Sátántangó

Sátántangó László Krasznahorkai




Resenhas - Satantango


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Vitor Hugo 08/06/2024

NA PLANURA DEMONÍACA

Como refere o crítico literário James Wood, trata-se de uma obra "profundamente inquietante". Publicado pela primeira vez em 1985, na Hungria, foi o livro que deu início à carreira literária de László Krasznahorkai.

Hungria. 1985. Um período de transição. Os últimos anos de um regime comunista, há décadas chefiado por János Kádár. Ainda um Estado autoritário, policialesco, dúbio. Antigas estruturas em decadência, notavelmente a desmantelada fazenda coletiva onde boa parte da ação se passa. Início do outono. Muita chuva, neblina, cinzas, sombras e lama. Melancolia. Desesperança.

E as danças começam. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 6. 5. 4. 3. 2. 1. O Tango de Satã. Sátántangó.

A primeira parte do livro nos apresenta em seis recortes os diferentes personagens que vivem no tal assentamento desmantelado, suas vidas medíocres e decadentes, até que surge uma notícia bombástica. Irimiás está por chegar. Ele, que havia morrido! Ressuscitou? Quem é Irimiás? Difícil definir. Um líder? Um messias? Um espião? Um charlatão? Um embusteiro? O fato é que ele vem aí, na companhia de seu escudeiro, o obtuso Petrina.

A segunda parte da obra contempla a ação a partir da chegada de Irimiás e Petrina ao assentamento, e os fatos que daí decorrem, notavelmente a saída atabalhoada dos assentados do local em busca de um destino vago, incerto, prometido por Irimiás.

Não se trata de uma obra de fácil leitura. Há "longas e sinuosas frases" (Imre Kertész, escritor húngaro) por todo o livro, o que pode irritar e afastar muita gente. Para mim, no entanto, é um traço de genialidade do escritor. Isso e o especial fecho do livro, quando retoma-se a vida do médico do assentamento, que, após um período hospitalizado, volta ao local após os outros terem deixado de lá viver. Ao meu ver, uma fantástica forma de revelar o narrador da ação, valendo-se da metalinguagem.

Enfim, uma bela narrativa dessa planura demoníaca a que chamamos vida.
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Luciana 06/06/2024

Mais de um ano pra terminar esse bendito.
Os personagens são interessantes, humanos, cinzas e nitidamente desgastados pela situação. A ambientação também é boa.
Já a forma como foi escrita a história não me agradou, em muitos momentos nada acontece e sabe quando algo tá acontecendo e alguém tá girando você e só se consegue ver partes da cena toda? É meio assim, tem que subentender- se bastante coisa ou não entender mesmo... junta-se a isso não ser contada de forma linear e ficou uma leitura bem truncada e desanimadora para mim.
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Viajante Literário 19/03/2024

A dança da melancolia humana
Termino este livro com um sentimento ímpar no peito já que em minha intuição está o pensamento de que o autor não buscava dar sentido ao leitor, suas palavras saltam os olhos tanto quanto a diagramação deste livro, sim, um livro com quase nada de parágrafos chama a atenção, o que não é um ruim é claro.

Sátantángo, é a história de uma melancólica Hungria pré ou pós Segunda Guerra, não nos é dado a certeza. Os inúmeros personagens da história tem cada qual suas características e arquétipos e suas lamentações, suas histórias se entrelaçam e dialogam e vemos as tristezas de cada um, as falsas esperanças de um dia melhor em meio ao espectro de um país que não dá a mínima para suas almas, suas vidas.

A dança de Satã nada tem de satânico, a dança aqui está pelo fio da esperança, da alegria, da espera pelo dia melhor.

Nota: o livro é em seu escopo confuso e com muito fluxos de consciência por parte do narrador. Mas ao longo do texto sua escrita flui melhor
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Adriana Scarpin 09/02/2024

Satantango estreava há 30 anos no Festival de Berlin.
Filme do Tarr/livro do Krasznahorkai
Vou comentar tanto o livro quanto o filme porque talvez essa seja a adaptação mais fiel que vi na vida. Veja bem, nem sempre acho fidelidade uma boa ideia em relação à adaptações de livros em filmes, acho inclusive um tipo pobre de transposição de linguagem, mas estamos falando de Bela Tarr aqui, um dos maiores cineastas dos últimos 50 anos.
Krasznahorkai usa parágrafos infinitos para escrever seu livro, isso se transforma em planos sequência no filme de Tarr, já no plano sequência inicial o diretor resume todo o filme: o gado debandando pra longe.
Tarr também mantém a estrutura narrativa do livro no filme no ritmo do tango, seis pra lá, seis pra cá. E mantém a questão do título nas possíveis significações, a própria questão coletiva de ser um "tango de Satã" as 12 partes do livro com idas e vindas e um eterno retorno circular nietzschiano, o tango de Satã na taverna antes da chegada de Irimiás, este que por sua vez tem todas as características de um personagem luciferiano e o tango pode ser como ele manipula e amedronta as pessoas na comuna, seis pra lá, seis pra cá.
É um filme/livro muito rico simbólica e estruturalmente, podia passar a noite toda escrevendo sobre ele (nem mencionei a alegoria do regime comunista!), até deu vontade de relê-lo assim que terminei, mas ainda bem que eu tinha o filme pra ver.
Plus: Para quem ficou preocupado com a morte do gato no filme, havia um veterinário no set cuidado dele, ele não morreu. Quando li no livro fiquei preocupada porque esses cineastas pré anos 2000 matavam bichos a torto e direito nas filmagens por aí.
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Nicholas Sana 25/12/2023

