Sátántangó

Sátántangó László Krasznahorkai




Resenhas - Satantango


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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/10/2022

O Tango De Satã
Romance de estreia de László Krasznahorkai e o mais acessível de acordo com a crítica, Sátántangó ou O Tango De Satã foi lançado na Hungria, em 1985 e, a despeito do interesse suscitado, levou muito anos para ser conhecido fora de seu país.

Primeiramente, em 1994, chegou a adaptação cinematográfica, um desafio em preto e branco de 7 horas de duração que, a cargo de Béla Tar, é considerado um dos maiores filmes do cinema contemporâneo. Quanto ao livro, ele ganhou sua primeira tradução, para a inglês, no finalzinho de 2013 e dois anos depois, foi laureado com Man Booker Prize, fato decisivo para consolidar sua carreira internacional, inclusive, ele acaba de chegar às livrarias brasileiras, com o selo da Companhia das Letras e tradução direta do húngaro de Paulo Schiller.

Com 324 páginas, a ação transcorre numa aldeia decrépita e encharcada pela chuva, uma espécie de ?coletivo fracassado?, que é habitada por camponeses desiludidos, um médico alcoólatra, jovens prostitutas reunidas num moinho em ruínas e uma menina deficiente cognitiva vagando com seu gato. Eles formam uma polifonia semi-enlouquecida que inesperadamente recebe uma golfada de esperança com a chegada de dois ex-colegas, Irimiás e Petrina, que supunham estarem mortos. O primeiro, carismático e pretensamente dotado de poderes extraordinários, na verdade, trata-se de uma figura misteriosa cujo poder de manipulação sobre uma população fragilizada é o fulcro do livro e também o tema central da obra de Krasznahorkai. Já o segundo, não passa de um fiel ajudante que sobrevive da aliança com o ?amigo?.

Niilista, melancólico e circular, o romance é uma distopia carregada de alegorias cuja atmosfera claustrofóbica é permeada de um humor maquiavélico. Seu título reporta a uma dança realizada numa taverna, quando todos os presentes estão bêbados, aguardando a chegada de Irimiás. Entretanto, também se refere a estrutura singular da narrativa: movendo-se ora para frente ora para trás, como se baila um tango, nesse caso, uma execução orgiástica num palco sombrio, miserável e infestado por aranhas.

No livro, a epígrafe ? ?Nesse caso, eu o evito esperando por ele.? ? foi retirada de O Castelo, de Franz Kafka e não é por acaso. Krasznahorkai nunca escondeu a influência do escritor do tcheco, contudo há uma diferença fundamental entre eles: enquanto Kafka aborda mal sucedidas transformações individuais, Krasznahorkai nasceu e cresceu numa Hungria comunista, isto é, num sistema político em que o coletivo é indissociável da realidade.

Por sinal, seu autor é um mestre da escrita. Primorosamente construída, ela prima pelos longos parágrafos, a variação de tons e os caminhos que toma, conduzindo o leitor por uma história fascinante que, marcada pela ressurreição de Irimiás, sinos que badalam sem existir ou aparições fantasmagóricas no meio da neblina, comprova que ?mesmo que a nossa imaginação não pare de funcionar, não chegaremos nem um pouco mais perto da verdade.? (Páginas 249 e 250)

Enfim, Sátántangó é uma estreia brilhante, superando desafios que seriam intransponíveis sem a genialidade de Krasznahorkai. Um desses livros que vez ou outra tropeçamos e não mais esquecemos. Fazia muito tempo não lia algo tão notável.

?? Se eles lessem jornais, saberiam que lá fora a situação é de crise. E não queremos que a crise chegue e destrua nossas conquistas! Mas isso é uma grande responsabilidade, entendem, uma grande responsabilidade!? (Página 44)
Aryana 29/10/2022minha estante
A senhorita está me deixando com vontade de ler todos os livros da sua estante.


Karina Paidosz 02/11/2022minha estante
Ora, ora quem encontro por aqui ...????


Aryana 02/11/2022minha estante
???


