Isabella.Wenderros 29/08/2022É melhor criar unicórnios, mas não expectativas. Através de um programa de correspondências da escola, Luca e Griffin viraram amigos aos treze anos. Ele, vivendo na Inglaterra e ela, nos Estados Unidos. Por vários anos eles trocaram suas experiências através das cartas, mostrando suas inseguranças um para o outro e construindo uma relação de confiança e acolhimento como nenhuma outra. De repente, Luca deixa de escrever e Griff só descobre o motivo quase uma década depois. Desse ponto em diante, eles precisam compreender seus sentimentos e desvendar como continuar aquela amizade como adultos.
Eu queria que essa resenha fosse tão elogiosa como eu esperava! Assim que vi esse lançamento, já coloquei na minha lista – adoro livros que tenham trocas de cartas. Estava tão otimista que me senti murchando lentamente enquanto as páginas passavam e tudo o que pensava era: “É isso? Cadê a química desse casal?”. Quase abandonei, mas queria tanto gostar que decidi terminar na esperança de uma reviravolta, mas, infelizmente, não aconteceu.
Acredito que já ficou um pouco óbvio acima que eu não fui convencida pelo romance e esse foi o principal problema. Os dois perdem contanto, se reaproximam alguns anos depois, o protagonista guarda mágoa da Luca, mas assim que ela diz o motivo de seu sumiço, ele perdoa tudo e a amizade entre eles recomeça do zero – não estou dizendo que o motivo da mocinha foi fútil, longe disso. Os traumas que ela carrega, o que ela vivenciou, estão além da minha compreensão, mas essa virada de chave instantânea, essa amargura guardada há 8 anos que é automaticamente jogada fora... Ali já me perdeu um pouco. As trocas de cartas eróticas me fizeram revirar os olhos e as cenas sensuais também não tiveram apelo nenhum para mim.
Toda a situação que leva até o encontro propriamente dito entre eles e ao envolvimento sexual, me passou a sensação de algo raso. Os discursos românticos me pareceram forçados, sem profundidade. O amor entre eles ficou nítido, a paixão, o desejo, a parceria – eu vi tudo isso. Mas não fiquei convencida. Eu não torci por eles, não vibrei, não me emocionei.
Além dessa falta de conexão, também fiquei desejando conhecer mais dos protagonistas como indivíduos, já que quando não estão trabalhando ou juntos – ou pensando em estarem juntos –, parece que eles não almejam nada. Luca ou está fazendo suas atividades diárias, ou está falando com o Doc – parece ser a única coisa que ela faz por si própria – ou trabalhando ou ansiando pelo cara. Já o Griff trabalha, reclama do assédio da mídia ou fica pensando na Luca. Basicamente, eles só fazem essas coisas. É como se não tivessem interesses particulares, atividades que os façam felizes sem a presença do outro e isso me incomodou um pouco – principalmente por parte do protagonista masculino; pra ela é mais difícil mesmo.
Parece que eu não gostei de nada, mas teve um personagem que foi um acerto das autoras: o Doc é alguém que adorei acompanhar, com sua paciência e dedicação inacreditáveis para com a Luca. Ele acolheu essa jovem como filha, muito mais do que uma paciente.
Dito tudo isso, não sei se recomendo. Vi muitos elogios enquanto eu, honestamente, acho que perdi meu tempo. É uma leitura rápida, então isso é um ponto positivo, porém esperava muito mais.