Nath @biscoito.esperto 22/10/2023Esta é uma resenha dupla de "Mary", de Nat Cassidy, e "The Vegetarian", de Han Kang.Estes dois livros são histórias sobre mulheres que desafiam as normas da sociedade e pagam um alto preço por isso. Enquanto "Mary" é um livro de terror que homanageira "Carrie", de Stephen King, "The vegetarian" é uma crítica bizarra de como a sociedade coreana vê o papel da mulher em uma família.
"Abuse is its own kind of reincarnation, isn’t it? We become the ones who made us". (Mary)
"Mary" é um livro maluco do início ao fim. Unindo cenas sangrentas com uma crítica social muito bem colocada, o autor tem o dom de tomar decisões completamente inesperadas na narrativa, levando a história para caminhos inimagináveis. O livro é narrado em primeira pessoa por Mary, uma mulher de 49 anos que está passando pelos primeiros sintomas da menopausa. Após perder o emprego ela decide voltar para a cidade onde cresceu, a fim de tentar entender melhor sua tragetória de vida e cuidar da sua detestável tia, que está doente. Com essa premissa simples, o autor entrega uma história tenebrosa sobre serial killers, fantasmas, machismo, cultos malignos e reencarnação.
"Stop eating meat, and the world will devour you whole". (The vegetarian)
"The vegetarian" também é um livro fora da casinha, ainda que seja muito mais lírico do que "Mary". Focada na critica à forma como a sociedade coreana trata as mulheres, a autora Han Kang escreve sobre Yeonghye, uma mulher que decide se tornar vegetariana após ter um sonho estranho. Essa decisão, que parece tão simples e comum aqui no ocidente, é extremamente chocante na sociedade coreana, e a decisão de Yeonghye abala profundamente seu casamento e sua família.
Apesar de serem livros bem diferentes, tanto "Mary" quanto "The Vegetarian" exploram temas parecidos. Ambos os livros falam de mulheres que não se encaixam na sociedade e que causam incômodo nas pessoas ao seu redor. "Mary" é um livro focado no terror e na violência, mas entrega um comentário social muito pontual. "The vegetarian", por outro lado, é um livro muito mais focado na critica social, ainda que a autora utilize violência e cenas gráficas para expressar suas ideias.
Eu gostei muito de ambos os livros. Dei 5 estrelas para "Mary", pois o audiobook narrado por Susan Bennett é espetacular. Dei 3,5 estrelas para "The vegetarian", pois algumas escolhas narrativas da autora me incomodaram.
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