Lucas.Feitosa 15/11/2022minha estante
Excelente análise! Eu senti um mal-estar durante a leitura, não sei se a senhora sentiu também.




Tiago600 07/09/2022

Deus é a Guerra


Sátántangó se passa em um vilarejo onde a chuva cai torrencialmente, porém, a real sensação é de que o leitor está perdido em uma neblina. No lugar residem apenas párias, bêbados, prostitutas, falsos profetas, filósofos perdedores, ladrões, assassinos, figuras fáusticas, lunáticos que querem dinamitar o mundo com granadas e assim por diante. A vila talvez se assemelhe à uma tentativa frustrada de coletivização, onde tudo se encontra no maior grau de decadência possível. Lama, ferrugem, podridão, acácias agonizantes, corvos, ossos, degradação, são constantemente espalhados ao longo do livro. Se em "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago nos sentimos cegos, aqui nos somos literalmente sufocados. A selvageria humana que encontramos nas obras de Faulkner e Cormac McCarthy, aqui, é potencializada em um nível psicológico verdadeiramente perturbador. O niilismo de Dostoiévski é elevado a enésima potência na caligrafia de László Krasznahorkai. Tudo, exatamente tudo no livro agoniza, aniquila, estrangula, inquieta. Apesar de exigente, cada página é dotada de uma escrita que arranca das sombras e do sombrio trechos marcantemente hipnóticos. 

Iniciamos a leitura cobertos com nossas armaduras metálicas, engolindo luz. Capítulo após capítulo, a leitura nos lança um poder secreto que vai entrando na pele, somos sugados, a decadência é ressuscitada de nossas cavidades, liberada, enchendo cada célula de nosso corpo como se fosse sangue se espalhando pelas extremidades, anunciando seu poder inextinguível. Nesse mais breve momento, o brilho da saúde desaparece, o corpo ameaça refletir a luz ao invés de absorvê-la, as rugas microscopicamente esculpidas vão saltando aos olhos e finas, apagam a memória de tudo aquilo que nos precedeu para preservar em uma única massa tudo que algum dia se encontrará enterrado a seis pés de profundidade.
Thaina 08/09/2022minha estante
Uau


Henrieth Hasse 10/09/2022minha estante
Que livro intenso!




Adriana Scarpin 09/02/2024

Satantango estreava há 30 anos no Festival de Berlin.
Filme do Tarr/livro do Krasznahorkai
Vou comentar tanto o livro quanto o filme porque talvez essa seja a adaptação mais fiel que vi na vida. Veja bem, nem sempre acho fidelidade uma boa ideia em relação à adaptações de livros em filmes, acho inclusive um tipo pobre de transposição de linguagem, mas estamos falando de Bela Tarr aqui, um dos maiores cineastas dos últimos 50 anos.
Krasznahorkai usa parágrafos infinitos para escrever seu livro, isso se transforma em planos sequência no filme de Tarr, já no plano sequência inicial o diretor resume todo o filme: o gado debandando pra longe.
Tarr também mantém a estrutura narrativa do livro no filme no ritmo do tango, seis pra lá, seis pra cá. E mantém a questão do título nas possíveis significações, a própria questão coletiva de ser um "tango de Satã" as 12 partes do livro com idas e vindas e um eterno retorno circular nietzschiano, o tango de Satã na taverna antes da chegada de Irimiás, este que por sua vez tem todas as características de um personagem luciferiano e o tango pode ser como ele manipula e amedronta as pessoas na comuna, seis pra lá, seis pra cá.
É um filme/livro muito rico simbólica e estruturalmente, podia passar a noite toda escrevendo sobre ele (nem mencionei a alegoria do regime comunista!), até deu vontade de relê-lo assim que terminei, mas ainda bem que eu tinha o filme pra ver.
Plus: Para quem ficou preocupado com a morte do gato no filme, havia um veterinário no set cuidado dele, ele não morreu. Quando li no livro fiquei preocupada porque esses cineastas pré anos 2000 matavam bichos a torto e direito nas filmagens por aí.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 31/12/2022

László Krasznahorkai - Sátántangó
Editora Companhia das Letras - 232 Páginas - Tradução de Paulo Schiller - Capa de Guilherme Xavier - Imagem de capa "Mulher e Monstro" de Manuel Messias dos Santos - Lançamento: 2022.

