel Najara é um artista, um essimil carpinteiro que domina tão bem a madeira quanto as palavras.
Poeta de alma plantada na entranha das palavras, Najara nos conta fatos marcantes de sua vida, tal como a morte de sua irmã quando ele era ainda um adolescente. Mais tarde no presente, vemos Najara assistir a morte de Luciana a cadela da família, e então discorrer sobre como enxerga a morte. E em meio a esse redemoinho de ideias Israel Najara nos pergunta:

"Leitores, que sentimento passou pelo gato Homero e o cão Horácio, com a morte de Luciana(...)?"

Sim, este narrador deseja saber o que percebemos e sentimos diante do seu relato, tão sedento por um receptor de suas angústias quanto um poeta por declamar o que sente.

"Na morte vêm à tona coisas desavisadas."

Nesta complexa obra cheia de camadas, há uma narrativa que a primeira vista pode parecer seguir uma linha, mas que nos surpreende!
Há também aqui conclusões concretas sobre vida que só se dão através do fluxo de consciência do personagem. Há poesia, mas antes dela há todo um passado do qual o Israel vai e vem nos levando para dentro de nós. Há também nesta obra um romance (onde cabe a história de amor entre ele e Adália).
Neste livro coube também uma barco que não caberia em rio. Aqui o poeta dos pampas, membro da Academia de Letras, considerado um imortal da literatura, nos entrega uma obra-prima que transcende como pouquíssimos livros podem transcender.
Eis aqui uma barca feita de palavras, uma aliança com Deus, uma história sobre fé, um pequeno manual (ou anotações) de um poeta.
Leiam #ovaledosossossecos de #carlosnejar
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