A estirpe

A estirpe Carla Maliandi
Carla Maliandi




Resenhas - La Estirpe


10 encontrados | exibindo 1 a 10


isabelhias 26/05/2024

Morno
A protagonista sofre uma pancada na cabeça e fica com a memória comprometida, embaralhada. Enquanto se esforça por se conhecer de novo - além da sua identidade, os afetos e a realidade social e doméstica também deixaram de fazer sentido para ela -, Ana vai se encontrando conforme se lembra que, antes do acidente, escrevia um romance histórico.

Em seu escritório, observar o romance e descobrir sua relação com os povos originários, enquanto redescobre a si mesma, foi uma ideia muito interessante e, pra mim, ponto alto da leitura.

Ocorre que não consegui acompanhar onde a autora quis chegar. O final é decepcionante por não responder nenhuma das perguntas que foram colocadas (e bem colocadas), deixando aquela enorme margem de interpretação e um sentimento de escrita interrompida.
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ogatoleu 03/05/2024

A estirpe
"ESTIRPE (sf)*

(obsoleto) Parte da planta que se desenvolve dentro da terra; raiz"

"EXTIRPAR (vtd)*

Arrancar uma planta puxando-a pela raiz."

Iniciei "A estirpe", da argentina Carla Maliandi, pensando que fosse um livro de proposta (e execução) simples.

Ana é uma escritora que trabalhava em um livro sobre uma história de sua família. Até que, numa festa, um globo (um daqueles de discoteca) cai bem em cima da sua cabeça. Ana acorda num hospital, sem lembranças de coisas que havia vivido antes.

Narrativas que exploram amnésia e outros transtornos de memória... já ouviu alguma antes? Bom, não seria a primeira ou última vez que se estaria diante de uma. Esses temas são como minas de ouro inesgotáveis, com imenso potencial de inspirar enredos de sucesso. Mantive um interesse no livro, mas achava que já sabia o que esperar.

Entra a astúcia de Maliandi: as histórias mais interessantes costumam ser aquelas que nos surpreendem de alguma forma. Um elemento crucial da surpresa é sermos movidos do lugar que nos é habitual. As páginas desse livro iam sendo viradas, e eu ia sendo deslocada do meu chão. O que parecia ser tão opaco vai desvelando suas camadas.

"A estirpe" circunda pelos sentidos de palavras-chave como "memória" e "familiaridade". Somos conduzidos ao estranhamento do familiar. A memória tem tanto um sentido individual como coletivo. O esquecimento pode ser ocorrência natural, mas também pode ser artifício -- construído por instituições com o poder de selecionar o que vemos como História.

Por trás das cortinas da História contada pelos "vencedores", as palavras daqueles que a escrevem estão calcadas nas palavras que foram silenciadas. Línguas e culturas que não apenas cessaram de existir, mas foram extirpadas. Detrás das cortinas, a violência.

Gerações depois, alguém se senta em frente ao papel, à máquina, ao teclado. Onde ela está sentada?

*Significados retirados do Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (2023)

Ig: @ogatoleu

site: instagram.com/ogatoleu
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Jubalinhas 28/02/2024

Identidade
A tradução tem muitos problemas, chama aquecedor de estufa e mantém estruturas do espanhol quando elas não são necessárias e causam estranheza.
A história não avança muito, mas tem reflexões interessantes sobre a memória e o que nos torna quem somos.
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letscia 15/01/2024

? 7 (2024)
A Estirpe é um livro muito fluído. Os capítulos são pequenos e a história é bem linear, até mais do que eu pensei que seria. É um ótimo livro para ler em um dia só.
A Ana é uma protagonistas de muitas complexidades. A figura da trança é com certeza a que fica mais marcada em toda a história, figura em que ela se agarra como se fosse uma espécie de identidade que ela pudesse assumir.
Ana é muito dependente da ajuda de todos, não entende o que acontece no mundo ao redor e sempre foca a sua atenção no ordinário, preocupando toda a família. Ela é simplesmente uma pessoa vazia, sem memórias e sem qualquer predicado. O livro que ela tenta escrever talvez até seja uma forma de afirmar: Eu escrevo! Eu ainda sou Ana!
O Marido enxerga ela como alguém com "mau funcionamento", a mulher com quem ele se casou em uma versão imperfeita. Talvez esse seja o motivo do fascínio dela com a ideia do vendedor, como um homem que não sabe o seu nome ou quem ela é, um homem que veja ela como gente completa, um homem com quem ela não precisa ser alguém, mas somente isso: uma mulher.
É difícil falar sobre o enredo pois a história não tem um estopim, é mais um relato de Ana e das formas que ela encontra de viver nessa sua nova realidade.
"(...) penso que Alberto já não sabe quem sou, quem é esta que mora em sua casa, esta que agora ele enxerga como uma inválida. E que eu tampouco sei quem é. Também penso que não devo dormir sestas tão longas porque à noite fico sem sono."
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Lurdes 14/12/2023

Que livro bom!
A Estirpe conta a estória de Ana que, em sua festa de aniversario, é atingida por um globo espelhado que despenca em sua cabeça.
O acidente faz com que ela perca sua memória, não só de fatos ou pessoas mas, também, das palavras e afetos.