"Sátántangó" ou "Tango de Satã" na ótima tradução direta do húngaro de Paulo Schiller, é a obra de estreia e considerada a mais importante de László Krasznahorkai, um autor que ainda não havia sido publicado no Brasil, mesmo tendo sido vencedor do prestigiado Man Booker International Prize em 2015. O romance, lançado originalmente na Hungria em 1985, foi adaptado para o cinema pelo cineasta Béla Tarr em 1994 em uma produção em preto e branco de sete horas e meia de duração, o tempo que leva a leitura do livro, segundo Béla Tarr. Na verdade, "Sátántangó" demanda bem mais tempo e, principalmente, atenção do leitor, devido à prosa que utiliza longas e caudalosas frases em parágrafos que ocupam todo os capítulos muitas vezes em fluxos de consciência.

Krasznahorkai é conhecido por romances distópicos e sombrios, normalmente classificados como pós-modernos, inspirados na literatura de Franz Kafka e Samuel Beckett. Sátántangó não é diferente, inclusive com uma epígrafe de "O Castelo de Kafka": "Nesse caso eu o evito esperando por ele." O cenário é um assentamento ou fazenda coletiva, típica dos regimes comunistas do leste europeu na época da cortina de ferro, um ambiente com as instalações destruídas onde habitam personagens loucos e desajustados: camponeses falidos, um médico alcoólatra observando obsessivamente seus vizinhos e jovens prostituídas em um moinho abandonado. Irimiás, um antigo morador a quem atribuem poderes extraordinários, e dado como morto, está a caminho do local, com seu companheiro, Petrina.

"Numa manhã do final de outubro, não muito antes que as primeiras gotas das chuvas impiedosamente longas de outono se desprendessem sobre a terra rachada, ressequida, do lado ocidental do assentamento (para que depois o mar pútrido de lama tornasse intransitáveis os caminhos, e também a cidade ficasse inacessível), Futaki despertou ao som de sinos. A quatro quilômetros de distância a sudoeste, nas antigas terras de Hochmeiss, existia uma capela solitária, porém lá não apenas não havia sino como a torre desabara no tempo da guerra, ao passo que a cidade, por sua vez, ficava muito afastada para que dela chegasse algum som. Além disso, o badalar plangente, triunfante, não lembrava sinos distantes, mais parecia que o vento o tinha trazido de bem perto ('Como se viesse do moinho...') para aqueles lados. Ele apoiou os cotovelos no travesseiro para olhar pela janela minúscula da cozinha, mas através do vidro meio embaçado o assentamento, imerso no amanhecer azulado e no gemido dos sinos que aos poucos silenciaram, ainda estava mudo e inerte: no extremo oposto, entre as casas distantes umas das outras, somente pelas cortinas da janela do médico se filtrava uma luminosidade, nesse caso porque havia anos o morador não conseguia adormecer no escuro. [...]" (p. 11)

A notícia da chegada de Irimiás logo se espalha, fazendo com que um grupo de camponeses se reúna na taverna para esperá-lo, onde discutem, bebem e dançam ao som de um acordeão. Durante todo o tempo, uma chuva contínua castiga a região e uma menina com problemas mentais, mais uma desajustada entre os desajustados, após matar o seu gato, se suicida com veneno de rato: "Não tinha razão para se impacientar. Sabia bem que seus anjos logo viriam buscá-la." O autor avança a sua narrativa em um ambiente apocalíptico formado por casas em ruínas, aranhas e ratos, assim como bêbados e fracassados que não conseguem mais separar o sonho da realidade, a vida da morte. A comunidade irá colocar a solução para os seus problemas nas mãos de Irimiás, uma tragédia anunciada.

