Henggo 05/03/2024
MÃOS DE PEDRA: grande abertura. Poético e impactante à medida que vemos a aglomeração ao redor. Eu tenho uma condição que me faz ficar acordado mas cirurgias, o corpo paralisado e a mente desperta, então, sei nem como é essa agonia de se sentir inerte aos estímulos externos;
ORFANATO À BEIRA-MAR: surreal e verdadeiro. Já teve um caso desse aqui no Maranhão. Bizarro demais;
BALCÃO DE FÓRMICA VERMELHA: apenas ok;
UM FARRAPO NUM BECO SUJO: ok;
VÓS SOIS DEUSES: arrebatador. Adoro quando a pessoa cria algo com base em percepções palpáveis do meio social. Aqui, além dessa qualidade, há ainda o toque surreal e tenebroso. Foi impactante. E o final... Ah, o final...;
AS ESCOLHAS DE DARÚ: confesso que não gostei muito. Não consegui imergir na trama e nem encontrar empatia com Darú. Para mim, foi meio insosso...;
SACRIFICANDO CORDEIROS: me remeteu ao clássico "O Silêncio dos Inocentes", porém, na minha opinião fecal, sem o esplendor quente faz estremecer. Foi um conto ok. Essa comparação impactou na minha leitura;
OS OLHOS COR DE CARMESIM: sabe quando você tenta chocar as pessoas inventando várias coisas que parecem tenebrosas, mas não são? Senti isso aqui. Os fatos me.pareceram meio aleatórios, "jogados". E não, o plot ao final tão é um salvo-conduto para que isso seja feito;
O GRITO DA CORUJA: premissa interessante, mas execução muito focada em contar ao invés de mostrar. Achei cansativo. Acredito que se fosse transformada em uma narrativa longa, que respeitasse o tempo de cada personagem, fizesse a construção do mistério, seria maravilhoso. Como conto, faltou esse "tempero";
OS SEGREDOS DE VITÓRIA: impactante e (ainda bem) sem medo de trazer algo realmente insólito e assombroso. Este é uma daqueles textos que separam os escritores-adultos daqueles que ainda estão engatinhando na arte do horror. Particularmente, não achei tão chocante - e acho que isso diz muito sobre quem eu sou e o que já vi do mundo. E mais: o aviso de gatilho na Apresentação estraga o impacto quando a pessoa chega aqui. O horror causa impacto e vem sem aviso. Portanto, o conto foi corajoso, o editor da antologia não.