Diorama

Diorama Carol Bensimon




Resenhas - Diorama


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DêlaMartins 01/04/2023

Eu não sabia o que significava diorama até ler resenhas deste livro, antes de lê-lo. Logo no início do livro o significado é apresentado: "s.m. 4 MUSEOL representação de uma cena, onde objetos, esculturas, animais empalhados etc. inserem-se em um fundo pintado realisticamente. (Houaiss)".

A história é ficcional, mas tem como base um assassinato real de um deputado, em Porto Alegre em 1989. O processo todo com fofocas, preconceitos, envolvimento de políticos, até o julgamento que inocenta o suspeito, realmente aconteceram. Até hoje o crime não foi esclarecido.

Tudo é narrado por Cecília Matzenbacher, filha do deputado acusado do assassinato. Ela vive nos EUA há 20 anos e trabalha como taxidermista, uma função conhecida como empalhadora - ela também prepara dioramas. Cecília tinha nove anos quando o ficcional deputado e radialista Satti foi assassinado e seu pai, médico e também deputado, considerado o principal suspeito. Intercalando presente e passado, ela repassa sua infância e adolescência, enquanto lida com sua vida profissional e sentimental na atualidade. A destruição daquela família "perfeita " por conta do assassinato é bastante presente nas lembranças e reflexões da narradora. Seu irmão mais velho, bastante próximo a ela, também faz parte da narrativa e tem um peso alto nas prováveis motivações do crime.

Os detalhes do assassinato do ficcional deputado João Carlos Satti e as possíveis motivações para o crime são revelados aos poucos, numa mistura de ficção e realidade. A autora mostra o contexto do final dos anos 1980 e aborda temas atuais como preservação da natureza, preconceito quanto as questões de sexualidade e identidade de gênero, além da posse de armas permitida para os CACs - o pai de Cecília era caçador e possuía algumas armas.

Quando seu pai sofre um AVC, Cecília se vê sem saída e, embora contrariada, finalmente volta a Porto Alegre revivendo seus fantasmas e temores.

O diorama entra como símbolo de algo morto, que precisa ser reconstruído mantendo o aspecto mais real possível, mesmo morto.

Gostei da forma com que Carol Bensimon escreve, apesar de ter me cansado um pouco no início da leitura.
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Romulo 15/04/2023

Muito bom
O caso real que embasou o livro me era desconhecido e fui pesquisando junto com a leitura. Muito legal a trama e o desfecho! Vale a pena!
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Nayana.Colquhoun 18/04/2023

Diorama
Primeiro livro que li da autora, gostei bastante da escrita. Interessante ler um livro nacional, atual, que mistura passado e presente. Além de trazer fatos históricos do Brasil, há a visão pessoal da narradora, que é filha do principal suspeito do assassinato do deputado e sofreu muitas consequencias da história toda desde a infância (quando ocorreu o crime) até a vida adulta.
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Marcia 18/04/2023

Minhas impressões sobre o livro
Diorama é um livro brasileiro de ficção inspirado numa história real, o assassinato de um deputado da capital gaúcha. A protagonista é Cecília Matzenbacher , filha do deputado Raul Matzenbacher, principal suspeiro de ter assassinado outro politico, o deputado João Carlos Satti. Eu não conhecia essa palavra: "diorama"e ja no começo da leitura aprendemos: "diorama é a representação de uma cena, onde objetos, esculturas, animais espalhados, etc inserem-se em um fundo pintado realisticamente "

O livro nos mostrará duas tramas: o período do assassinato, quando Cecília ainda era uma garota de 9 anos e a outra que nos mostra a Cecília ja adulta, morando nos USA trabalhando com diorama. No final conhecendo toda trama percebemos a analogia do diorama com a história da  protagonista: recriar, reviver...

Gostei muito da escrita e dos temas abordados: família, ciúmes, preconceito, crime, investigação, julgamentos de leigos, da sociedade e da polícia, traumas, amor, amizade, drogas, fuga...