"'Bem que você poderia ligar o aquecedor!', disse Kerekes, o fazendeiro. Mutucas outonais zumbiam em torno do lustre rachado escrevendo oitos imprecisos na luz baça, batendo repetidas vezes na porcelana suja, para depois do golpe surdo caírem de novo na rede mesmérica tecida por elas e continuarem a interminável, embora limitada, movimentação até que a luz por fim se apagasse; porém a mão de quem dependia esse gesto piedoso ainda apoiava o rosto barbado do taverneiro que, sob o som da chuva que não tencionava se deter, ao observar sonolento, piscando, as mutucas, resmungou: 'Vão todos à merda!'. Halics estava sentado no canto junto da porta, numa cadeira de ferro oxidada, na capa de trabalho meio desabotoada que – caso quisesse se sentar – ele tinha de dobrar na frente dos testículos, pois, na verdade, a chuva e o vento não poupavam nenhum deles, sendo que a capa, além de tudo, o tornava mal-apanhado e disforme, apagando as linhas de sua silhueta; toda a elasticidade do tecido secara, portanto ele não o protegia das águas faladeiras do juízo, mas sim como Halics sempre dizia, 'das chuvas internas que facilmente se transformavam no destino', as quais, emanadas de seu coração ressequido, noite e dia lavavam sem parar seus órgãos indefesos. Em torno de suas botas crescia uma poça, em sua mão ganhava peso o copo vazio, e era inútil ele procurar não ouvir que atrás, com os cotovelos apoiados no 'bilhar', voltado na direção do taverneiro com seu olhar sombrio, Kerekes sorvia o vinho lentamente, entre os dentes, em goles ávidos e grosseiros. [...]" (pp. 69-70)

Podemos entender o romance, na falta de definição melhor, como uma crítica ao regime comunista da época na Hungria e a coletivização da agricultura inspirada na política da antiga URSS, mas é muito mais do que isso; na verdade uma abstração sobre a falta de sentido da vida e a inútil esperança em uma salvação externa que nunca virá. Uma leitura difícil sem dúvida, contudo muito recompensadora porque trata-se se uma obra única na literatura contemporânea mundial, tanto na forma quanto no conteúdo, como destaca Nicole Krauss: "O tipo de escritor que pelo menos uma vez em cada página encontra um modo perfeito de expressar algo que alguém sempre sentiu mas nunca foi capaz de descrever." Elogio maior não pode haver.

"[...] Futaki não estava sozinho, a excitação era perceptível no salão, em especial quando Kráner olhou para fora pela porta de vidro e se manifestou, solene, ('A parte baixa do céu está clareando'); as pessoas se animaram, o vinho correu de novo, principalmente a sra. Kráner voltou a si e gritou, estridente: 'O que é isso? Um enterro?!'. Sacudindo sensual a imensa cintura, atravessou a taverna e se deteve diante de Kerekes: 'Ei, não durma você também! Toque alguma coisa naquele acordeão!'. O taverneiro ergueu a cabeça e arrotou com força. 'Fale com o taverneiro, não comigo. É dele.' 'Ei, taverneiro!', gritou a sra. Kráner. 'O acordeão está por aí?' 'Está... vou trazê-lo...', resmungou ele, e desapareceu no depósito. 'Mas depois aguentem esse vinho todo.' Foi para o fundo, junto das torneiras, pegou o instrumento revestido de teias de aranha, deu-lhe uma limpada e em seguida o levou para Kerekes: 'Veja bem! Cuide del porque é propriedade delicada...'. Kerekes afastou um pouco de si o instrumento, vestiu as alças, tocou alguns compassos, em seguida se curvou para a frente e esvaziou o copo: 'Então, onde está o vinho?!'. A sra. Kráner se sacudia de olhos fechados no meio da taverna. 'Está bem, leve uma garrafa para ele!', disse ao taverneiro e, impaciente, bateu os pés. 'O que houve bando de preguiçosos? Não durmam!' Pôs as mãos na cintura e gritou para os homens que sorriam: 'Vermes covardes! Ninguém tem coragem de me acompanhar?!' Halics, porque não queria tolerar ser visto como medroso, se pôs de pé e, como se não ouvisse que sua mulher o advertia ('Fique aqui!'), saltou à frente da sra. Kráner. 'Um tango!', gritou e endireitou-se. [...]" (p. 127)

