Escravidão

Escravidão Laurentino Gomes




Resenhas - Escravidão - Volume 3: Da Independência do Brasil à Lei Áurea


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Rosangela Max 05/04/2024

Encerra-se com louvor esta obra-prima de trilogia.
Sem palavras para descrever o trabalho excepcional que o autor realizou nesta trilogia.
Este último volume já começa mostrando a crueldade dos ?donos? dos escravos, tanto da parte dos homens quanto das mulheres. Claramente, para quem leu os volumes anteriores, esta crueldade não é nenhuma novidade. Porém, ainda, impacta, entristece, revolta e envergonha. Saber o quão ativamente o nosso país participou e incentivou a desumanidade da escravidão me fez entender um pouco mais o por quê de muitas atitudes que ainda vigoram na nossa sociedade. Principalmente em relação ao racismo estrutural e a cultura patriarcal que, na época, responsabilizaram a Princesa Isabel pela decadência e pelo fim da monarquia no Brasil.
Dentre tantas partes e personagens importantíssimas, adorei conhecer a história dos abolicionistas André Rebouças, Luís Gama, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.
Neste volume algumas partes são repetitivas, ou porque já tinham sido citadas nos outros dois volumes ou porque foram citadas no início da leitura e depois novamente no decorrer. Mas nada que tire o brilho deste trabalho fantástico de pesquisa e de escrita.
Super recomendo.
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Romeu Felix 08/07/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Escravidão: Da Independência do Brasil à Lei Áurea" é o terceiro volume da aclamada trilogia escrita por Laurentino Gomes, que aborda de forma abrangente e minuciosa a história da escravidão no Brasil. Nesta obra, o autor se concentra no período compreendido entre a Independência do Brasil, em 1822, até a abolição da escravatura, em 1888.

Laurentino Gomes, renomado jornalista e escritor brasileiro, mais uma vez demonstra sua habilidade em apresentar fatos históricos complexos de maneira acessível e envolvente. O livro é resultado de uma extensa pesquisa, fundamentada em documentos históricos e relatos de época, que proporcionam uma visão aprofundada sobre os aspectos políticos, econômicos e sociais relacionados à escravidão nesse período crucial da história brasileira.

A obra está dividida em capítulos que exploram diferentes momentos e temas relacionados à escravidão no Brasil do século XIX. Laurentino Gomes examina a influência da escravidão no processo de independência do país, a expansão da economia cafeeira e o papel desempenhado pelos escravizados na construção do Brasil como nação. Além disso, o autor analisa os diversos movimentos abolicionistas e as tensões sociais que permearam a sociedade brasileira ao longo desse período.

Uma das contribuições mais significativas do livro é a ampliação da compreensão da escravidão para além do seu aspecto econômico. Laurentino Gomes retrata os aspectos humanos e emocionais da experiência escrava, oferecendo aos leitores uma perspectiva mais profunda sobre o sofrimento, a resistência e a luta pela liberdade dos indivíduos escravizados. O autor traz à tona histórias individuais e coletivas de pessoas escravizadas, humanizando-as e resgatando suas vozes que foram muitas vezes silenciadas.

Outro destaque do livro é a contextualização dos eventos históricos em um cenário internacional, mostrando como a questão da escravidão se relacionava com movimentos abolicionistas em outros países e como as pressões externas influenciaram a dinâmica política e social no Brasil.

Com sua narrativa envolvente, Laurentino Gomes desperta a curiosidade e o interesse do leitor ao abordar um tema tão importante e complexo da história brasileira. Além disso, o autor utiliza uma linguagem clara e acessível, tornando o livro acessível tanto para especialistas quanto para leitores não familiarizados com o assunto.

No geral, "Escravidão: Da Independência do Brasil à Lei Áurea" é um livro fundamental para compreendermos a história da escravidão no Brasil e suas implicações na formação da sociedade brasileira. Laurentino Gomes oferece uma pesquisa detalhada, análises perspicazes e uma abordagem humanizada da experiência dos escravizados. Essa obra é um testemunho importante de um passado doloroso e uma contribuição significativa para o entendimento da complexidade das relações raciais e sociais no Brasil contemporâneo.
Por: Romeu Felix Menin Junior.
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Konshal 29/10/2023

TARDIA LIBERDADE
ART 1º - É DECLARADA EXTINTA DESDE A DATA DESSA LEI A ESCRAVIDÃO NO BRASIL. Esta sucinta lei proclamada em 13 de maio de 1888 esconde uma enorme transformação política e social pelas quais o Brasil passou ao longo do século XIX e são retratadas das mais diversas formas nesse terceiro e último livro da trilogia Escravidão de Laurentino Gomes.

