O Último Trem de Hiroshima

O Último Trem de Hiroshima Charles Pellegrino




Resenhas - O Último Trem de Hiroshima


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Rosangela Max 25/01/2022

Os efeitos de um desastre contados em detalhes.
A história do lançamento das bombas de Hiroshima e Nagasaki contada de duas perspectivas: dos sobreviventes e dos responsáveis por jogarem as bombas.
Estas duas perspectivas vão se intercalando com muitas explicações científicas do ocorrido que, apesar de interessantes, tornava a leitura cansativa.
A parte dos sobreviventes é emocionante. Revolta saber que, durante anos, eles foram proibidos de contar suas histórias. Foi uma tentativa dos governos americano e japonês de encobrir o real alcance e impacto do desastre.
O autor fez um trabalho incrível para recontar esta história.
Recomendo a leitura.
CPF1964 25/01/2022minha estante
Eu quero muito ler este livro. Obrigado pela dica.


Alan kleber 25/01/2022minha estante
Hiroshima, e A Ultima Mensagem de Hiroshima também são livros imperdiveis. Conhece?


Rosangela Max 25/01/2022minha estante
Vou emendar a leitura com a ?A Última Mensagem de Hiroshima?. Este outro eu não tenho, mas já me interessei. Obrigada pela dica. ??




Evy 19/05/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - Tema: Livro-Reportagem / Mês: Maio (Livro 2)
"Não deveríamos deixar a guerra acontecer nunca mais".

Nunca mais. Por motivo algum e em hipótese alguma. A leitura deste livro foi uma das mais difíceis pra mim até hoje. Sofri muito com os sobreviventes e suas histórias horripilantes daquele trágico 06 de agosto de 1945. Tive vergonha de, até então, ter feito parte das pessoas que "em número cada vez maior, haviam se tornado complacentes () desde o término da constante e amedrontadora rivalidade nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética". Tive e confesso "uma espécie de amnésia (que) tinha começado a afetar a civilização, uma amnésia particularmente perigosa, na qual as pessoas começavam a esquecer o que as bombas atômicas realmente fazem".

A partir de hoje, nunca mais! Nunca mais vou me esquecer disso. E devo agradecer a Charles Pellegrino e sua narrativa impressionante, impecável e envolvente. Demorei demais pra ler porque o livro é pesado e choca. Não sei se sou muito sensível a estas catástrofes, mas tive inúmeras vezes que fechar o livro, respirar fundo pra poder continuar. Desde o começo da leitura, olho para o céu, as árvores e as pessoas ao meu redor com outros olhos. Fico tentando imaginar como seria se de repente, em questão de três segundos, tudo isso virasse vapor e desaparecesse deixando um rastro de destruição irreversível.

O livro com certeza nos faz refletir e muito. Conta, através de diversos depoimentos e histórias impressionantes como foi para aquelas pessoas o horror da bomba atômica. Muito bem embasado, Pellegrino conseguiu transmitir em palavras os impressionantes milésimos de segundos de cada instante, desde o lançamento da bomba em Hiroshima, até a destruição ainda maior em Nagasaki.

As explicações minuciosas do que a bomba fez com as pessoas são impressionantes e terríveis. E arrancam lágrimas, perturbam o sono. Pelo menos, assim foi comigo. E pensar que Hiroshima era uma linda cidade pequena do Japão que enquanto todas as outras estavam sendo bombardeadas e atacadas, foi totalmente poupada. Seus habitantes, ingenuamente imaginavam que era por sua beleza, quando na verdade o pensamento era de que não adiantaria nada testar uma bomba nuclear em um alvo já destruído.

Acima de todo os planos políticos e militares envolvendo o lançamento de "little boy" (apelido com o qual a Bomba Atômica foi batizada), é ainda mais impressionante verificar que ela não trouxe perdas somente materiais e físicas:

"As fissuras que se formaram no hipocentro ainda ficaram presentes muitos anos depois. Mas eu não estou falando sobre rachaduras no chão, disse Paul Nagai. Eu me refiro às rachaduras invisíveis nas relações pessoais dos sobreviventes daquela desolada terra atômica. Estas fendas nos laços de amizade e amor não fecharam com o tempo; ao contrário, parecem se tornar cada vez maiores e mais profundas. De todo o dano que a bomba atômica caousou, esse é de longe o mais cruel".