Sobre o autor: László Krasznahorkai nasceu em Gyula, Hungria, em 1954. Vencedor do Man Booker International Prize em 2015, é autor dos romances The Melancholy of Resistance (1989), War and War (1999), Destruction and Sorrow beneath the Heavens (2004), Baron Wenckheim’s Homecoming (2016), entre outros. Sátántangó, publicado originalmente na Hungria em 1985, é seu primeiro livro traduzido no Brasil. O comentário de W. G. Sebald resume bem a importância do autor na literatura atual: "A universalidade da visão de Ksznahorkai rivaliza com a de Almas mortas de Gogol e supera em muito todas as preocupações da escrita contemporânea."
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Anderson 01/02/2023

Uma narrativa de muita complexidade que desafia a compreensão apenas numa primeira leitura. Sem termos propriamente uma direção de um enredo, vamos percorrendo a história e montando os quadros aos poucos, sem, necessariamente conseguirmos concluir o quebra-cabeças.
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Diego 05/01/2023

Só dicas aleatórias e sem resenha, pra ajudar quem quer ler.
Sátántangó é um livro escrito pelo vencedor do Man Booker Prize internacional de 2015 (premiavam autores e não obras na época, de fato, esse foi o último ano que fizeram isso) e seu livro de estreia.

A história se passa em uma pequena vila na Hungria na época comunista (galera, entendam, não achei nenhuma crítica ao comunismo no livro, exceto se você parar pra realmente prestar atenção, no capítulo 2 da parte inicial e referências ao capítulo 2 da parte final, mas não é uma crítica, sendo bem honesto) e a parte inicial gira em torno da chegada de duas pessoas dadas como mortas, não quero falar mais do enredo em si porque quero que tenham a possibilidade de conhecer cada um dos "maravilhosos" personagens - também faz parte do plano do autor, pelo que entendi.

O romance é cíclico, incluindo a própria estrutura dos capítulos, vão entender após ler todo ele. O ponto alto do livro, sem sombra de dúvidas, é o capítulo 6 e 4 da segunda parte e tudo "vai fazer sentido" (se você é chegado numa coisa kafkiana) no último parágrafo - final do capítulo 1.

Francamente... não acho isso uma coisa que DEVA SER LIDO espetacular e os 🤬 #$%!& ... não, bem longe disso, é um livro meio difícil de ler e toda a estrutura do livro demonstra isso, há partes que as palavras ficam juntas propositalmente (assimamigodessejeitoaqui) e é, praticamente, UM PARÁGRAFO POR CAPÍTULO! Mas, meus nego, isso faz parte da experiência de vivência no livro! É um livro bom, até melhor que a média, mas, em troca disso, você pode escolher literalmente ler O PRÓPRIO KAFKA!

Enfim, o livro é bom, é um livro de estreia e segundo as línguas, o mais fácil de ler do autor. Nem fodendo que vale 80 pila (comprei por 40 em promoção), mas, se você quiser arriscar, não vai se arrepender.

Obs: Esse livro não é para leitores iniciantes, sério, em certas partes, achei ele muito parecido com Faulkner em O Som e a Fúria.
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Karen 15/06/2023

Enfim termina o Tango de Satã
Eu, genuinamente, não sei avaliar essa leitura. Também não vou fingir que entendi o percurso pelo qual autor conduz leitor. A história possui uma aparente linearidade que ao fim já não me pareceu mais confiável. Talvez o correto seja não entender mesmo, talvez tenha sido uma alucinação coletiva, um engodo, um sonho nebuloso e confuso, o prenúncio do fim do mundo ou apenas o delírio de um médico dedicado a especular sobre a vida dos outros.

Tudo que sei é o que eu senti. Em alguns capítulos, fiquei muito envolvida e em outros me senti entediada. E, se levarmos em conta que cada capítulo evoca um pouco do ponto de vista de cada personagem, é como se a personalidade de um estivesse em harmonia com a sua e a de outros nem tanto.