Para início de conversa, o livro abre com uma linha cronológica destacando os anos em que países ao redor do mundo aboliram a escravidão em seus territórios. E com esse simples parâmetro percebemos o quanto o Brasil foi retardatário nesse sentido. Muitas nações instituíram a abolição antes mesmo de termos a nossa independência.

Histórias de vida de personagens-chave ajudam a estudar o perfil do Brasil imperial. Desde pontos de vista raríssimos de se conhecer (os de escravos) abordados por figuras como Mohammad Gardo Baquaqua e Nã Agotimé. Esta última, por exemplo, representa figuras da nobreza africana que, uma vez que perdiam guerras e/ou disputas de territórios na África, eram escravizados por lá e podiam ser trazidos como tal para o Brasil.

Da mesma forma, trajetórias, por certas vezes semelhantes, de alguns homens também nos auxiliam a montar as peças do crescente movimento abolicionista que floresceu no século XIX - período compreendido por esse volume - no seio da nova camada social da população brasileira: a de profissionais liberais. Nem tão ricos quanto a aristocracia cafeeira, mas que gozavam da liberdade negada aos negros.

Já conhecer a forma de pensar dos escravocratas convictos nos levam a questionar certas homenagens póstumas que estes receberam. Tidos como exemplos da sociedade, os seus negócios prosperavam da forma mais nefasta possível, não só pela exploração da mão-de-obra escrava, mas também por fazer operações comerciais envolvendo escravos justamente quando isso era proibido por diversos tratados e convenções capitaneadas à época pela Grã-Bretanha e dos quais o Brasil era signatário. Por que esses criminosos perante a lei foram considerados dignos de estátuas pelo país afora?

Uma coisa que me incomodou nesse volume 3 foi que muitos capítulos (especialmente no miolo do livro) se perderam na repetição de números em cima de números e de dados em cima de dados. Por mais que estes sejam importantes, sempre acredito que fatos históricos são mais determinantes para se entender algo histórico do que uma profusão de índices e porcentagens diversas. Acredito que Laurentino Gomes tenha exagerado na hora de repassar o seu amplo estudo para a obra final. Faltou um refinamento melhor no compilamento desses dados.

De um modo geral, a manutenção da escravidão e a sua abolição tardia em relação ao restante do mundo ocorreram por motivações simplesmente políticas e econômicas. Motivações mesquinhas tal qual a elite brasileira à época. A ?compra? de apoio político era realizada por meio de títulos ?barônicos? de pouca ou nenhuma relevância, onde os fazendeiros/cafeicultores ricos (especialmente os que residiam no Vale do Paraíba) poderiam viver em seu mundo de faz-de-conta numa cópia mal-ajambrada da sociedade europeia.

Para plantar e colher café nas grandes fazendas, para mover a vida urbana do Brasil imperial, os escravos estavam ali para serem explorados. Para defender e lutar pelos interesses de Dom Pedro na Guerra do Paraguai, idem. Novamente os escravos se faziam presentes. Então, impressiona como os negros são completamente esquecidos, os últimos na lista de prioridades, quando se fala na primeira Constituição brasileira promulgada em 1824 onde sequer foram citados.

Fraqueza política da família real. O crescimento do ideal abolicionista na sociedade. Mas a fatídica lei de 13 de maio de 1888 ocorreu mesmo por causa do medo. O envolvimento militar na Guerra do Paraguai (outra atividade exploradora de mão-de-obra escrava) desprotegia as demais regiões do país contra uma possível revolta dos escravos. A independência conquistada pelos negros do Haiti não saía do imaginário dos brancos à época. E diferentemente da enorme mescla de povos entre os escravos do início do tráfico negreiro no Brasil colonial, a população ainda explorada no século XIX por aqui eram filhos destes, portanto, brasileiros. As probabilidades de união de força agora eram maiores. Estados como Ceará e Amazonas foram pioneiros na abolição da escravatura. A Bahia obtinha cada vez mais fama graças aos seus escravos revoltosos. A abolição da escravatura era um caminho sem volta. E o fim da monarquia, também.

