Gleyca 25/10/2022
Leitura relevante nos dias atuais
Não sou cristã, mas gosto da história e do significado da figura de Jesus. Decidi ler o livro após ver cristãos, majoritariamente evangélicos neopentecostais, adotarem uma interpretação extremamente violenta e odiosa da Bíblia. Visão essa que destoa muito da imagem de Cristo que permeia o meu imaginário: uma pessoa humilde, amorosa e disposto a acolher e abraçar o mais desgraçado ou desfavorecido dos homens e a considerada mais impura ou indigna das mulheres.
Enquanto deputados eleitos afirmam que oferecer comida foi ?estratégia de Satanás?, a Bíblia nos mostra, por mais de uma vez, Jesus alimentando multidões de famintos, recriminando aqueles que muito tinham e não compartilhavam e frisando como a desigualdade era incompatível com o reino de Deus. ?É através da solidariedade ao próximo que Deus quer ser servido e amado.?
Como o próprio livro nos adverte, existem inúmeras interpretações da história de Cristo e cada um, dentro de sua denominação cristã e de seu posicionamento no espectro político, irá usar a Bíblia como lhe convir.
E é isso que acontece nesse livro, onde vemos a leitura que o Frei Betto faz do livro de Marcos a respeito de Jesus, com suas interpretações e análises, amparadas pelo dogma católico.
Algumas interpretações para mim foram um pouco forçadas. Mas a maior parte do conteúdo é bastante coerente. Isso sem contar que o autor situa muito bem as passagens da Bíblia no momento histórico e político em que elas aconteceram. Vale a pena a leitura! Tanto pela análise, quanto pelos fragmentos em que Frei Betto compartilha suas vivências enquanto preso político na Ditadura Militar.
Devemos nos lembrar que Jesus foi subversivo e contrariou as leis e dogmas da época. Nasceu pobre, caminhou com os pobres, defendeu os pobres e nos pediu para estar ao lado deles. Hoje chamam isso de comunismo, mas é o que está escrito no Evangelho.