O que fica dessa história é a mensagem de que a guerra não pode voltar a acontecer nunca mais. Que a questão de quem lançou a bomba e os motivos porquê isso aconteceu são irrelevantes. A coisa importante é nunca esquecer as consequências, fissuras e traumas que essa bomba causou. Cicatrizes na terra e na vida das pessoas que jamais se fecharão.

O que fica é a necessidade de o ser humano entender que "não se pode fazer isso nunca mais, por motivo algum".

Leitura mais do que recomendada, essencial!
Li 20/05/2011minha estante
Menina, só pela sua resenha, passarei longe! Eu já tenho uma visão de vida e mundo extremamente pessimista, lendo um livro desses nem sei como ela ficaria...
Enfim, ótima resenha, mas não anotarei a dica... :(
Bjoos, flor!


Léia Viana 22/05/2011minha estante
Linda resenha Lyani. Não tenho nem palavras para descrever como me sinto ao ler suas impressões a respeito dessa história tão triste.


letícia 05/08/2011minha estante
Não gosto de ler livros com esse tipo de tema (de guerras que ocorreram, pessoas que sofreram e injustiças), mas bateu uma vontade de ler esse, após a sua resenha.


Tiago 16/08/2012minha estante
Se o livro conseguir a qualidade da resenha... parabéns!


Tainá 28/01/2013minha estante
É um livro chocante. Terminei ele o mais rápido que eu pude porque os pesadelos estavam constantes. Vale a pena, mas tem que ser lido no momento certo. E fica uma grande lição de vida. Você conseguiu na sua resenha falar tudo que eu queria sobre o livro, parabéns.


Jubs 18/06/2013minha estante
Lendo sua resenha, ao mesmo tempo que fiquei com vontade de ler, fiquei com medo dos pesadelos (sou muito suscetível a pesadelos), tenho medo de não estar pronta ainda para uma narrativa desse porte. No entanto, ainda que não seja logo, estarei lendo com certeza.
Ótima resenha, parabéns.




Jeff_Rodrigo 23/08/2023

A bestialidade humana irradia dessas páginas
Esse livro revirou o meu estômago.

Me deixou triste durante uns dias, como se eu sentisse um luto distante no tempo e no espaço.

Me deixou horrorizado também, com seus detalhes assustadores. Coisas, bichos e pessoas: se não foram evaporadas à velocidade da luz, sofreram as mais inimagináveis dores que alguém, inocente dos perigos que a geopolítica nos oferece, pode imaginar. Dores que perduram até hoje.

Recomendo cautela ao ler essa obra. E coragem, acima de tudo.

Isso porque Pellegrino consegue ser extremamente detalhista ao descrever os eventos que cercam a história do Bombardeio de Hiroshima e Nagasaki: partindo do contexto histórico da II Guerra Mundial; passando pelos detalhes da criação da mais infame arma já inventada pelo homem; e, por fim, relatando as histórias das vítimas (com detalhes surpreendentes e surreais).

Sem dúvida, o autor consegue nos lembrar que o horror foi recente e que, de certa forma, continua a pairar sobre as nossas cabeças à medida que nos esquecemos dele.
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Natha 28/05/2021

"A guerra é obra dos homens"
Certamente que sim! A guerra é obra dos homens, Deus não tem nada a ver com isto, e considerando que foram os homens que iniciaram, os mesmos podem evitar.

"Então, comece a amar os outros como você se ama."

"Certamente. Deixamos as palavras "quem com ferro fere, com ferro será ferido" entrar por um ouvido e sair pelo outro. Conseguimos todo o conhecimento que a ciência pode oferecer e, por falta de sabedoria, o utilizamos para construir navios de guerra, torpedos e agora bombas atômicas. Não foi Deus que distorceu ou perverteu os presentes da natureza. Fomos nós."

Foi triste, doloroso, todavia foi brilhante ler que estes sobreviventes entendem que Deus não começou essa guerra, que se o homem sofre, é obra de suas próprias mãos, que o amor é o meio para parar essa guerra que ainda persiste em alguns países.