Mas a liberdade não foi garantia de dias melhores para os negros? nem no dia, nem no ano ou muito menos nas décadas seguintes. Muito disso se deu pelo tratamento desigual (e revoltante) que muitos imigrantes brancos receberam ao desembarcarem no país no fim do século XIX, com benesses financeiras que os negros jamais sonhariam em receber por aqui. Era o fim de mais de 300 anos de escravidão, mas não era o fim do sofrimento daqueles que padeceram dela.
thaissmonteiro_ 30/10/2023minha estante
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Jorge Luiz da Silva 09/08/2023

Queriam esconder a vergonha
Um livro que nos passa com detalhes muitos fatos da época negra da escravidão. E nos informa que mandaram queimar os documentos sobre a escravidão no Brasil para que aquela vergonha fosse esquecida. Ainda bem que conseguiram salvar boa parte dos documentos...
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Lucas 19/01/2023

Os reflexos do "ontem" que ainda chegam no "hoje": o fim de um projeto que queria (e conseguiu) dissecar quatro séculos de escravidão, mas que explica muito do Brasil de hoje
É com uma chave dourada que o escritor paranaense Laurentino Gomes encerra um trabalho audacioso, de mais de dez anos de pesquisa: relatar numa trilogia de livros os quase quatro séculos da escravidão no Brasil, a maior tragédia humana já vista por aqui. Escravidão: da Independência do Brasil à Lei Áurea cumpre um primoroso papel de fechamento nesse trabalho, que se tornará um símbolo perene de um assunto tão delicado e por vezes esquecido pela sociedade brasileira.

Cronologicamente, este terceiro volume é o que cobre menos tempo: são "apenas" 66 anos entre a proclamação da Independência em 1822 até a simbólica assinatura da Lei Áurea em 1888. Mas, como pode ser imaginado dada a comparação com os outros livros da trilogia (o primeiro, por exemplo, narrava vendas de cativos da África ocorridas antes mesmo do descobrimento do Brasil), neste período mais atual o material de pesquisa é muito mais vasto e isso acaba refletindo no texto, a qual agora traz a impressão de maior detalhismo (isso ajuda a explicar o fato desse terceiro volume ser o que possui mais páginas).

O estilo permanece: com exceção do início e do fim, não é seguida uma linha cronológica rígida. Os capítulos podem ser lidos como ensaios, as quais relacionam-se entre si com alguns acontecimentos ou personagens. Mas avaliando-se os três livros em conjunto, sutis diferenças são aqui percebidas: enquanto o primeiro enfoca mais a crueldade chocante (e real) com grande apego a dados numéricos e o segundo é contextual, descrevendo toda a atmosfera socioeconômica do chamado ciclo do ouro, este derradeiro livro da série lança luz a personagens efetivos, as quais se relacionaram com a escravidão em boa parte do século XIX. Desse modo, muitos dos citados ensaios que compõem os capítulos funcionam como biografias destes personagens, o que, para um amante desse estilo como este que escreve, faz a leitura ser um deleite ainda maior.

Nesse compêndio de personagens, Laurentino os divide claramente em dois grupos: os chamados contrários à abolição da escravatura, notadamente fazendeiros (especialmente do interior de São Paulo na região do Vale do Paraíba, berço dos chamados barões do café) e políticos ligados a este setor; e a casta dos abolicionistas, formados majoritariamente por autônomos (jornalistas, em especial), uma classe média nascente e, com o tempo, alguns políticos não ligados às oligarquias rurais. No meio desse "tiroteio", haviam os próprios escravos, alheios a boa parte das discussões e a Coroa, em especial a figura de Dom Pedro II (1825-1891) e sua filha, a princesa Isabel (1846-1921).

O último monarca brasileiro (e se forem considerados todos os mandatários do Brasil independente foi o que mais tempo ficou com essa responsabilidade, por 47 anos) é descrito por Laurentino Gomes como alguém com várias dissonâncias: se por um lado Dom Pedro II foi um grande literato, amante das ciências, patriota (no sentido puro e não intoxicado desse adjetivo) e estadista, por outro ele sucumbia aos interesses de poderosos, especialmente de uma então nascente elite agrária, a qual ainda hoje possui muita voz e vez no Brasil. Sua veia abolicionista, por isso, era marcado por idas e vindas, lindos discursos e recuos nos bastidores.

Na verdade, o autor não é tendencioso com a monarquia e o tratamento destinado a Dom Pedro II em passagens isoladas por todo o livro é o mesmo dado à sua filha, a princesa Isabel. Talvez a principal protagonista da abolição nos livros de história mais comuns, a filha mais velha do imperador foi quem, na ausência de Dom Pedro II que estava em Paris num tratamento médico necessário para os seus recorrentes problemas de saúde, assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil na tardia data de 13 de maio de 1888. Recentemente, inclusive, houve certo burburinho e endeusamento da princesa Isabel como uma das únicas responsáveis pela liberdade dos cativos, o que passa muito longe da verdade, conforme Laurentino Gomes comprova. Mas Isabel possui um destaque merecido na obra: o penúltimo capítulo, um dos melhores, é dedicado a ela.

