Mycaelle 06/03/2024
Seria Ho-Kei o sucessor de Stieg Larsson? N e Lisbeth Salander seriam grandes amigos?
Ainda digerindo esta leitura incrível e já favoritada!
Diferentemente de outros leitores que criticaram a natureza muito descritiva de algumas partes da obra, como fã de Stieg Larsson, já estou acostumada e até gostei. Pra mim, foi a oportunidade de conhecer e viver um pouco da realidade dos habitantes de Hong-Kong, além de entender mais sobre ferramentas tecnológicas (o autor às vezes pesa a mão nisso, mas é perdoável) e de refletir sobre os caminhos da humanidade hiperconectada. Fiquei vidrada até terminar!
Em geral, tramas do gênero se concentram muito na descoberta do vilão e na construção de infinitos plot twists. Embora isso também aconteça nesse livro (nos ludibriando de um jeito ridículo, sobretudo quanto às identidades de Szeto e Chung-Nam; ), considerei como seu ponto mais alto outra coisa: a alternância de perspectivas, o fato de podermos acompanhar os pensamentos e sentimentos dos vilões, principalmente enquanto enfrentam o plano de vingança de N e Nga-Yee. A gente se delicia com toda a angústia deles, mas também, pasmem, sentimos pena, encontramos justificativas para suas ações.
Em síntese, lidamos com um misto de sentimentos e julgamentos. E todas essas sensações são tão diversas quanto os personagens e suas ações e posicionamentos políticos. Temos aqui um recorte amplo e terrível de nossa sociedade! O autor não usa dessa narrativa como panfleto de ideias homogêneas!
Por incrível que pareça, é especialmente uma história sobre família, sobre o que estamos dispostos a fazer e sacrificar pelos nossos familiares mais frágeis.
E vocês, tomariam uma decisão diferente da de Nga-Yee?!