Confesso que chorei na história de Sadako o que vinha segurando desde do começo do livro. ?

Então, seguinte, leia esse livro, não pela guerra em si, mas pela mensagem por trás de tudo... "Seja gentil"

Ama ao próximo como a ti mesmo.

Até a próxima ?
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Nathane2 08/02/2024

Relatos impressionantes
?Leitura concluída em 8 de fevereiro de 2024

?Nota: ????????

É um livro muito pesado com relatos indescritíveis. As passagens são tão surreais que isso deve ser o mais próximo do Apocalipse da Bíblia, só que na vida real.

O livro no começo é muito técnico e acabei desistindo na primeira tentativa. O fato de ter várias pessoas contando suas histórias simultaneamente atrapalha lembrar quem são os sobreviventes. Tive dificuldade com isso até ao final. Recomendo para quem se interessa pelo tema. Particularmente gostei mais de Hiroshima de John Hersey.
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Nalu 28/08/2020

Impactante e inesquecível
Várias vezes precisei fechar o livro para que não ficasse tão molhado pelas minhas lágrimas que desciam com meus soluços. E ficava dias criando coragem para retomá-lo. Sofri atrozmente com a leitura mas, de maneira surpreendente, o livro termina com uma inimaginável mensagem de esperança e paz.
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Daniel432 25/07/2013

Escolha o Momento Certo
Este não é um livro qualquer. Sua leitura deve ser planejada.

Por que?? Porque ele pode ser deprimente. A descrição dos horrores causados pelas bombas atômicas é muito dramática e triste.

Minha resenha será curta, pois não há como relatar estes horrores. Deixo a cargo dos leitores interessados.

Com certeza a leitura vale à pena, mas cuidado. Se você estiver de baixo astral é melhor deixar para ler este livro outra hora.
Diana 05/02/2019minha estante
Exatamente!!! Perfeita descrição... Ja reiniciei a leitura diversas vezes e não consigo termina-lo. Fico tão triste e deprimida que fecho o livro e espero me recompor... Como se tivesse que me fortalecer para continuar a ler. Considero indescritível as diversas sensações durante a leitura


Daniel432 05/02/2019minha estante
Ei Diana. Legal seu comentário!! Há um filme chamado Johnny Vai à Guerra que também é muito forte e deprimente. Eu o assisti há muitos anos, num sábado. Entrei no cinema animado e saí de baixo astral. Se alguém entrar deprimido nem sai do cinema. Comete suicídio lá dentro mesmo!! Mas esforce-se para terminar este livro, vale à pena!!


Diana 06/02/2019minha estante
Obrigada pela dica!




Sheila 20/11/2011

Resenha: "O Último Trem de Hiroshima: Os Sobreviventes Olham Para Trás" (Charles Pellegrino)
Este livro de Charles Pellegrino é uma descrição longa e detalhada dos dois dias em que bombas nucleares foram jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, levando à rendição do Japão, término da Segunda Guerra mundial e morte de milhares de pessoas - a curto e longo prazo.
Se as bombas atômicas deveriam ou não ter sido detonadas sobre Hiroshima e Nagasaki é um assunto para outra época e para outras pessoas debaterem.
Esta é simplesmente a história do que aconteceu às pessoas e objetos que estavam sob as bombas e é dedicada à tênue esperança de que ninguém mais morra dessa maneira.
Pellegrino lança mão de uma narrativa minuciosa e detalhada a respeito do que a detonação da bomba fez as pessoas, utilizando-se tanto de termos físico-químicos expostos de forma didática para explicar o impacto causado em corpos e objetos, como das sensações e percepções de testemunhas da tragédia entrevistadas para a confecção deste livro.
Depois de um décimo de milésimo de segundo, o ar começou a absorver a explosão e reagir (...) o sangue no cérebro da senhora Ayoama já começava a vibrar, na iminência de virar vapor. O que ela experimentou foi uma das mortes mais rápidas de toda a história humana. Antes que algum nervo começasse a perceber a dor, ela e seus nervos deixaram de existir.
Junto a descrição dos últimos instantes dos que se foram, o autor traz as recordações daqueles que sobreviveram, sua impressões, choque, pesar, desalento. A dor por terem de presenciar afetos sendo pulverizados diante de seus olhos, de pais que sobreviveram aos filhos que choraram implorando para não serem enviados para assistir às aulas naquele dia, como que antecipando o ataque iminente.