Efetivamente, o processo de abolição envolveu um grande movimento político, com vertentes diplomáticas. Quase que de uma hora para outra a Inglaterra, um dos países pioneiros no tráfico de gente, passou a condenar essa atividade, impondo sérias sanções às nações que ainda praticavam tal "comércio". A pressão inglesa foi o gatilho para que um movimento abolicionista nascesse dentro do Brasil, especialmente a partir de 1830. A abolição foi o final de um processo iniciado muito antes, como a lei Eusébio de Queirós (1850), que extinguia (ao menos no papel) o tráfico de africanos, a lei do ventre livre (1871), garantindo a liberdade de todos os descendentes de cativos a partir da sua promulgação e a lei dos sexagenários (1885), a qual libertou todos os escravos com mais de sessenta anos. Todo este arcabouço legal não era seguido à risca, mas promoveram muitos avanços na abolição total, juntamente com a persistência de grandes abolicionistas (em especial Luiz Gama (1830-1882), negro alfabetizado nascido na Bahia e que recebeu um capítulo só seu neste volume).

O movimento abolicionista, entretanto, possuía inimigos poderosos na sociedade brasileira da época, em especial os grandes latifundiários. Para a manutenção da escravidão, havia todo um apanhado de argumentos: estabilidade econômica, já que o branco não era um "animal de carga" como o escravo e estava inapto a grandes esforços, falta de inteligência e bons costumes dos africanos, a garantia da etnia branca no Brasil, "ameaçada" com a presença dos escravos e presumivelmente golpeada após a liberdade destes, entre muitos outros pontos asquerosos. Valia até mesmo recorrer à ciência, que dizia que negros eram defeituosos e ao "bom" e secular direito de propriedade: se um fazendeiro comprava um "lote" de escravos, ele teria prejuízos econômicos enormes caso a liberdade fosse concedida de uma hora para outra. Libertar os escravos, portanto, era aderir ao recém-nascido comunismo, o que geraria uma desvirtuação de valores sem precedentes na história do Brasil... Mesmo que tudo isso tenha ocorrido há cerca de um século e meio (onde tudo era diferente, de fato), é impossível não se enojar com nossos antepassados.

Por mais que o autor enobreça a data de 13 de maio de 1888, a qual foi um dia de festa nos grandes centros brasileiros, Laurentino explica e disseca que a Lei Áurea foi resultado de um processo longo, que despertou ódios, revelou a influência do poder econômico na política nacional (a queda da monarquia dezoito meses depois está totalmente ligada à abolição dos escravos) e que não promoveu nenhum tipo de integração dos libertos à sociedade. O preço e a influência de tamanhos equívocos estão em nosso meio até hoje... Pessoas são enxotadas de lugares públicos, esbarram em barreiras intransponíveis para acesso a oportunidades, são direcionadas à margem geográfica e literal das grandes cidades, são perseguidas e discriminadas, tudo isso simplesmente em função da cor da pele.

Num país que trata de forma no mínimo confusa a sua memória, Laurentino Gomes tenta pagar uma dívida brasileira: tornar eterna a lembrança de que fomos um país escravista até três ou quatro gerações atrás. E isso não é um acinte à nossa história como nação; é um eterno lembrete, dos erros do passado que reverberam hoje e ainda influenciarão o amanhã. Somos diretamente responsáveis pelo Brasil que as próximas gerações receberão e se não formos capazes de aprendermos com os erros de nossos antepassados, nossos filhos também não desenvolverão essa habilidade. A leitura da trilogia do autor sobre a escravidão abre os nossos olhos para inúmeras questões relacionadas a este dilema e explica muitas das mazelas sociais brasileiras da atualidade, fazendo com que a validade dos seus escritos sobreviva ao tempo.
Thiago275 19/01/2023minha estante
Excelente resenha!


Luis 25/02/2023minha estante
Extraordinária a sua resenha. Digna dessa trilogia fundamental. Parabéns.




Tuninho 24/03/2024

Escravidão III
Uma das melhores, senão a melhor trilogia escrita sobre a escravidão no Brasil. Com esse terceiro volume encerro a leitura da trilogia que acho essencial que todo brasileiro deveria ler para compreender nossas origens como, povo,cultura e arte. Ainda vou reler novamente todos os três volumes, porque é necessário.
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Tati 25/11/2023