Um tango pesado é difícil?
Um grande desafio sua leitura, em momentos caóticos todos falando ao mesmo tempo e sua cabeça vai junto nessa miscelânea de palavras que ele monta maravilhosamente?
Cada dança te prende e sua resolução continua na mente por um bom tempo?..grande livro!!
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Borboleta Metafórica 09/12/2023

Eu não devia ter pegado pra ler...
Niilismo, melancolia e chuva definem este livro kkkk Definitivamente, não sou o "público alvo" da obra.

Peguei pra ler por causa do título e de algumas resenhas positivas que vi no Insta. Mas acho que não dei a devida atenção às resenhas, não devia ter feito isso, pq não é o tipo de livro que gosto. Que chatice, que leitura difícil e entediante... Comecei sem entender nada e terminei entendendo menos ainda hahahaha

Este livro é uma grande obra e tem imenso valor, mas a gente tem que ler o que gosta.
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Luuizafkr 26/11/2023

Eu acho que preciso ler outra vez
Eu achei a história boa, a escrita cansativa e um pouco confusa por causa dos diálogos. Mas no geral eu gostei, preciso ler mais uma vez para entender melhor.
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Icaro 21/11/2023

Surreal
Já li coisa diferente, mas esse é excepcional. Extremamente interessante e difícil (dizem que é o livro mais fácil do autor) esse escritor contemporâneo húngaro é incrível!

A história se passa numa Hungria comunista (?) em que as visões de uma mesma história estranha se passam por vários autores.

Na cidade chove torrencialmente e um dos personagens parece não ser desse mundo.

Incrível! Publicado pela Companhia das Letras.

Nota 9,5/10 ???
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Lucas1429 05/11/2023

Apocalipse, pessimismo e angústia
Em poucas palavras, a experiência de leitura é um pouco ansiogênica e sombria, os flertes com o niilismo são frequentes e a escrita sustentada em longos parágrafos são tão angustiantes quanto bem executados.

Agora, falando em mais detalhes, o livro é diferente do que se pode pensar a princípio, mas é profundamente filosófico e impactante, com personagens interessantes e espaço para diferentes interpretações do seu sentido, objetivo e propósito. Discute temas importantes sobre a humanidade, nossos limites e necessidades, falando sobre um pequeno grupo de pessoas que já não sabe mais porque existe ou o que movimenta sua existência. Apenas estão ali, paralisados, na espera de um grande acontecimento, que vem. E o ator deste acontecimento é um personagem tão interessante quanto difícil de compreender, não por ser mau escrito, mas por dançar entre o humano e o não-humano.

É um livro que merece a leitura, que pede releitura de seus capítulos, você retorna, anota, pensa e mastiga enquanto o autor conduz com magistral habilidade o leitor por este futuro terrível, que pode não estar tão distante assim.
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romulorocha 27/10/2023

Sátántangó, de László Krasznahorkai
Gênero: Romance
País: Hungria
Ano: 2022 / 232 páginas
Editora: companhia das letras

Sátántangó conta a história de um assentamento no interior da Hungria cercado por miséria e abandono do Estado. As pessoas que ainda resistem em viver ali, seguem os dias completamente perdidas na expectativa de algo que pudesse mudar seus futuros. É neste cenário que surgem Irimiáz e seu ajudante, Petrina. Juntos, os dois chegam ao assentamento com promessas eloquentes de um futuro melhor, atraindo adeptos e até devotos, mas o final, nem os dois farsantes poderiam imaginar.

Sátántangó foi publicado inicialmente em 1989 e de cara chocou a todos que o leram pela profusão do enredo e seus personagens, e realmente, o livro é um daqueles que você percebe ao final que leu algo diferente do comum. Há uma agitação narrativa incomum, porém bastante original. A mim, não me agradou. Pois devido toda essa agitação, os personagens me pareceram muito superficiais. Ao ler resenhas deste livro, vi quem comparasse o autor com Kafka, talvez por essa frenesi narrativo, mas diferente de Laszlo, Kafka era muito profundo existencialmente e até no próprio enredo com seus personagens.

