Resenhas - Thérèse Raquin

Henrique 10/08/2023

Bem....
O livro é meio bobinho, mas foi escrito por um Zola ainda muito jovem, com apenas 27 anos. Mesmo assim já é possível sentir uns traços do brilhantismo que viria florescer depois.

Carlos Nunes 14/04/2023

Bem, vamos com calma... Zola é um dos meus autores preferidos, tudo o que li dele é não menos que excelente, ao passo que GERMINAL e A BESTA HUMANA são excepcionais, inquestionáveis obras-primas. E para quem conheceu o autor por esses livros, talvez ache THÈRÉSE RAQUIN bem inferior. E aqui é necessário colocar os pingos no "ii" e situar a obra: Zola tinha 27 anos quando escreveu esse livro, uma de suas primeiras obras e seu primeiro sucesso editorial. E é aqui que ele lança inicialmente suas ideias naturalistas, e o faz de forma bastante intensa e incisiva. Como ele mesmo diz, no prefácio, o que ele deseja é fazer um estudo científico, e o faz de forma bastante apaixonada e direta, sem desvios, floreios ou humor. Ao mesmo tempo, já percebemos o embrião de muita coisa que viria depois. Comparado com suas obras posteriores, é inegável que ele foi evoluindo como escritor, aprimorando sua técnica e suavizando suas colocações. E como também nessas outras obras o ambiente é mais amplo, com cenas abertas e com muitas pessoas, o peso das cenas fica mais diluído. Nesse livro, uma obra mais curta e quase totalmente passada em um pequeno apartamento, com um grande peso psicológico nos sentimentos dos personagens, a atmosfera é bem mais opressiva. Eu gostei bastante, fiquei bem curioso com o desenrolar da trama, mas entendo que não é um livro que irá agradar a todos, nem considero uma boa porta de entrada para conhecer o trabalho do escritor que, apesar de tudo, segue sendo um dos meus favoritos.

Lucas Salsicha 21/11/2022

Animalesco
A narrativa de Zola é simplesmente incrível. Desde que a li em 2016, para uma cadeira do Curso de Letras, sempre tive uma atração para a análise do lado animal do ser humano. O modo como Thérèse e Laurent, ao longo da narrativa, se entregam aos desejos carnais a ponto de cometerem um assassinato, promove uma profunda análise crítica do quanto o ser humano pode ser baixo para saciar seus desejos. Mais interessante, ao meu ver, é que tal ação irracional traz consequências que, pouco a pouco, aniquilam a sanidade dos dois amantes. A Sra. Raquin, paralisada, sofre não pela doença, mas pelas suas descobertas e, de um momento para o outro, nós vemos torcendo, de forma selvagem, pela realização de sua vingança.
Esse livro me inspirou em muitos aspectos para escrever meu livro 5 Semanas de Chuva, e sem dúvida é uma das bases da minha escrita.

Silvane 26/09/2022

O romance inesperado
Émile Zola foi o precursor do romantismo naturalismo , a história de Thérése Raquin (1867) foi algo inesperado para a época,  muitos críticos a chamaram de a escória da literatura,  foi repudiada e proibida. Longe de descrever a beleza da côrte, o romance meloso, ele escreve a realidade de grande parte da população francesa, uma vida comum, acordar cedo, trabalhar,  colocar os custos na ponta do lápis,  planejar bem, para que não falte o essencial.  Descreve também aquele ser humano que não está nem aí para o trabalho,  sonha em ser artista,  um pintor consagrado,  mas precisa trabalhar senão morre de fome,  no caso Laurent é esse personagem,  que acaba encontrando uma oportunidade possível , mesmo demorando um pouco e tendo um alto custo, ele encontrou o conforto na casa de Camille.
Thérése Raquin é a história de dois amantes,  que não tem oportunidade de ficarem juntos, por Thérése ser casada, então os dois amantes planejam a morte do marido de Thérése,  que se chama Camille. Isso mesmo, o Camille que acolheu Laurent e o tratava como um irmão e a mãe de Camille o tratava como um filho.  Laurent era da mesma cidade da sra Raquin,  Camille e Thérése,  e quando a família se mudou para Paris,  eles reencontraram Laurent. 
De início Laurent achou Thérése tão sem graça,  tão  feia, julgava a vida dela ao lado dos dois tão insossa que falava a si mesmo " ela será minha amante,  facinho." Mas ele não esperava que aquela mulher recatada tinha um "fogo" tão intenso dentro de si, que foi Laurent que não aguenta os dias sem tê-la em seus braços.  Por isso planejaram a morte do pobre Camille. 
Depois do assassinato de Camille,  as coisas mudaram, e o que os dois amantes sonhavam nunca aconteceu,  ao menos na mais perfeita paz.
Esse romance além de naturalista,  tem uma pegada gótica,  pelo cenário sinistro,  o terror e o suspense.