Não me arrependo de ter lido, os longos parágrafos necessitam de fôlego. Mas, o que mais me incomodou foram as descrições desnecessariamente longas sobre coisas desimportantes. Nem sempre uma vela se apagando precisa de descrição poética. Engano-me, o que mais incomoda são as cenas que envolvem maus-tratos aos animais.

E por falar em fim do mundo, já fazem três dias que chove sem parar na minha cidade. Ambiência ideal para o grande final do Tango de Satã.
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Nicolle 02/11/2022

Minha genteee
Eu vou precisar reler esse épico umas três vezes mais. Eu não entendi muita coisa, sinto que ficou muito nas entrelinhas e eu não soube enxergar. Foi a primeira vez que li esse homi. É uma mistura de kafka, com Gogol e a ausência de parágrafos de saramago. Jesusssss, ou melhor, Satannnnn!!!
E o filme que te 7 horas e meia!!!!!
Lucas.Feitosa 15/11/2022minha estante
"satannnn!!!" ahahhahahahhahahah




romulorocha 27/10/2023

Sátántangó, de László Krasznahorkai
Gênero: Romance
País: Hungria
Ano: 2022 / 232 páginas
Editora: companhia das letras

Sátántangó conta a história de um assentamento no interior da Hungria cercado por miséria e abandono do Estado. As pessoas que ainda resistem em viver ali, seguem os dias completamente perdidas na expectativa de algo que pudesse mudar seus futuros. É neste cenário que surgem Irimiáz e seu ajudante, Petrina. Juntos, os dois chegam ao assentamento com promessas eloquentes de um futuro melhor, atraindo adeptos e até devotos, mas o final, nem os dois farsantes poderiam imaginar.

Sátántangó foi publicado inicialmente em 1989 e de cara chocou a todos que o leram pela profusão do enredo e seus personagens, e realmente, o livro é um daqueles que você percebe ao final que leu algo diferente do comum. Há uma agitação narrativa incomum, porém bastante original. A mim, não me agradou. Pois devido toda essa agitação, os personagens me pareceram muito superficiais. Ao ler resenhas deste livro, vi quem comparasse o autor com Kafka, talvez por essa frenesi narrativo, mas diferente de Laszlo, Kafka era muito profundo existencialmente e até no próprio enredo com seus personagens.

Se você tem vontade de ler um romance diferente do comum, não vai se decepcionar. Mas se espera algo mais linear e personagens mais elaborados, não recomendo.

Para Sátántangó, 8/10.

#resenhasdoromulo
#literaturahungara
#Sátántangó
#László Krasznahorkai
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Vitor Hugo 08/06/2024

NA PLANURA DEMONÍACA

Como refere o crítico literário James Wood, trata-se de uma obra "profundamente inquietante". Publicado pela primeira vez em 1985, na Hungria, foi o livro que deu início à carreira literária de László Krasznahorkai.

Hungria. 1985. Um período de transição. Os últimos anos de um regime comunista, há décadas chefiado por János Kádár. Ainda um Estado autoritário, policialesco, dúbio. Antigas estruturas em decadência, notavelmente a desmantelada fazenda coletiva onde boa parte da ação se passa. Início do outono. Muita chuva, neblina, cinzas, sombras e lama. Melancolia. Desesperança.

E as danças começam. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 6. 5. 4. 3. 2. 1. O Tango de Satã. Sátántangó.

A primeira parte do livro nos apresenta em seis recortes os diferentes personagens que vivem no tal assentamento desmantelado, suas vidas medíocres e decadentes, até que surge uma notícia bombástica. Irimiás está por chegar. Ele, que havia morrido! Ressuscitou? Quem é Irimiás? Difícil definir. Um líder? Um messias? Um espião? Um charlatão? Um embusteiro? O fato é que ele vem aí, na companhia de seu escudeiro, o obtuso Petrina.

A segunda parte da obra contempla a ação a partir da chegada de Irimiás e Petrina ao assentamento, e os fatos que daí decorrem, notavelmente a saída atabalhoada dos assentados do local em busca de um destino vago, incerto, prometido por Irimiás.