Reconstruir sua vida é um quebra cabeças que parece insolúvel.
Acompanhamos os esforços de Ana para tentar se comunicar, pois até sua capacidade de falar foi afetada.
Encontrar as palavras certas para dizer o que está pensando, sentindo é um grande esforço.
Ela é casada com Alberto e tem um filho pequeno, que não consegue lembrar o nome, e chama de "o menino".

Se não encontrar ou compreender as palavras, para falar, ler ou escrever, já seria complicado para qualquer pessoa, imagina para uma escritora.

Sim, Ana é escritora e estava no meio de uma grande pesquisa para escrever um livro sobre seus antepassados, abordando especialmente a vida de seu tataravô, tido como um herói pela família.
Em fins do século XIX ele havia sido regente da banda do exército durante a Campanha do Chaco que arrasou os acampamentos dos índios guacurus e que talvez não tenha sido tão heróico como se supunha.

Por conta do livro, seu escritório está repleto de documentos, fotos, anotações que são, agora, incompreensíveis para ela.
É comovente acompanhar os esforços de Ana para re-conhecer a si mesma, e ao que era importante para ela.
Parece uma boa ideia começar pelo seu escritório, tentando saber mais sobre o que ela estava produzindo com tanta dedicação e afinco, mas parece que isto pode complicar ainda mais as coisas, pois memórias suas correm o risco de se misturar com as memórias de seus personagens.
Um livro sensível, com uma escrita delicada, que traz à luz questões de um passado não tão glorioso da Argentina e de sua família, além das angústias e fragilidades de quem enfrenta um transtorno mental.

Um belíssimo livro, que me foi cedido em parceria com a Editora Moinhos.
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Ederson 26/10/2023

Leitura ótima, livro exige muita interpretação
A Estirpe traz uma simbologia que adorei. O esforço da personagem para relembrar seu projeto de escrever sobre povos originários. Ao mesmo tempo, logo após o acidente que tira sua memória, ela não faz muita questão de se lembrar sobre sua vida e sua família.
A autora coloca esses dois pontos em uma narrativa fluida, gostosa de se ler, com alguns momentos memoráveis, às vezes bem humorados.
O problema para mim foi uma sensação de incompletude após a leitura. Onde a história quis chegar com o tema abordado? Apesar de render boas reflexões na jornada, não sei qual foi realmente o ponto.
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Gabriela3420 29/08/2023

A estirpe
Ana é uma escritora que perde a memória durante o processo de escrita de um novo
livro. O enredo é sobre seu avô, um militar que foi regente da banda do exército durante a
guerra do Chaco.
.
Na tentativa de recuperar suas recordações, Ana experimenta um enorme angústia
por não saber mais quem é e por não conseguir se conectar com a família e amigos.
Durante a busca por si mesma, ela encontra uma trança indígena em meio a relíquias de
família que vai agravar o seu estado de saúde.
.
?A Estirpe? é escrito de forma crua e pungente, apesar de curto é uma leitura
pesada. Recomendo para leitores que já estão acostumados a livros que deixam mais perguntas do que respostas.
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Alexandre | @estantedoale 26/08/2023

Lembrar de quê mesmo?
O processo de recobrar a memória é angustiante. Mas e quando você precisa lembrar de algo que, com um novo jeito de pensar, não faz mais sentido?

Em “A estirpe”, Ana é uma escritora e pesquisadora que precisa começar a escrever o livro que fala de seu tataravô, regente de uma banda do exército durante a Guerra do Chaco, um confronto que matou milhares de indígenas e que se tem poucos relatos.

Mas até sua consciência despertar para a barbaridade que seria escrever um romance baseado nisso, ela inicia um processo de lembrar da sua família – e do que sentia por ela –, dos amigos, do trabalho, da rotina que mantinha.

À medida que o livro de Carla Maliandi desenvolve a difícil trajetória em busca de recuperação e respostas, o leitor também vê o definhamento da mente e a solidão a que a personagem se submete.

