ESAMEM_ISS 06/02/2024
Raiva Súbita
Imagine uma novela mexicana onde o enredo é raso, os personagens são insuportáveis e a trama por completo é um drama com excesso compulsivo de cenas de sexo sem necessidade alguma, colocadas repetidamente para compensar o fato de que é uma história sem capacidade alguma de ser boa sem precisar de sexo selvagem à cada dois parágrafos para se tornar interessante!?
Imaginou? Pois bem, isso é Fire Obsession.
A bolsista "inocente e tímida" (Mia Ross) se apaixona à primeira vista pelo seu chefe (Trevor White), porém acaba entrando em um triângulo amoroso, visto que a dona da empresa é a ex mulher do seu chefe (Sarah Scott). Um clichê até que aceitável se fosse melhor desenvolvido, o que não foi (mesmo com 1200 páginas).
Não estou aqui para criticar a autora, afinal entendo o quanto é difícil escrever um livro e fazer com que todas as partes fiquem boas, mas mesmo tendo essa compreensão não posso deixar de fazer minhas críticas em relação ao que não me agradou na história, que no caso foi tudo. Não TUDO... mas foram pouquíssimas as partes que salvaram a história, e essas partes na maioria tiveram desfecho sexual ou dramático (que resultou em briga).
Um dos primeiros pontos que me fez ter uma raiva genuína dos personagens e me impediu de gerar qualquer empatia por eles foi a infantilidade, o vitimismo e a porr@ de um ciúmes doentio. É sério cara, vamos por partes, a Miranda é uma emocionada do car@lho que conheceu o Trevor e dois dias depois já tava dando pra ele e jurando paixão, o que é problemático visto que ela viveu por anos em um relacionamento tóxico com o ex, e vivia uma relação possessiva com o pai que era militar. (Antes de ir pra Portugal ela esteve em um relacionamento extremamente abusivo, onde ela era agredida pelo ex, mas aparentemente viver um relacionamento abusivo não gerou qualquer trauma ou tendência traumática nela à não ser necessidade de reafirmação e uma insegurança que só aparece quando uma outra mulher respira o mesmo ar que o Trevor). Logo, eu não sinto que ela saiba muito bem o que é amor, amar e ser amada (mas quem sou eu pra falar alguma coisa né!?). Além do mais, a Miranda é aquele tipo de pessoa que acha que é fodona, que é dona de tudo, que tá abalando horrores, quando na verdade só está sendo uma insuportável prepotente com mania de poder. Ela realmente acha que tudo pode se resolver com sexo, tipo cadê o diálogo!? (Aqui é só pau e água), e uma das coisas que mais me estressou o livro quase inteiro (só melhorou no final, graças à Sarah, por quê se dependesse da Miranda...) é que a Mia desde o primeiro dia tinha um ciúmes mortal da Sarah, e ficava cobrando o Trevor pra que ele se afastasse dela (os dois tiveram uma relação de DEZ 🤬 #$%!& !NG ANOS, eles são melhores amigos extremamente leais um ao outro, se preocupam com tudo que diz respeito ao outro e assim por diante), a Mia conhece o Trevor HÁ DUAS SEMANAS e quer mandar ele se afastar da Sarah, que moral ela tem!? Me diz? Ela insisti em dizer que a Sarah é a manipuladora, que ela é a louca da história, que ela é isso e aquilo e pipipipopopo, sendo que quem manipula o Trevor o livro INTEIRO é a própria Miranda, uma completa sem noção. (Em parte enxergo isso como um problema de desenvolvimento dos personagens por parte da autora. Parece que ela quis introduzir os personagens na história com um "subtítulo" e que não importa o que o personagem faça ele carrega aquele subtítulo. Então, se a personagem é colocada como "inocente e meiga" não importa se ela está sendo promíscua, arrogante, manipuladora e etc. Ela sempre será "inocente e meiga". Isso irrita demais porque chega a ser forçada a vilanização de alguns personagens... cof cof... Sarah cof cof).