Não se trata de uma obra de fácil leitura. Há "longas e sinuosas frases" (Imre Kertész, escritor húngaro) por todo o livro, o que pode irritar e afastar muita gente. Para mim, no entanto, é um traço de genialidade do escritor. Isso e o especial fecho do livro, quando retoma-se a vida do médico do assentamento, que, após um período hospitalizado, volta ao local após os outros terem deixado de lá viver. Ao meu ver, uma fantástica forma de revelar o narrador da ação, valendo-se da metalinguagem.

Enfim, uma bela narrativa dessa planura demoníaca a que chamamos vida.
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Paula 25/10/2022

??!!??!!
Não é um livro comum. Eu achei uma leitura difícil, e é possível que eu não esteja à altura dela. Tanto o enredo como a forma são não convencionais. Muitas coisas ficam subentendidas, e é preciso entender nas entrelinhas. As frases em geral são bem longas, principalmente nos primeiros capítulos o que dificulta um pouco o entendimento, mas isso parece ser uma característica do autor. Eu recomendo, mas se prepare! Eu espero reler um dia, depois de acompanhar resenhas e me aprofundar no universo deste autor. Edição excelente da cia das letras, sem erros, fluida.
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Rafael_Santiago 13/11/2022

Modernoso num tom marrom pastoso
Não quero te desanimar, todo livro vale a leitura (ou pelo menos a tentativa dela) e em cada pessoa bate de um jeito, só consigo resenhar a partir da minha perspectiva, então, sem spoiler segue minhas impressões.

Descreve um universo incômodo, torto, doentio, desajustado, claustrofóbico, tudo de ruim, etc lançando mão de uma narrativa e escritas incômodas, tudo para impactar o leitor, nisso, essa ?aura? de desajuste e incômodo superam a mera narrativa e salta do texto para a pele do leitor, mas não é um recurso novo, você encontra isso em ?O processo? do Kafka, por exemplo. Então, talvez não passe de um mero microcosmo para pôr em espectro situações onde existe um problema e alguém dizendo ter uma panaceia e tudo que geralmente se vê acontecer nessas situações por aí (tanto na esquina mais próxima quanto na sociedade ao longo das eras), quando pessoas compram cegamente tais ideias e também o que as levas comprar tais ideias e blá-blá-blá. A escrita (irritante, por demais) evasiva, suspeito ser para que se comporte como um ?metatexto?, ?metacrítica? sem prazo de validade. Fora que contribui para que se crie uma mística em torno do texto e o mantenha vivo a medida que leitores vão comprando a ideia das pré-interpretações da crítica especializada (olha mais uma ?metaleitura?).

Sobre a escrita, não achei em nenhum momento poética ou ?assombrosa?, apenas se atém a muita miudeza e divaga demais para que você se perca a esmo no esmo. Talvez um ensaio mais dado a filosofia (de poucas páginas) impactasse mais e fosse mais instigante, minha opinião.

Me emocionou? Sinceramente? Sim: me entediou! Não deixa de ser uma emoção. Achei muito óbvio e os duplo twist carpados com linguagem nunca me emocionam mesmo, para esse tipo de coisa eu sou pior que pedra. Em termos gerais para mim foi excesso de enchimento de linguiça, a entrega do que era, minha cara de paisagem do tipo ?trouxa eterno vim aqui para isso?, mais linguiça enchida e acabou. O excesso de detalhes para descrever miudezas, a obsessão por teia de aranha, cigarro e aguardente estava pior que comercial repetitivo de TV, já não aguentava mais. Falta de assunto extremo é muito triste num livro, rouba algo muito precioso para qualquer leitor: Tempo.