Queria muito ler este livro e resenhá-lo. Finda a leitura, ficou a pergunta viva, inquietante, mobilizadora: por onde começar? De que forma poder, em breves palavras e poucas sentenças, passar a você, leitor, do que versa a obra, sem ser reducionista ou cair no uso de frases prontas e velhos clichês?

Optei pela apresentação que ora puderam apreciar e, espero, ter conseguido expressar-me de forma a explicitar a grandeza do livro que ao leitor apresento, tanto pela minúcia na explicação dos dados coletados, como pelo resgate do humano desta tragédia, ao buscar a história e o ponto de vista de sobreviventes da tragédia.

Um livro que elucida, pormenoriza os fatos, mas que também emociona e - leve isso em consideração caso resolva conhecê-lo - choca. Mas que vale a pena ser lido. Recomendo muito!

Disponível em: http://www.dear-book.net/2011/11/resenha-o-ultimo-trem-de-hiroshima-os.html
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Carla.Zuqueti 27/06/2023

Indescritível.
?Dizer que tudo queimava não é o suficiente. Parecia que a própria terra emitia fogo e fumaça, chamas que se contorciam e irrompiam do subsolo. O céu era escuro e o chão, escarlate.?


Quando se fala em Segunda Guerra Mundial, muito é sobre os horrores do nazismo e o Holocausto. Pouco sobre uma das maiores atrocidades realizadas por homens: as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.

Muito porque os EUA criaram vários protocolos e acordos de censura que por muitos anos proibiram os envolvidos, inclusive os sobreviventes japoneses, de contar suas histórias. Outro porque o Japão é um país extremamente resiliente, que tentou acima de tudo focar na reconstrução do país e não na retaliação dos inimigos.

Os próprios generais japoneses insistiam que a bomba não teria tantos efeitos devastadores, com medo que a aguerrida população deixasse de lutar contra o exército americano. Isso porque perder a guerra era inimaginável para o Japão.

Por esses motivos, a leitura desse livro é ainda mais importante. Porque é uma das poucas vezes que podemos saber através dos sobreviventes japoneses, o que eles viram e viveram.

Quase todos os sobreviventes morreram de câncer em algum momento. E também seus filhos e alguns netos até. A bomba deixou suas marcas por gerações.

E ainda hoje, mesmo após o efeito devastador contra o ser humano, governantes de grandes potências avançam em estudos com uso de bombas atômicas. É isso nunca mais deveria acontecer.

O livro é muito forte. Cidades foram dizimadas. Pessoas evaporaram no ar, deixando as sombras grudadas nos muros. Pessoas ficaram deformadas por bolhas e queimaduras. Pessoas perderam famílias. E quem sobreviveu, se culpou, por não se achar merecedor, por não ter ajudado os demais. Pois todos que ficaram para ajudar, sofreram igualmente os efeitos da radiação.

É de uma dor indescritível, uma tristeza profunda. E mesmo após ver o que a bomba fez em Hiroshima, ainda assim EUA autorizou o lançamento de uma bomba mais mortal em Nagasaki. E ainda hoje, são idolatrados por muitos. Os grandes vencedores da guerra. Os facinoras. Os impiedosos e cruéis EUA.

?Nós que vimos e sobrevivemos sabemos o que a bomba atômica pode fazer.
Nós levamos no fundo de nossos corações, cada um de nós, feridas teimosas que não fecham.?

A única coisa que podemos tirar dessa história real, e a luta incessante contra o desarmamento nuclear. Tanto como as atrocidades do holocausto, isso não pode mais acontecer.