Vale cada página, cada reflexão, cada lágrima
Incrível fechamento da trilogia "Escravidão" de Laurentino Gomes. Esse livro traz os acontecimentos desde a independência do Brasil até a Lei Áurea.
É gritante tudo o que esse livro conta. É um recheio completo da história corrupta e hipócrita do Brasil. Sentimos o eco disso tudo até hoje. O último país da América a abolir a escravidão, a qual ocorreu somente depois de muita pressão interna e externa. As pressões começaram pelos canhões e sanções dos ingleses, seguido dos abolicionistas. Pedro II e Princesa Isabel pouco queriam tocar no assunto, tudo era muito velado para não gerar a ira dos fazendeiros.
O livro traz discursos e trechos completos de cartas que nos remetem à semelhança de assuntos atuais: as mesmas desculpas e as mesmas ladainhas ainda são empregadas.
O negro foi jogado à própria sorte. Sem suporte, sem direto, sem cidadania, sem dignidade.
Tentou-se criar um branqueamento forçado da população. Tentaram e ainda tentam apagar a escravidão da história do país. A falta de um museu da escravidão nesse país com mais de 300 anos desse abuso é um reflexo disso.
Esse livro é um grito dolorido de ouvir. Mas ainda bem que me encontrei com os ouvidos atentos.
Fecho minha meta de leitura de 2023 com os olhos marejados, porém com um entendimento muito melhor da problemática do que antes de ter começado a leitura.
Obrigada, Laurentino.
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Lucas990 09/07/2022

O volume que encerra essa trilogia tem como foco principal a reta final da escravidão no Brasil, e todos os acontecimentos anteriores e posteriores à assinatura da lei Áurea. É um livro sobre a história do Brasil e do povo brasileiro. Um livro sobre passado e também sobre presente.
Deveria ser leitura obrigatória!
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Jamille Madureira 18/04/2023

Todos deviam ler
Trilogia necessária para entendermos a base desse racismo estrutural que persiste ainda hoje. Em tempos que a maior população carcerária e pobre desse país é negra, essa leitura é urgente!
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ToniBooks 28/01/2024

Fechando a saga de Laurentino
Encerrando a trilogia, este volume III de Escravidão, trata da história da escravização de pessoas de origem africana em território brasileiro. O período abraçado pela obra vai dá independência (1822) até a proclamação da república (1889). Nesse ínterim, a Lei Áurea fora assinada, mas as mazelas de tal escravização persistem até os dias atuais.
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Vidal 17/10/2023

O Brasil de hoje se explica nesse volume
Volume 3 totalmente focado no Brasil do século XIX com surgimento dos abolicionistas e mudanças globais, mas como atitudes tomadas nesse período marcou nossa nação. Livro que todo brasileiro deveria ler
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Peter.Molina 30/12/2022

Monumental
O terceiro livro da trilogia sobre a escravidão não poderia ser melhor. Abordando principalmente fatos próximos e posteriores à abolição pela Lei Áurea, ainda nos fala sobre a vida dos abolicionistas, a elite escravagista e o panorama atual da população preta. E muitas outras questões abordadas numa leitura envolvente e acima de tudo necessária para se compreender o que a escravidão gerou e ainda gera de efeitos nocivos na nossa sociedade. Excelente!
Brenda 04/01/2023minha estante
Realmente indica?? Amei o primeiro, e simplesmente não consegui terminar de ler o segundo, achei informações demais que fugiram do assunto principal, oq tornou minha leitura muito arrastada! Tenho receio de comprar o terceiro e não gostar do desenvolvimento do assunto, apesar de me interessar sobre!


Peter.Molina 04/01/2023minha estante
Recomendo sim. Este último volume é excelente e análise questões mais atuais.




Cleber.Laia 06/07/2023

Obra primorosa
Não esperava menos, foi um encerramento digno da trilogia, uma avaliação criteriosa da escravidão brasileira, deveria ser material obrigado nas escolas... Uma obra que deveria ser avaliada com seis estrelas.
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Amaurijbarros 16/04/2024

ESCRAVIDÃO
POVO ORIGINARIO - BRASIL - Um povo conquistado, humilhado, escravizado, quase exterminado e suas terras tomadas.
POVO ORIGINARIO - AFRICA - Um povo conquistado, comercializado pelos seus pares, levado contra sua vontade pra longe de suas terras e famílias, humilhados e escravizados.
O COLONIZADOR - EUROPEU - Um povo usurpador, genocida, escravista e que usa toda a sorte de manipulação e intimidação para subverter tudo aquilo que não esteja no seu "AGRADO $$$$$".
Temos assim os principais "ingredientes" para a formação do povo brasileiro.
PRIMEIRO LIVRO DA TRILOGIA - A história tem que ser LIDA e ENTENDIDA, pois repetiremos as mesmas aberrações do passado.
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Stella F.. 22/03/2023