O assassinato aconteceu nos anos 80, época de tecnologia precária , de muito preconceitos e bullying.

A brutalidade com que a sociedade discrimina pessoas, rotula, julga e dissemina histórias de forma maldosa é assustador, tudo  sem pensar no sofrimento da família, nos traumas e dores que muitas vezes nao se curam.

Esse livro aborda esses pontos de forma brilhante e nos emociona.

Ao terminar percebemos o quanto temos a refletir e nos empenhar por termos mais empatia, mais amor e compreensão.
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Leonardo.Goulart 12/08/2023

Diorama é a história de um assassinato tanto quanto é a história de uma família. Em meio a uma Porto Alegre da década de 80, o preconceito e a política ditam as percepções da população. Mas uma menina tem outra visão de tudo.

Achei que fosse me apegar mais, faltou algo. Um aprofundamento das relações familiares? Mais Jesse? Mais Vinicius? Nada disso empobrece a narrativa, muito boa, mas senti a falta de uma conexão maior.
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Luciana 28/05/2023

Não sei muito o que dizer desse livro, é como abrir o diário de alguém e ir acompanhando as histórias.

A escrita e a narrativa são muito boas. Senti falta de desenvolver um pouco melhor o personagem Marco depois adulto.

Foi uma experiência de leitura muito interessante, daquelas que mais do que outras, cada pessoa vai ter uma muito singular.
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Diovana.Krauchemberg 12/06/2023

Incrível!
Uma história de ficção que narra um assassinato que aconteceu de verdade em Porto Alegre na década de 80.
A história é tão bem construída que por muitas vezes eu tinha que pesquisar se tinha acontecido mesmo ou era ficção.
Uma história que te envolve tanto, acho que pelo principal fato de nunca terem descoberto quem matou o deputado na vida real e no livro dar várias pistas sobre o que poderia ter acontecido.
Eu simplesmente amei a escrita da Carol, ela é uma autora incrível!
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Stella F.. 14/06/2023

Diorama da natureza e da vida
Diorama
Carol Bensimon - 2022 / 288 páginas - Companhia das Letras

Logo de início somos apresentados à família da protagonista Cecília que nos conta sua história em dois momentos: quando criança e agora adulta vivendo nos Estados Unidos, e com uma carreira de taxidermista onde monta muitos dioramas, reprodução de ambientes representativos do habitat natural dos animais. Cecília faz sérias críticas aos empalhadores e naturalistas, matando os animais e às vezes, deixando os bichos empalhados, em um depósito, esquecidos. "Eu gostava deles. Eles me deixavam intrigada. Eram animais e eram também objetos. Além disso, e acima de tudo, eu guardava lembranças muito nítidas das minhas visitas ao museu de história natural de Nova York. Nada era mais incrível que os dioramas. Eu tinha passado muitas horas diante deles, a poucos centímetros do vidro, completamente abismada pelos habitats refeitos nos mínimos detalhes. Queria entender como aquilo tudo fora construído. Parecia uma combinação fascinante de ciência e teatro. Comecei a ler vários livros sobre o tema." (pg. 216)

Conhecemos as personagens: mãe (Carmen Matzembacher), pai (Raul), avós (Wagner e Ondina), irmãos (Vinicius e Marcos), o cachorro Faísca e já vamos acompanhar uma viagem de caçada nos pampas. Nessa viagem já vemos se delineando as características de alguns personagens, e ficamos avisados que logo tudo irá mudar, uma mudança radical na vida de todos.