Leiam sobre Hiroshima. Leiam sobre Nagasaki.
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Cintia 01/05/2021

Chocante
Relatos dos sobreviventes de um dos maiores ataques de bomba da história. Não tem como não se envolver com as histórias contadas
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cid 27/10/2018

Um trem de Hiroshima para Nagasaki
Leitura difícil, sofrida mesmo. Imaginar o que as pessoas sofreram, ler a descrição da maneira como eram afetadas pela bomba. E após tudo, os sobreviventes sofrem todo tipo de discriminação para encontrar trabalho e mesmo para se socializar. Positivo foi conhecer a história de Tsutomu Yamaguchi, que sobreviveu às duas detonações atomicas, e que morreu em 2010 aos 93 anos.
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Adriano.Paula 18/11/2017

O grupo mais privado do mundo.
Os que não morreram.
Seria possível sobreviver a uma explosão nuclear? Claro que sim por que houveram muitos que tiveram essa sorte.
E a duas explosões nucleares?
Bem neste livro primeiro você irá descobrir que a explosão nuclear na verdade é causada por diferentes explosões, que não houve uma explosão única, e que a parte que costumamos ver nos videos e fotos, do cogumelo subindo é apenas o fim de uma serie de diferentes explosões, que vão de microondas a sonoras e que por isso causam diferentes tipos de destruição e morte.
Que coisas estranhas acontecem quando uma explosão atômica ocorre e que nos causam perplexidade devido a irem contra o senso comum.
De explicação fácil e ligeira, com depoimentos do sobreviventes da dupla bombas, o autor faz um relato emocionante do caos vivido na época.
Quando os americanos destruíram Hiroshima, que na época era um centro militar importante milhares de sobreviventes que incluíam civis e militares pegaram um trem que os levariam a Nagasaki outro centro militar importante e próximo. Estes viajantes chegariam a tempo de verem e sentirem na pele o segundo ataque nuclear da história.
E assim mesmo contrariando a qualquer lógica muitos sobreviveram.
São estes os integrantes do grupo mais privado do mundo. Ninguém jamais poderá entrar.

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Lari 25/01/2014

Impressionante!
Imperdível, forte, frustrante, triste, de revirar o estômago, de não conseguir acreditar, conceber que aquelas pessoas realmente passaram por tudo aquilo.
Depois de ler o livro fiquei simplesmente uma fã da cultura e do povo japonês.
A leitura em si não é difícil. Difícil é digerir aquelas palavras.

Prepare-se.
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Maria Faria 28/09/2014