A ideia de se criticar algo e impor uma reflexão é sempre bem-vinda, mas para literatura, na qualidade de leitor, quero poder abrir um livro e ler algo que me cative enquanto história e que no meio disso tenha reminiscências a minha realidade que me impacte e então me faça juntar os pontos. Agora abrir um livro que parece balbuciado é uma perda de tempo terrível. Faltou desenvolver algo em cima, me passou a impressão de um universo muito oco e essa jogada de desculpar o vazio com questões abertas jogadas no colo do leitor é muito clichê, muito batida. Nisso eu poderia criar uma instalação onde pendurasse belas molduras sem tela na parede e então pagasse alguém influente para ficar na saída da exposição apartando o descontentamento dos visitantes, dizendo que a parede dentro da moldura era branca e nisso possuía todas as cores e no espaço intuído estavam todas as formas e blá-blá-blá? Francamente, não convence. Daí o título da minha resenha.

Esse livro tem uma adaptação para o cinema que tem duração de umas sete horas [sic], tenho certeza que pelo tempo que rouba do espectador deve com certeza ser pior que o livro.

Caso se aventure nesse texto, espero que tenha uma experiência mais divertida do que eu, boa sorte!
Rafael Seraphim 24/05/2023minha estante
Obrigado pela coragem de escrever uma resenha tão sincera e com propriedade. Estou lendo esse livro agora e apesar de compreender os méritos dele estou francamente aborrecido com a leitura.


Rafael_Santiago 24/05/2023minha estante
Ah valeu! Eu também me aborreci bastante com esse livro, existem uns livros que são meio intocáveis pela crítica. Às vezes eu me pergunto se a crítica especializada se propõe mesmo ler esses livros antes de escrever sobre eles ou se uma vai na opinião da outra e fazem nós leitores cairmos nessas furadas.




Icaro 21/11/2023

Surreal
Já li coisa diferente, mas esse é excepcional. Extremamente interessante e difícil (dizem que é o livro mais fácil do autor) esse escritor contemporâneo húngaro é incrível!

A história se passa numa Hungria comunista (?) em que as visões de uma mesma história estranha se passam por vários autores.

Na cidade chove torrencialmente e um dos personagens parece não ser desse mundo.

Incrível! Publicado pela Companhia das Letras.

Nota 9,5/10 ???
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Maria <3 07/05/2023

O Tango de Satã
Esse livro é sensacional, possivelmente o melhor livro que li no ano até agora! O talento do Krasznahorkai é gigantesco, Sátántango já é meu novo livro favorito.
Apesar de ter adorado, tenho que dizer que a história é bastante complexa, então acho melhor dividir em partes:

os moradores do assentamento:
todos os moradores são incrivelmente complexos, (tanto individualmente, quanto coletivamente falando, o que eventualmente gera um grupo muito peculiar), cheios de defeitos e pequenas estranhezas. Por meio dos pontos de vista alternados podemos perceber o desespero, o medo e a desesperança dessas pessoas diante do "futuro" do assentamento. Além de ser perceptível a desconexão com o resto do mundo que a distância e o isolamento de uma cidade pequena gera nos seus moradores.

o assentamento:
é um lugar que está caminhando para destruição completa, se deteriorando um pouco todos os dias, e que exala uma energia terrível. Se os moradores têm algo em comum é o ódio por esse lugar, mas ainda assim o medo de partir em direção ao desconhecido, e abandonar tudo parece ser maior.

Irimías e Petrina:
Irimías é visto como uma espécie de salvador pelo outros moradores, como a pessoa que tem as soluções para os problemas de todos, e é bastante conveniente para Irimías que todos depositem sua confiança nele, já que o mesmo têm atitudes extremamente manipuladoras diante de um "público" vulnerável e fragilizado. Petrina é uma espécie de braço direito e em geral não pensa duas vezes antes de obedecer às ordens de Irimías.

Sátántango é verdadeiramente genial, uma obra-prima da literatura húngara.
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Luciana 06/06/2024

Mais de um ano pra terminar esse bendito.
Os personagens são interessantes, humanos, cinzas e nitidamente desgastados pela situação. A ambientação também é boa.
Já a forma como foi escrita a história não me agradou, em muitos momentos nada acontece e sabe quando algo tá acontecendo e alguém tá girando você e só se consegue ver partes da cena toda? É meio assim, tem que subentender- se bastante coisa ou não entender mesmo... junta-se a isso não ser contada de forma linear e ficou uma leitura bem truncada e desanimadora para mim.
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