No presente, o namorado de Cecilia, Jesse, viajou com sua banda. Ele é músico. Na ausência dele, Ciça recebe notícias de que seu pai está doente, em Porto Alegre. Ela sabe que deveria ir ver o pai, mas não consegue. O irmão fala que ela conseguiu se afastar, "ilesa". Mas ela diz que não. Tudo a remete ao passado. Ela gosta de hotéis onde ao lado sabe que é tudo igual, meio padronizado, nada sai do lugar, tudo funciona igual para todo mundo. Mora em um quarto sublocado onde a dona ouve televisão o dia inteiro, e isso a remete aos anos oitenta, é como se ela, apesar de muito distante de casa, não saísse do lugar. "É como se as mesmíssimas colchas, cadeiras e luminárias, arranjadas e rearranjadas nas mesmas posições, fizessem eco aos padrões limitados dos dramas humanos vividos aqui. Por um instante, isso parece diminuir o peso da minha história." (pg. 53) "Deixar para trás não é esquecer." (pg. 35)

A partir da segunda parte do livro me senti mais empolgada com a leitura, pois vamos conhecer o Caso Satti, o caso ficcionalizado do assassinato real de um deputado federal, e que tem como principal suspeito o pai da protagonista. Conhecemos todos os meandros do que levou Raul a ser suspeito e vemos Cecília com sua perspicácia, apesar dos 9 anos, não compreendendo tudo, mas observando (quando adulta vai rever os acontecimentos do dia do assassinato e dos dias seguintes, e vai estudar a posição da mãe, do pai, do tio Weber e coisas que podiam passar despercebidas, mas que foram escolhas malfeitas). Sabemos da discordância política, apesar da amizade, de Satti e Raul. E aos pouquinhos vamos descobrindo que Carmen gostava de Satti, que Raul ficou estacionado na frente do prédio com uma arma no carro, que Vinícius, de alguma maneira se envolveu com Satti, e tudo leva à desconfiança para o deputado Raul e por último descobre-se que o deputado Satti era gay. Apesar das provas não serem fortes, Raul acabou sendo acusado de assassinato e abalou as estruturas da cidade e da família. Tudo levou muito tempo para ser resolvido: a junção de provas, o indiciamento e julgamento. As crianças foram retiradas da escola.

Jesse retorna de viagem e Ciça conta que se envolveu com uma mulher, Kristen. Ele indignado, arremessa as chaves de casa nela. Se separam, e depois entram em discussão sobre o relacionamento.

Cecília sempre teve dificuldades em entender a mãe, em saber suas posições e agora em uma das conversas fica abismada com a posição política da mãe. A cada conversa, Cecília tem que se estabilizar, realizar um certo ritual para voltar ao seu normal. "É verdade. Porque entender esse país é entender a tolerância ao horror. Entender esse país é entender que subir a pirâmide significa pisar em escombros. Entender esse país é entender minha mãe criança aplaudindo Getúlio, depois dançando para o general Castelo Branco, depois exultante com a redemocratização que elegeu meu pai, depois sacudindo a bandeira verde e amarela em apoio a um capitãozinho saído dos esgotos do Brasil." (pg. 184)

Vinícius se envolve com um amigo, e o menino assustado, some. Ele então se deu conta que era “bicha” e começa a frequentar o Anjo Azul, um bar para pessoas como ele. "As bichas que já nasceram orgulhosas uma geração depois não entendem como a gente podia sentir essas coisas que às vezes era, sim, ódio de si mesmo. É que não tinha arco-íris, minha filha, era só porrada. Porrada e o pânico de morrer de aids." (pg. 238) E no bar descobre que Satti também o frequenta, e acaba indo para a casa do deputado. O pai toma conhecimento de que o menino ia ao Anjo Azul e à casa de Satti e então fica desesperado. Tudo leva a crer que os motivos do assassinato seria a partir do conhecimento de toda essa situação, da homossexualidade do filho e do amigo. Vinícius se drogava, se internava, e perdia nas matérias. "Ficou chocado. Mal havia descoberto o que era. Repetiu todos os dias no espelho, era uma coisa ainda tão íntima, não queria de jeito nenhum conceder ao pai o direito de classificá-lo." (pg. 254)