E aí vem o Trevor (CEO OF SEX) que nada mais é do que o Cristiano Cinza só que sem BDSM. O Trevor ama ficar pagando de machão e transante transudo e lobo solitário e nhe nhe nhe, sinceramente, f*da se. O livro insiste em sempre ficar lembrando que ele é um moleque transante, porquê NÃO É POSSÍVEL que esse cara realmente tenha passado a r*la em toda Lisboa. E o pior é que toda vez que uma dessas mulheres é citada uma discussão acontece (na maioria das vezes pela falta de noção e maturidade da Miranda, afinal a MAIOR feminista desse mundo é a que mais tem rivalidade feminina até com uma lésbica no início.) Mas essas mulheres também servem pra trazer os "dramas" do livro, como por exemplo, a Rebeca que faz uma falsa denúncia dele, a Tavares que é a advogada que tenta ferrar com a vida dele, e até mesmo a Sarah com o contrato diabólico. Então é impressionante como tudo na vida do Trevor gira em torno de mulher, seja na alegria ou na tristeza. E um ponto que me deu muita raiva é que ele deve sofrer de GRAVÍSSIMA MIOPIA, só assim pra explicar ele não enxergar algo que tava na cara dele (que era o fato de que ele e a Mia estavam vivendo em um relacionamento obsessivo, onde em menos de uma semana elas não consiguiam ficar nem duas horinhas sem se ver e quando se viam pareciam coelhos, mas também percebeu que a Mia não se decidia se queria ou não ele, mesmo ambos já terem se declarado, mesmo o Trevor dizendo que a ama e abrindo mão de coisas e pessoas da vida dele por ela, ela diz que não sabe se quer ele e pede um tempo, SÓ QUE QUANDO ELE TAVA DISPOSTO A F*DER ELA TODA VEZ QUE LHE CONVINHA, ELA NÃO FICAVA NESSA PALHAÇADA DE "não me rele, não me toque".) Então só depois de 800 páginas ele acorda e concorda com a Mia em dar um tempo pra eles (tempo esse que foi mixuruca) e mesmo após tudo isso parece que a Mia só é capaz de acreditar no amor do Trevor se ele tatuar o nome dela na testa ou fazer um ato trágico estilo Romeo e Julieta (ou melhor ainda: socar a pic* nela, é só disso que ela gosta mesmo).
É chocante o quão rápido eles amadurecem do dia pra noite, e o que é mais do que claro que resulta em... SEXO. E como já não bastasse essa compulsão sexual (eles respiram perto um do outro e já estão trasando enfurecidamente, benditos ninfomaníacos), também há o fato de questões de extrema importância serem colocados no livro como uma temática qualquer (acho que deu pra perceber pelo relacionamento da Mia e do ex dela), a autora introduz a porr* do assunto de tráfico infantil para fins sexuais como uma pauta qualquer que não é aprofundada, e só tá lá pra render na história e justificar o tamanho do livro (já que a história é sobre o "desenvolvimento" do casal, e sobre o drama que envolve essas questões). E além desse assunto, o "tema" de relacionamento abusivo também é citado (mas não trabalhado), só que é chocante o quanto a Miranda é psicologicamente desestabilizada (zero novidades) porque ela acaba de ser (Spoiler) agredida pelo ex dela (sufocada e arrastada pelo pescoço, leva soco, leva xingo e os caramba) e nem CINCO MINUTOS DEPOIS ela tá transando com o Trevor como se nada tivesse acontecido. É algo tão ABSURDO que nem no WATTPAD você vê uma coisa dessa. Todas as questões importantes da história passam batidas, visto que o livro foca apenas em sexo.
O livro poderia ter acabado em umas 400 páginas, estourando 500, mas não, tem 1200 páginas de pura enrolação, diálogos insuportáveis e sexo desnecessário (gosto de chamar de "sexo sem nexo"). Até quase o final do livro eu torci pra que todo mundo ficasse sozinho (pra não dizer que eu queria que fosse todo mundo pra casa do caral--), eu realmente passei muita raiva lendo essa bomba, mas há quem goste.
Essa resenha ficou imensa e mesmo assim não disse nada do que realmente achei desse livro (se o Skoob divesse opção de áudio, eu faria um podcast só expressando meus sentimentos, que não são poucos), não é uma história inteiramente ruim, tem umas partes engraçadas, algumas até que bonitinhas e os personagens secundário salvam esse livro de ser uma tragédia.
Bem, de qualquer forma isso é tudo que eu tenho (incompletamente) à dizer. Não entendo como possa haver uma continuação quando o primeiro é esse churume.
(Acho que falei mais nos meus históricos de leitura do que nessa resenha kk)
Desculpe qualquer erro e beijinhos.