Resenha/Resumo
Escravidão (volume III)
Laurentino Gomes - 2022 / 592 páginas - Globo Livros
Cheguei ao final da excelente trilogia “Escravidão” do autor Laurentino Gomes. Foi uma grande viagem ao longo dos séculos, tratando de todos os envolvidos com essa brutal violência contra outros seres humanos.
O volume III tem como subtítulo: Da Independência do Brasil à Lei Áurea.
O autor é um verdadeiro contador de histórias e através de sua escrita didática e acessível, relembramos muitos fatos esquecidos, conhecemos alguns que não prestamos atenção na escola e desfazemos alguns ensinamentos que tínhamos como certos, mas que eram compreendidos erradamente. Um autor e pesquisador atento, sempre mostrando dados estatísticos, mas não só. Sabemos pequenos casos particulares, interessantes, que talvez fiquem mais gravados na memória dos que outros menos anedóticos.
O primeiro capítulo vai abordar os importantes eventos em torno da assinatura da Lei Áurea, depois de toda uma pressão por anos, chegou-se a um acordo, que deveria ser o melhor a ser feito. Vemos todos os preparativos para a cerimônia, as festas realizadas em todo o país, o processo de votação, quem votou a favor, contra ou se absteve e sobre a vaquinha de todo um país, dos mais pobres aos mais abastados para dar à Princesa Isabel a caneta de ouro incrustada de diamantes para assinatura da lei, que ao final do livro, no capítulo sobre Isabel, será mais bem desenvolvido e com mais detalhes. "A julgar pelas palavras de Isabel, a abolição não seria uma conquista dos abolicionistas e dos próprios escravos que, nos anos anteriores, passaram a se rebelar e promover fugas em massa. Era, na verdade, resultado de "admiráveis exemplos de abnegação da parte dos proprietários", em especial os barões do café, nata da aristocracia escravista que até então o Império recompensava com títulos de nobreza e outros privilégios." (pg. 44)"
Estamos agora com D. Pedro I a caminho do Ipiranga, para o dia do Fico. Aqui vamos conhecer muitos barões do café, que recebiam sesmarias, em troca de apoiar a coroa, além de comendas. E tudo girava um torno da escravidão.
Logo em seguida, Os Esquecidos, os próprios escravos, vão ser tratados como lixo, uma carga que deve ser eliminada, esquecida, de tal forma, que não se lembre do fato de que foram necessários. O que fazer com eles? Devem ser educados, para ter dignidade, e ficar no canto deles continuando a servir os brancos. Surgem muitas teorias, mas nenhuma resolução de fato. Começa- se a querer embranquecer o Brasil com a vinda de imigrantes.
Muitos decretos foram assinados com a Inglaterra, se comprometendo a acabar com a escravidão, principalmente em relação ao tráfico de escravos. Navios eram autuados pela Marinha Britânica, estabelecia-se um tribunal misto, mas muitos conseguiam burlar os decretos e havia, em alguns casos, conivência dos próprios britânicos, fazendo parte do esquema. Novos decretos eram lançados, e seguiu-se assim por muito tempo. Os decretos eram feitos, desrespeitados, esquecidos, e fazia-se outro com mais algumas exigências. A burocracia era tanta, que o navio era multado e o dono o perdia, mas devido às falcatruas, muitas vezes retornava ao próprio dono, pintado e com outro nome, ou outra bandeira. E os Estados Unidos vão entrar na brincadeira, porque nunca deixaram a Inglaterra controlá-los. “Em 15 de setembro de 1845, no auge do tráfico ilegal de africanos escravizados para o Brasil, nada menos do que 21 empresas britânicas com escritório no Rio de Janeiro passaram um atestado de idoneidade a um dos maiores traficantes do país, o português Manoel Pinto da Fonseca. (pg. 130)"
Em “Honoráveis Beneméritos” conhecemos grandes traficantes negreiros, que após ganhar bastante dinheiro com a escravidão, tornam-se senhores de bem, grandes beneméritos, tendo bustos em sua honra tanto no Brasil quanto em Portugal. Fundam bancos, ajudam hospitais, fazem parte de Irmandades, e esquece-se que viveram do tráfico de pessoas. Até acontecer, em 2020, um caso de reivindicação da retirada de uma estátua da frente de um hospital em Salvador, que não foi retirada. "As aparências, aqui mais uma vez enganam." (pg. 135)
As fazendas cafeeiras são um convite a um passeio pela região de Paraíba do Sul e Werneck, e deu vontade de conhecê-las, apesar de saber de como foram adquiridas, através da escravidão, de comendas, que não eram hereditárias e através de trocas de favores.
