Cássio 26/12/2022
Quem me dera poder correr uma "major" todo ano!
Termino a leitura sentindo-me conectado a ele, compartilhando emoções por fazermos parte do mesmo grupo de pessoas - que como ele diz, têm sanidade questionável - aqueles que gostam de correr.
Assim como em "Correr", do Dráuzio Varella, a leitura parece cíclica, repetitiva, tal como alguém que corre num circuito fechado e vai começando a se sentir impaciente com a regularidade com a qual passa pelas mesmas árvores, pela mesma curva, pelo mesmo latão de lixo mal cheiroso. O que não é um problema, na verdade só reafirma o efeito de repetição na rotina de treinos de um corredor. O destaque se dá, contudo, devido à posição que o autor ocupa, como intelectual reconhecido internacionalmente. Na leitura, temos contato com experiências que vão além dos treinos cotidianos de um corredor mediano. Ficamos nos imaginando calçando os mesmos tênis que ele, observando as paisagens da Grécia, do Havaí, Boston e NY... Se sonhamos com, um dia, ter dinheiro pra correr uma prova internacional, para ele isso parece ser algo trivial.
Os capítulos parecem ter a mesma conexão entre si que os pensamentos passando pela mente de alguém enquanto corre, ora lineares, ora divergentes. Me peguei percebendo que, assim como o autor, talvez eu deva registrar com mais cuidado minhas memórias como corredor, pois aos poucos posso ir perdendo a riqueza dos detalhes das minhas primeiras provas de longa distância ou outras conquistas pessoais cujo valor diz respeito somente a mim.