As bombas atômicas
O Último Trem de Hiroshima foi o livro mais difícil que li nos últimos meses. É comovente e assustador ao mesmo tempo ler com tantos detalhes o que aconteceu após as explosões em Hiroshima e Nagasaki.
O autor nos apresenta um texto técnico e com explicações científicas, o que aliado ao impacto causado pelos relatos, torna a leitura difícil e profunda.
As bombas atômicas lançadas em território japonês foram as únicas utilizadas contra pessoas até hoje. Uma experiência que traumatizou todas as pessoas que tiveram contato com ela. Muitas vidas foram perdidas. A violência da radiação e do poder de destruição é inquestionável e não deixou espaço para dúvidas de que as nações devem evitar usar este tipo de armas novamente.
O autor construiu uma linha no tempo relatando detalhadamente o preparo para lançamento das bombas. Utilizou os sobreviventes para ilustrar o que cada família ou pessoa estava fazendo no exato momento em que os aviões se preparavam para lançar a bomba. Foi com espanto que descobri que muitas sombras ficaram gravadas em árvores e postes, tão forte o poder destrutivo deste tipo de arma. Muitas pessoas simplesmente desapareceram sob o calor e a radiação.
Hiroshima recebeu a bomba em um dia de céu azul e limpo. As pessoas naquela época não tinham noção do que estava acontecendo. Estavam acostumados às bombas incendiárias já que o Japão estava em guerra com outros países, mas receberam a bomba de forma totalmente despreparada. Aqueles que não morreram com o impacto, tiveram seus corpos queimados e desfigurados, permanecendo mesmo assim vivos, andando sem rumo, com imensa sede e em busca do nada, pois foi um vazio o que a bomba deixou onde havia uma cidade. Mesmo nos lugares mais distantes do local de detonação, vidros e móveis foram arremessados e muitas pessoas foram atingidas por vidro estilhaçado.
A próxima cidade a ser atingida foi Nagasaki. E aqui fui surpreendida ao saber que o alvo da segunda bomba atômica não era esta cidade, mas sim Kokura. Esta última foi poupada por estar com tempo nublado e com muita fumaça, impedindo boa visão do alvo. E Nagasaki foi escolhida por estar com melhores condições de lançamento, mesmo estando um pouco coberta por nuvens naquele dia. A segunda bomba lançada tinha ainda maior poder destrutivo e o mais interessante é que alguns poucos sobreviventes já tinham conseguido escapar vivos da explosão em Hiroshima e agora, após pegar um trem rumo a Nagasaki, estavam passando pela segunda experiência com uma bomba de alto poder destrutivo.
Logo após a explosão, tudo o que foi lançado pela bomba na atmosfera retornou em forma de uma chuva negra e altamente radioativa. Muitas pessoas, atormentadas por muita sede, beberam daquela água, sendo condenadas à morte mesmo não tendo sofrido ferimentos graves.
As cidades não tinham remédios ou suprimentos para cuidar dos feridos e os comandantes do exército japonês cogitavam continuar a guerra, não percebendo que a bomba atômica fora o que aconteceu de pior em seu território. O imperador ordenou que o Japão se rendesse, mas em um momento que seu povo já sofria os efeitos graves das últimas duas explosões.
Após a rendição, foi imposta aos japoneses uma cultura de silêncio sobre os efeitos da bomba atômica. Muitos sobreviventes somente falaram sobre o que viram e viveram mais tarde. Por um longo tempo as pessoas eram obrigadas inclusive a ocultar que tiveram contato com territórios onde houve as explosões, pois estes eram discriminados, sendo evitados nas empresas e vistos como impróprios para namorar ou casar. A explicação para a discriminação estava na conhecida doença da bomba que se mostrou devastadora após as explosões. Aqueles que não morreram imediatamente, pouco tempo depois morreriam de leucemia ou envenenamento pelas substâncias lançadas.
Os poucos que conseguiriam chegar à velhice tiveram oportunidade de contar sua história e mostrar ao mundo que uma bomba atômica é a pior crueldade que pode ser imposta sobre uma nação.
Esta leitura ativou minha consciência para perceber a dimensão de algo para o qual não dava tanta importância. Já li inúmeros livros sobre a matança cruel dos judeus, sei de cor das atrocidades praticadas nos campos de concentração na época de Hitler. Porém, sabendo mais sobre as bombas atômicas percebi que não há diferença em termos de crueldade entre um fato histórico e outro.
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Artemia 08/02/2013

O livro conta sobre as bombas de Hiroshima e Nagasaki sob os olhos dos sobreviventes e dos militares responsáveis pelo bombardeio das cidades, narrando desde a percepção dos primeiros momentos do ataque nuclear por aqueles que seriam atingidos e a preparação da bomba nos aviões militares B-29 até o rumo que suas vidas tomaram anos depois do ataque, muitas delas se findando cedo e outras sendo interligadas.
Expressa claramente o desejo dos sobreviventes de que a historia não se repita e reiteram que o caminho para que os perigos do mundo diminuam e essa realidade não volte a acontecer é mais simples do que parece e consiste basicamente em ser gentil com o outro.
A narração dos relatos é assustadora, pois apesar de se parecer com um filme temos a noção de que foi real.

...

Masahiro lembrou do que um cientista disse a um teólogo certa vez: "Nós somos a soma do que lembramos". E o teólogo respondeu: "Não, nós somos COMO lembramos".
"Sou um sobrevivente, não uma vitima ... Para dizer 'vitima' é preciso haver um vitimizador, e o vitimizador leva a culpa".
...
No fim de sua palestra, um garoto levantou a mão e perguntou: "Senhor Sasaki, que país lançou a bomba atômica?"
Masahiro respondeu: "Fazem mais de 60 anos que as bombas foram lançadas. Deus nos fez a todos iguais. Então eu não lembro quem lançou a bomba". Aos adultos na platéia Masahiro explicou: " O que estou tentando dizer é que não importa quem lançou a bomba. Não é relevante"
....
Décadas depois das queimaduras da pequena Eiko terem afugentado sua mãe, a vergonha não declarada da solidão em que a criança morreu ainda causava tanta dor que os membros da família Nagai raramente conseguiam ir visitar seu túmulo.
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