Ao longo do “Império Escravista” conhecemos alguns abolicionistas, como o escritor Joaquim Nabuco, com suas muitas obras sobre o assunto. Além de estrangeiros, que apesar de serem "contra" a escravidão, eles mesmos possuíam um plantel de escravos. "A escravidão era um fenômeno onipresente e universal na realidade brasileira. [..] Tudo dependia do trabalho em regime de cativeiro. o governo imperial brasileiro era, ele próprio, um grande senhor de escravos." (pg. 177)
Nos anúncios de venda, compra e aluguel de escravos, havia uma série de exigências, principalmente características físicas, porque ter escravos, muitas vezes, era garantia de poder, a possibilidade de tomar dinheiro emprestado, eram herança, podiam ser vendidos para pagar dívidas, podiam servir como dote, podiam ser alugados e podiam servir como soldados. Mas, como diz o autor sempre de maneira excelente na abertura de todos os capítulos: "Negros escravizados carregavam tonéis de água e dejetos de esgotos, transportavam pessoas, puxavam carroças, vendiam comida, serviam de médicos e curandeiros nas esquinas e em barbearias precárias nas quais se cortavam o cabelo e a barba dos transeuntes, mas também se receitavam remédios e se aplicavam ventosas e sanguessugas com o objetivo de "purgar" o sangue de impurezas e maus humores causadores de febres, inchaços, dores e outras doenças." (pg. 189)
Então vamos passear pelo Valongo, um local muito importante no Rio de Janeiro, principal porto de chegada dos escravos na cidade. Escondido por muito tempo, ficando em uma rua meio escondida no centro da cidade, foi claramente desvendado em uma reforma de um casarão, onde se encontraram muitos corpos sem identificação. Hoje tornou-se um Instituto dos Pretos Novos, na Rua Pedro Ernesto. O autor, vai criticar ainda a inexistência de um Museu nessa área do Rio de Janeiro, já que instituições semelhantes existem em outros países. Ressalta que os museus não são apenas locais de passeio e entretenimento, mas também de estudo e reflexão. "Esse local assombrado pelas dores da escravidão por muito tempo foi de propósito mantidos no esquecimento. Embora a existência do cemitério de escravos fosse conhecida de historiadores e da literatura sobre a cidade do Rio de Janeiro, durante décadas sua exata localização era ignorada nos mapas de ruas e nos guias turísticos." (pg. 212)
Toda história tem dois lados, e a maioria dos relatos são uma visão do branco sobre a escravidão São muitos relatos, apenas um negro teria escrito sua biografia, mas ainda se discute a autenticidade da obra: Mahommah Gardo Baquaqua.
O baiano Francisco Félix de Souza, que era o maior traficante de escravos para o Brasil na primeira metade do século XIX, era o Amigo do Rei. Sua história se entrelaça com o Daomé, o Rei Guezo, e ele foi tão importante que recebeu do soberano do Daomé o título de Chachá, honraria hereditária, semelhante a um vice-rei. Não tive como não me reportar ao excelente livro “Um Defeito de Cor” de Ana Maria Gonçalves, que acabei de ler, e que fala da relação de Kehinde com o Chachá e seu enterro com muita pompa e sacrifícios humanos e muitas amazonas. Além do Chachá conhecemos a rainha do Daomé, Nã Agontimé, que foi vendida como escrava pelo próprio filho Adondozan, e fundou A Casa das Minas no Maranhão, um espaço diferente, com muitos mistérios, e que até hoje existe, e é tombado pelo IPHAN, mas está caindo aos pedaços. No livro já citado, ela foi um personagem muito importante.
Tomamos conhecimento do tráfico negreiro em Angola, e que após a independência, tratou de esconder um passado que não queriam lembrar, destruindo prédios, instituições, grandes monumentos. “No romance Barroco Tropical de 2009, o autor Agualusa vai falar disso no seu personagem Bartolomeu Falcato. Agualusa vai dizer que Luanda é um espaço ferido, afetado pela imposição de uma nova ordem, na tentativa de reescrever o passado, perpetua mecanismos de exploração e exclusão herdados da época da escravidão”. (pg. 274)
Entramos então nas diferentes revoltas pelo país, principalmente a Revolta dos Malês, Sabinada e outras. Os baianos passaram a ser malvistos. Quando havia intercâmbio de escravos entre as diferentes regiões do país não aceitavam baianos. Criou-se um edital de conduta dos escravos para saírem na rua e muitos foram deportados para a África. Devido a essas revoltas, vários fazendeiros começaram a escrever Manuais de melhor convívio com os escravos, para continuar com eles nas fazendas sem rebeliões, sem brigas e castigos, ou seja, dar um pouco de dignidade a quem merecia.
