Paulo Sousa 04/06/2019
brunetti #2
Título lido: Morte em terra estrangeira
Título original: Death in a strange country
Autora: Donna Leon
Tradução: Luiz A. de Araújo
Editora: Companhia das Letras
Lançamento: 1997
Esta edição: 2004
Páginas: 360
Classificação: 3/5
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"lamento muito que essas coisas aconteçam, que nos envenenemos a nós mesmos e aos nossos descendentes, que estejamos destruindo conscientemente o futuro, mas não se pode fazer nada para evitá-lo. nada, repito. nós somos uma nação egoísta. é a nossa glória, mas também vai ser a nossa destruição" (posição no iBooks pág 197/82%).
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no segundo volume da série, o comissário guido brunetti é acordado ainda numa madrugada fria para se deparar com um misterioso cadáver boiando em um dos inúmeros canais que servem de vias em Veneza. de uma hora para outra, o leitor é imergido num verdadeiro e complexo tabuleiro onde não só figura o corpo de um militar norte-americano (no caso, o que abre o livro), como outros assassinatos colaterais que trazem consigo dilemas para brunetti, tão acostumado a se manter íntegro apesar da profissão.
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ao tentar buscar solucionar os assassinatos de dois militares americanos (fazem parte de uma espécie de colônia americana em território italiano) e um veneziano, claramente interligados, brunetti acaba trombando com uma verdadeira conspiração especializada em descartar insumos extremamente tóxicos em plenos arredores de veneza, e encabeçados por figuras ilustres da cidade, incluindo o pai de paola, o conde orazio, sogro de brunetti.
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o livro em si não traz a fórmula problema + investigação = solução, antes foge ao convencional com um desfecho falho, o que, ao meu ver, dão mais humanidade ao sistema policial e ao próprio brunetti, que não se sai bem do caso, antes mostra um lado não muito comum aos protagonistas de livros policiais.
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como passatempo, o livro é um ótimo registro da "serenissima", com seus climas e suas vielas suspensas pelas águas, à qual não deixa de receber os olhares de admiração do comissário; e como livro policial, é uma amostra pura de como se dá os meandros obscuros da impunidade entre figuras importantes da alta sociedade, de como dinheiro e poder são os ingredientes que corrompem até os mais improváveis. também a questão do descarte de insumos tóxicos é relevante em tempos cada vez tenebrosos, sempre pontual sem perder a atualidade. donna leon às vezes cansa por alongar em demasia livros que poderiam ter cortados umas boas dezenas de páginas, mas vendo o conjunto, há que deitar um pouco de paciência, afinal, tudo precisa ser convenientemente dito. vale!