Gustavo.Martins 23/01/2024
Sociedade da informação
Byung-Chul Han é um filósofo contemporâneo muito atento para os problemas do nosso século. Nesse livro, Infocracia, ele descreve como a sociedade moderna tem perdido seus fundamentos e a democracia tem desmoronado digitalmente. O regime disciplinar foucaultiano, opressivo, não é suficiente para adestrar o ser humano na nova ordem liberal de produção e reprodução do capital, que precisa de um homem livre, ou que o pensa assim ser. O meio digital, como meio de livre circulação da informação digital, proporciona o meio de reprodução desse homem moderno, dominando seu campo cognitivo, sua gramática, sua estética, e seus desejos. Na esfera pública, o homem político foi se alterando com as mudanças dos meios de comunicação. A era livresca estimulou o debate público complexo. A televisão e o rádio criaram um ser político performático. E as mídias digitais criam memes. As redes sociais não estimulam o debate e a ação discursiva, mas antes geram informações, toneladas de informações, que inundam o feed dos usuários como estímulos, potencialmente comercializáveis, e de pequena duração. Não narram o mundo. Não tem tempo de vida. Não se estabilizam enquanto ideias duráveis. Esse é o papel da verdade, que fundamenta o mundo social, e a informação toma lugar da verdade sem ser capaz de narrar a realidade. A informação de hoje não conversa com a informação de ontem, não tem passado, futuro ou história. Só o que existe é o momento presente. As informações comandam na era da pós-verdade. Mas a democracia precisa do embate de ideias na esfera pública para sobreviver, precisa do compromisso com a verdade. Na pós-verdade não se é possível existir verdadeira democracia, só sobra o governo da informação, a infocracia.