Raul foi indiciado e julgado, mas absolvido por 14 votos a 7. E a explicação de absolvição acabou recaindo sobre a escolha sexual do assassinado, além da falta de provas contundentes: "A suposta perseguição do indiciado, segundo ele, tampouco foi testemunhada por alguém; tratava-se de algo que de novo Satti havia reportado a terceiros, toda essa ficção tendo sido portanto engendrada pela vítima para assim conseguir esconder sua homossexualidade." (pg. 275)

Ciça resolve ir a Porto Alegre, depois de 16 anos de ausência, mais pelo irmão do que pelo pai. Vinícius é agora um homem de 46 anos e Ciça tem que entrar para visitar o pai. "Só me aproximo do meu pai e olho bem nos olhos dele." (pg. 283)

A ambientação do livro é excelente. A autora resgata com maestria os anos 1980, nos colocando no plano Cruzado I e II, falando das músicas, marcas de cigarros, cobertores, comerciais, filmes, hábitos e costumes de uma época. Aprendi mais sobre dioramas (me identifiquei, pois trabalhei com animais empalhados por 24 anos e vi muitos dioramas no Museu em que trabalhava). Estão presentes temas políticos além de abordar preconceitos e aids. Algumas críticas são contundentes, sobre os inseticidas e sobre ditadura.

Eu vivenciei muito os anos 1980 então é legal rever esses acontecimentos de que eu nem lembrava mais, tais como as maquininhas do mercado que remarcavam as mercadorias a toda hora, e havia os fiscais (compradores) na porta de supermercados, além das linhas telefônicas que eram passadas de herança. Eu tinha uma e meus irmãos também.

Ótima Leitura!

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@limakarla 25/06/2023

Eu vi muitas pessoas indicando esse livro, falando que era muito bem escrito, então resolvi dar uma chance e ainda bem! Não estava pronta pra ver um novo favorito nascendo no meu coração.

A autora se baseou na história de um crime que aconteceu no Rio Grande do Sul e em cima disso criou seus personagens e enredos tão bem amarrados e repletos de camadas. Existe uma discussão política, discussão sobre sexualidade, relações entre pais e filhos, tudo que eu gosto!

Acompanhamos a aurorar recriar toda a teia das suas memórias, numa tentativa de compreender o que aconteceu com a sua própria família. E isso feito misturando presente, passado e desconfianças que a acompanharam a vida inteira. Simplesmente fenomenal e viciante.
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KelenDZ 11/07/2023

Livro incrível...
A história é muito bem construída, cheia de camadas que vão se revelando no decorrer na leitura, e que foi me pegando de surpresa a cada novo fato.
Amei as referências às bandas e músicas, comportamentos e termos dos anos 80, bem como as referências aos locais em Poa e outras cidades citadas no decorrer da história...me trouxe nostalgia dessa época ?
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Gisele567 17/07/2023

Diorama
A obra de Carol Bensimon, Diorama, é inspirada em um crime real ocorrido na capital gaúcha, um romance policial que trata questões de sexualidade, preconceito, crimes e retorno às lembranças do passado.
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Ferdy 08/08/2023

Magnificamente escrito! nunca imaginei que eu leria um livro que explicasse taxidermia - trabalho da protagonista, a Ciça - e fosse tão interessante, a ponto de achar que o livro era autobiográfico. E a história do crime contada aqui foi tão bem narrada que olha...que presente pros amantes de um bom livro!!
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Flavio Rocha 15/10/2022

Sobre memórias e dioramas
Carol Bensimon é uma escritora muito talentosa e Diorama se apresenta como uma de suas obras mais consistentes. Ao recriar acontecimentos envolvendo uma figura importante do cenário político porto-alegrense, a narrativa nos apresenta personagens psicologicamente densos e que estão relacionados de alguma forma ao fato histórico. A filha do principal suspeito é uma taxidermista que se muda para os EUA. O lance de gostar de reproduzir cenários transcende para uma análise da própria vida - ela procura dar forma às memórias na tentativa de entender e, quem sabe, perdoar o pai. Cecília, nessa busca, revela dilemas sobre maternidade, sexualidade e política. Um livro imperdível.
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