Se você tem vontade de ler um romance diferente do comum, não vai se decepcionar. Mas se espera algo mais linear e personagens mais elaborados, não recomendo.

Para Sátántangó, 8/10.

#resenhasdoromulo
#literaturahungara
#Sátántangó
#László Krasznahorkai
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Ercio 20/09/2023

História interessante, mas difícil leitura
A história de passa na Hungria, terra natal do escritor, o que por si só já se torna interessante, mas o livro demora a engrenar. Algo realmente relevante só acontece na metade do livro, e não tem nada de Satã, pra dizer a verdade. Eu tenho quase certeza de que não entendi o final, mas mesmo assim posso dizer que gostei do livro. O fato do escritor não utilizar parágrafos torna a leitura mais difícil.
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Livrística 26/07/2023

Uma narrativa engenhosa
Há quem diga que o final desse livro é genial. A mim, decepcionou um pouco. Apesar disso, a experiência de leitura foi ótima, desafiadora e satisfatória.
Este é um livro que exige muita concentração por conta de suas frases longas e parágrafos que duram um capítulo inteiro. Mas a leitura não é maçante, pelo contrário!
Um livro para ser lido e relido? algumas vezes!
Não fosse o final, ganharia mais estrelas. Recomendo!
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Karen 15/06/2023

Enfim termina o Tango de Satã
Eu, genuinamente, não sei avaliar essa leitura. Também não vou fingir que entendi o percurso pelo qual autor conduz leitor. A história possui uma aparente linearidade que ao fim já não me pareceu mais confiável. Talvez o correto seja não entender mesmo, talvez tenha sido uma alucinação coletiva, um engodo, um sonho nebuloso e confuso, o prenúncio do fim do mundo ou apenas o delírio de um médico dedicado a especular sobre a vida dos outros.

Tudo que sei é o que eu senti. Em alguns capítulos, fiquei muito envolvida e em outros me senti entediada. E, se levarmos em conta que cada capítulo evoca um pouco do ponto de vista de cada personagem, é como se a personalidade de um estivesse em harmonia com a sua e a de outros nem tanto.

Não me arrependo de ter lido, os longos parágrafos necessitam de fôlego. Mas, o que mais me incomodou foram as descrições desnecessariamente longas sobre coisas desimportantes. Nem sempre uma vela se apagando precisa de descrição poética. Engano-me, o que mais incomoda são as cenas que envolvem maus-tratos aos animais.

E por falar em fim do mundo, já fazem três dias que chove sem parar na minha cidade. Ambiência ideal para o grande final do Tango de Satã.
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T.N.T.Rock 01/06/2023

Retirantes do fim do mundo.
Retirantes do fim do mundo, a cada página que virava de Sátántangó comecei a fazer uma associação local, lembrava de nordestinos fugindo da seca, e relacionava com o grupo de desajustados tentando se livrar de sua realidade decadente e decrépita. As comparações podem seguir por diversos caminhos, desde o aguardo de um messias salvador, quanto a fuga de uma esterilidade local em seus mais diversos graus.
Evidente que Krasznahorkai descrevia as feridas de seu povo mas, é curioso como nossas realidades se entrelaçam. O livro em diversos momento é povoado por alegorias e reflexões “mágicas”, o narrador segue um caminho tão lamacento quanto o que os personagens seguem, e essas referências metafóricas: sinos mágicos, aranhas, e imagens misteriosas vão permear todo o desenrolar do romance.
Finalmente é um livro de camadas infinitas, e nos mostra que mesmo no mais longínquo dos mundos em um lugar frio, insalubre, esse grupo de alcoólatras, esfarrapados, derrotados batem à nossa porta todos os dias.
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Daiane316 27/05/2023

Seria o ato de criar, uma loucura?
Sátántángó de Krasznahorkai já causa forte impressão pelo seu título, e não engana por isso. Seu enredo é um entreveiro dos bons, daqueles que deixam a gente angustiado, tenso, comovido. Um tango de revirar concepções, trazendo uma nova visão sobre um período conturbado e pessoas quebradas esperando algo mudar, ou colocando suas expectativas nas mãos de outra pessoa. O autor amplia essas visões com descrições acuradas e desordenadas, com intuito de realmente nos deixar confusos; e a ambientação caótica contribui para isso.
Durante os dias em que fiz essa leitura, o fiz com o coração pesado e uma angústia crescente. Creio que Krasznahorkai quis deixar nas entrelinhas do livro, o que é o processo de escrever, de criar; Uma constatação de que a literatura além de servir como escudo contra as intempéries do mundo, é também uma tentativa de compreender o homem pelo homem e o seu meio, seja o que vive, ou o que esta condicionado pelo sistema. É um livro complexo, porém recompensador, que nos faz refletir sobre a natureza humana, e a forma como depositamos cegamente nossa confiança e esperança.
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