Assores 27/07/2024
Não foi por falta de aviso…
Reencarnei como uma jujuba e outros textos igualmente degradantes parece ter plena consciência do absurdo que é, e constantemente nos avisa sobre tal coisa, mas todo leitor é teimoso; temos isso no nosso core. Me arrependo de ter lido o livro? Não! De forma alguma, mas nunca mais olharei para uma jujuba com minha visão automática e indiferente de antes. Para mim, todas elas agora são capazes de criar um livro tão maluco quanto esse.
O livro é divido em duas partes: os contos, uma viagem entre o astral e o banal, e alguns pequenos textos e poemas, que também carregam certa loucura. Gostei mais dos contos, e gostaria que alguns tivessem algum tipo de continuação ou mais desenvolvimento. Destaco Descaroçador de Queijo, Encanador Xamânico, Pato Pacato e Almir, o porteiro do inferno, sendo este último o que mais me interessou, pela atmosfera quase existencialista, beirando o niilismo, mas com um quê de burocracia, me fazendo lembrar dos rostos de funcionários de cartórios, uns quinze minutos antes deles baterem o ponto de saída.
Há muito sarcasmo na escrita de Douglas, e para quem me conhece, sabe que essa é minha praia proverbial. Em certos momentos parece que aquele personagem, o Deadpool, estava ao lado do autor, dando pitacos. Os temas correm por entre um homem com problemas de asseio, um mosquito, e uma pessoa tentando se encaixar, e vários outros. O que posso afirmar é que, mesmo com todos os avisos, e são muitos, se você insistir em se aventurar nessa loucura, com certeza gargalhará muito, seja com o absurdo ou com a forma como o autor organiza suas ideias, que de tão malucas, algumas até fazem sentido.
Reencarnei como uma jujuba e outros textos igualmente degradantes é uma leitura rápida, como aquela piada que te vem à mente em momentos embaraçosos, e você não sabe se ri ou se chora. Recomendado.
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