Uma sombra cresce sobre a cabeça de Ana, e perceber isso é o que traz a quem lê um nó na garganta. Tristeza? Medo? Raiva? O sentimento não é bem claro. Mas é uma agonia que não permite tirar os olhos do enredo.

Tudo piora quando Ana decide continuar seu livro, mesmo sem saber o que escrever, e começa a vasculhar anotações, caixas com materiais e documentos, muita poeira e sujeira… Ali, um elemento específico vai mudar completamente o rumo da história; definirá a loucura.

A escrita da argentina Carla Maliandi é fluida, sucinta nos detalhes e forte nas colocações. Torna a leitura desse drama rápida, mas nem por isso leve. Uma obra para causar desconforto, sem dúvidas.

site: instagram.com/estantedoale
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Gabs - Entre Prólogos e Epílogos 02/08/2023

Para sair da zona de conforto e ler com olhos bem atentos
Um livro com menos de 130 páginas, capítulos curtos e linguagem direta, porém com muita margem para a subjetividade e para o leitor preencher as lacunas.
Ana acorda no hospital, com dificuldade para falar, chamar alguém. Se lembra apenas que em seu aniversário um globo de espelhos caiu em sua cabeça e que agora está com uma espécie de amnésia. Quando volta para casa precisa reaprender quem é, do que gosta, recordar nomes e rostos, mas mais importante: descobre que estava escrevendo um romance histórico. A partir daí, a história vai ficando mais angustiante e misteriosa. A autora usa a narração de Ana em primeira pessoa e sua amnésia para, paradoxalmente (ou não), lembrar (em pinceladas suaves) de um momento terrível da história argentina, ao mesmo tempo que ressalta personagens marginalizados socialmente.
O desenvolvimento pode ser realmente frustrante para vários leitores: chegando próximo ao final já ficamos com o pressentimento de que o livro vai deixar mais perguntas do que respostas. Cabe ao leitor ser corajoso e enfrentar esse desafio :)
Mas é importante destacar alguns pontos: com sua escrita misteriosa, Carla Maliandi vai trazer aqui temas importantes para a América Latina: a reparação histórica para povos originários, as relações de trabalho e dominação que parecem persistir, a saúde mental, relações familiares...
Vale a pena encarar e tirar suas próprias conclusões!
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Tathi (@Doidosporserieselivros) 25/07/2023

Perfeito! Mas quero conversar com alguem sobre o final!
Olá queridos amigos leitores! Essa semana recebi de presente o lançamento da @editoramoinhos , A estirpe de @carlamaliandi , devorei ele em tempo recorde, e hoje venho trazer minhas impressões sobre a leitura.

?????? A saúde mental é um privilégio muito delicado de que é preciso cuidar..?

Em Estirpe, conhecemos Ana, uma mulher que após sofrer um acidente com um globo espelhado em seu aniversário, acorda sem memória, com a mente fraca, e mal consegue se comunicar.
Justo ela que era uma escritora, com habilidade para se expressar com palavras e letras, agora esqueceu até o nome de seu filho.
Suas dificuldades se tornam singulares pois os exames não detectam nada anormal, e também não parece ter acontecido nenhum trauma psicológico. Ana acaba se tornando um mistério para os médicos e familiares.
Apesar de tudo ela ainda quer terminar seu livro, um relato sobre as atrocidades cometidas na campanha de Chaco.
Ana pretende mostrar a parte da história que os livros não contam, mas precisa que seu cérebro volte a funcionar em sua normalidade.

? ? minhas lembranças são coisas sem forma, flutuam num rio cheio de sujeira.?

Com uma escrita cativante e envolvente, sentimos a angústia de uma protagonista que perdeu a capacidade de se conectar com a paixão de sua vida que era contar histórias, e não consegue nem mesmo se conectar com os próprios sentimentos perante o filho ou amigos próximos.

Para mim, foi uma leitura cheia de perguntas e incógnitas, que me fizeram criar algumas respostas para determinados fatos.

A estirpe é um relato de uma mulher que perdeu tudo, pois o que somos sem nossas memórias afinal? O que podemos ser sem saber o que sentimos, éramos e como costumávamos agir?

Em meio a confusão que virou a vida de Ana, o leitor conhece mais sobre a Guerra do Chaco que foi um conflito que aconteceu entre Bolívia e Paraguai entre os anos de 1932 e 1935. A guerra foi causada por causa da disputa territorial pela região de Gran Chaco, e o grande desrespeito e as condições que os índios da região eram submetidos.

A Estirpe é uma leitura enriquecedora é extremamente intrigante disponível no site da editora.
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