Queria Estar Lendo 23/09/2022
Resenha: Terceiro Saber
Terceiro Saber é um prequel do universo Mar Interno, uma história criativa que mistura investigação, fantasia urbana e boas cenas de ação. Lançamento do autor Roberto Campos Pellanda - que fechou parceria com a gente -, hoje tem resenha em parceria pra falar sobre a história.
Estamos em Astan. Uma cidade dividida por conquista e religião, controlada pelos colonizadores ocidentais que nada entendem da cultura local, nem mesmo da fé e do idioma. Há estabilidade. Mas ela sempre parece resistir por um fio.
Conhecemos Priti, uma investigadora da polícia de Astan. Ela e seu chefe recebem um caso de grande risco, envolvendo o assassinato de um poderoso comerciante. Priti precisa entender o que aconteceu, e solucionar esse crime. No entanto, outros casos parecem se interligar a esse, criando uma rede de problemas cada vez mais impossível de decifrar.
Terceiro Saber é uma história extremamente criativa sobre uma cidade à beira de uma guerra de conflitos. Foi inspirada nas Repúblicas Marítimas do Mediterrâneo, abrindo alas para a fantasia épica que será a série Mar Interno - lá, vamos acompanhar três protagonistas.
O cenário pitoresco e criativo de Mar Interno dá espaço para uma instigante investigação criminal. Do começo ao fim, a trama se desenvolve muito bem, com uma narrativa fluída e reviravoltas interessantes de acompanhar.
"O caos e a desordem são o caminho necessário para se chegar em algum outro lugar."
Priti foi uma protagonista excelente. Terceiro Saber divide os pontos de vista dela com outros em pontos chave da trama. Mas é ela quem move essa história. Uma personagem inteligente, que pensa duas vezes em cada passo antes de dá-los. Aquele tipo de liderança que dá gosto de acompanhar em uma investigação.
O clima que permeia a trama é bastante urbano; o cenário de Astan, inspirado em cidades do Oriente Médio é muito rico em detalhes. Assim como toda a inspiração da história, que, conforme comentário do autor Roberto Campos Pellanda, veio das Repúblicas Marítimas do Mediterrâneo e do Oriente Médio.
As descrições de casas, palacetes, ruas, vestimentas, é tudo muito visualmente impressionante. É aquele tipo de história de fantasia que te coloca dentro do mundo, e te apresenta ele em todas as suas cores e detalhes. A cidade de Astan é uma personagem viva, tal qual os outros que movem a história.
"Há mais conhecimento acumulado nas cores de um poente de outono do que em todas as bibliotecas do mundo."
Conforme a investigação de Priti avança, ganha novos rumos. O que parecia um simples assassinato se desdobra em uma trama política que envolve traições e tramoias maiores do que a investigadora esperava. Quase como um presságio de que algo grandioso está por vir. Alguma coisa que pode mudar o mundo para sempre.
Tem uma questão bem pontuada em Terceiro Saber sobre conflitos religiosos acompanhando a narrativa. Astan é uma cidade conquistada, e existe o rancor com os invasores e seu mundo diferente; existe também um entendimento de que qualquer empurrãozinho pode levá-los a uma guerra santa, motivada por essa crescente de sentimentos rancorosos.
A narrativa do autor não tem pressa em te explicar as coisas. As respostas chegam quando e como precisam chegar, em diálogos bem pontuados e fluídos entre personagens bastante interessantes. Luca foi um que gostei demais de conhecer; ele dá uma guinada na trama, surgindo num momento chave, e introduz um novo lado da história. Alguém que não pertence a esse cenário, mas é parte dele.
"Mas também era verdade que a menina que sonhava em estudar as estrelas, havia muito que não existia mais."
A fantasia aparece com calma, também. São elementos que vão se desdobrando, e de repente se tornam muito importantes. O conceito do terceiro saber, por exemplo, é muito interessante; e quando participa da narrativa, é essencial para ela. Quase como a vibe de A Oração dos Miseráveis, em que a cidade e o fantástico se misturam tão bem que você acredita em tudo aquilo que está lendo.
Já dá para ter uma bela ideia do que vai ser a série Mar Interno só com esse primeiro vislumbre de acontecimentos. Servindo quase como um prólogo, Terceiro Saber estabelece conflitos, universo, e um final bombástico. Assim, dá margem para um grande desenvolvimento do que acompanhamos aqui.
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