Ana Júlia Coelho 29/10/2023Que todos temos algum trauma, isso é inquestionável, mas o autor nos traz os tipos de traumas existentes, sejam eles crônicos, agudos ou vicários. O autor também exemplifica como o sistema de saúde (no caso o dos Estados Unidos) não está preparado para lidar com pessoas traumatizadas. A sociedade tem aquela ideia de que trauma só é trauma, só pode ser levado a sério, se transformado em TEPT, um dos tipos mais extremos, o que é injusto com quem sofre com essas marcas emocionais com menor intensidade.
O que o autor deixa claro o tempo inteiro é a necessidade de informação e educação quanto aos traumas e como lidar com eles, ou até eliminá-los. Saúde psicológica é muito banalizada, as pessoas têm vergonha de expor seus traumas, medos, doenças quando se trata desse universo da mente, e no quesito trauma, esse isolamento, essa falta de conversa só piora a situação. Em vários momentos o autor entrega modos de entender e combater essas cicatrizes emocionais, que podem – pasmem – afetar inclusive o DNA das pessoas.
Quando os traumas são tão fortes, chegam ao ponto de ativar/desativas genes, passando essa alteração para a próxima geração. Um estudo feito com filhos de sobreviventes do Holocausto constatou que eles tendem mais à depressão do que as outras pessoas. E grandes traumas na infância aumentam a chance de, quando adulto, o indivíduo desenvolver mais doenças autoimunes.
Por ter lido esse livro tão próximo de Inteligência Emocional do Daniel Goleman, a comparação se torna inevitável. Esse aqui, consideravelmente menor, não me agradou tanto quanto o anterior. O autor tenta explicar o que é o trauma, como ele se forma e de que forma atinge as pessoas, mas senti que faltou mais didática na hora de deixar isso bem claro – ainda não entendi a relação do trauma com vergonha. Os exemplos são interessantes, mas parece trazer muito mais esse tipo de conteúdo do que explicações de verdade. Senti uma pegada meio de autoajuda, com momentos para “refletir” depois dos exemplos, mas foram tão vagas essas indicações de reflexão que acabei pulando essas poucas linhas depois de um tempo. Ainda assim, é interessante ver todos esses dados reunidos em um volume para entendermos melhor como enfrentar essa epidemia invisível.
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