Tivemos um episódio bem interessante na Baía de Paranaguá (PR) com canhões velhos e um cruzador britânico, que causou um incidente diplomático sério e que eu não tinha conhecimento. Sempre aprendendo coisas novas.
“No Limbo” vai tratar dos alforriados que viviam entre a escravidão e a liberdade, mas viviam no limbo sem saber o que fazer. "Chamados de 'libertos', 'livres' ou 'emancipados', eram, em sua maioria, africanos importados clandestinamente depois da proibição do tráfico. Havia também escravos libertados pelos governos central e provincial em condições especiais, como, por exemplo, por serviços militares prestados em épocas de conflito. Legalmente, não eram mais cativos, mas, ao mesmo tempo, nunca chegariam a conquistar a autonomia plena. Em vez disso, continuaram de fato no cativeiro até o fim de suas vidas." (pg. 332) Havia um vácuo jurídico.
Sabemos sobre o Apogeu e Queda do Império e quais as crises que o fizeram ruir, tudo agravado pelo final da Guerra do Paraguai e das doenças de D. Pedro II. E o fim da escravidão só ia sendo empurrado com a barriga, criando-se mil argumentos para deixar o tempo resolver.
Surge então o Movimento Abolicionista, com importantes figuras como Luís Gama (autor que conheci em 2022), Joaquim Nabuco, André Rebouças e José do Patrocínio, com descrições detalhadas sobre sua biografia, obra e ideias sobre o movimento. As lojas maçônicas tornam-se locais de encontros de abolicionistas.
Com o movimento crescendo, o primeiro estado a libertar os escravos foi o Ceará, seguido do Amazonas. Os fazendeiros não satisfeitos com essas abolições pontuais, enviam petições ao governo contra isso, pedindo uma posição mais clara ao Império.
Ainda houve um trato do Império Brasileiros com os Confederados americanos, após estes perderem a Guerra da Secessão, em troca de asilo. Eles trariam tecnologia para colonização e aperfeiçoamento da lavoura. Nesse capítulo reaprendi sobre essa guerra e seus motivos (tinha uma lembrança errada) e vou tomar conhecimento de um projeto antigo de colonização da Amazônia com os escravos trazidos pelos confederados (ao final surgiu a Libéria onde eles colocaram os escravos.
E o embranquecimento da população volta à baila, com projetos de imigração, principalmente de italianos, para trabalhar nas lavouras do Rio Grande do Sul, através de um incentivo aos imigrantes e seus descendentes. Os anti-abolicionistas pensavam no embranquecimento da população, propondo até um cruzamento entre as várias raças para em 5 gerações a população de cor preta sumir. Mas, alguns imigrantes se revoltaram, porque estavam sendo tratados como escravos brancos, e o governo teve que rever os acordos.
Com as alforrias, os fazendeiros desesperados querem a manutenção do trabalho escravo em troca de alforrias, e os escravos já com a liberdade em mente, fogem em massa, e há a criação da primeira favela em Cubatão, onde foi fundado um quilombo. O Exército foi envolvido no retorno de fugitivos às fazendas, envolvendo até a Princesa Isabel no desvio de função.
Ao final temos uma pequena biografia da Princesa Isabel, seu casamento, sua insegurança em relação a estar nesse lugar, substituindo o pai em várias ocasiões, suas cartas, seu casamento, e o próprio evento da Lei Áurea, e tudo que estava por trás desse ato tão adiado. A Lei Áurea foi assinada e entendemos o que resultou ou não dela. Foi um ato importante, mas sem programação do que seria a vida dos escravos depois da assinatura. Não havia um planejamento por parte do governo imperial e depois pelo governo republicano. Os ex-escravos foram deixados à deriva, sem saber como proceder, como arranjar emprego, como viver. Primeiro foram andando sem rumo, comemorando, e as pessoas, foram dizendo que eles eram baderneiros, que algo deveria ser feito. Aos poucos como não havia jeito, foram retornando às fazendas, e trabalhando novamente nas mesmas por um salário irrisório, e tudo ficou como antes. "Na falta de mudanças estruturais, sobraram nas fazendas alguns curiosos malabarismos semânticos. Os antigos alojamentos e senzalas de escravos passaram a se denominar "dormitórios de empregados ou camaradas". Na ala feminina, [..] "quartos de empregada" e "dormitório de libertas". Os feitores foram chamados de "apontadores" e não usavam mais o chicote, mas armas. (pg. 519)
O autor vai terminar o livro falando da queima de arquivos por parte de Rui Barbosa, que fez o serviço incompleto, possibilitando hoje muitos estudos importantes sobre uma época triste e ainda presente, A Escravidão.
Adorei!












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